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Por que "espíritas" e "neopentecostais" querem retroceder o Brasil?

"PMS DE CRISTO" - POLICIAIS EVANGÉLICOS INVADEM REUNIÃO SOBRE DIREITOS HUMANOS NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PAULISTA PARA FAZER PREGAÇÃO IDEOLÓGICA.

Vivemos uma realidade cheia de surrealismos.

A retomada ultraconservadora chegou com apetite descontrolado, a ponto de causar uma inversão de valores.

O altruísmo passou a ser condenado, sob a desculpa de, dando mais benefícios aos pobres, se esteja "fortalecendo o comunismo ou o petismo".

A Educação não pode debater a realidade, mas sempre deve zelar pelas fantasias religiosas, agora que o Judiciário deu sinal verde ao proselitismo religioso nas escolas.

A administração só é vista como "competente" se seu titular decidir cortar salários e verbas, demitir mais gente e enxugar sua estrutura profissional.

As personalidades que os brasileiros mais têm medo de ver mortas são homicidas ricos e impunes que cometeram seus crimes em nome de valores como o machismo e o coronelismo regional.

Num país em que muitos brasileiros importantes morrem prematuramente, feminicidas e fazendeiros mandantes de homicídios, mesmo muito doentes, "não podem morrer" antes dos 90 anos de idade.

Esse Brasil também é surreal no sentido de que uma boa parcela da sociedade prefere que as riquezas brasileiras sejam patrimônio de empresas estrangeiras.

Na cruzada louca do ultraconservadorismo, destacam-se, na disputa religiosa, o proselitismo "zangado" dos evangélicos e o paternalismo "bom moço" dos "espíritas".

Enquanto setores da Igreja Católica se tornam progressistas, os dois grupos religiosos que cobiçam a supremacia religiosa revelam seu ultraconservadorismo, cada um à sua maneira.

"Neopentecostais" e "espíritas" defendem, ambos, o retrocesso do Brasil, pautando um modelo de sociedade brasileira baseado em um passado extremamente distante.

Os "neopentecostais" remetem aos tempos de Moisés e se apoiam no Velho Testamento bíblico.

Os "espíritas", por sua vez, remetem aos primórdios do velho Catolicismo, se baseando em traduções medievais do Novo Testamento bíblico.

Os discursos que "neopentecostais" e "espíritas" fazem é que são diferentes.

Mais explícitos e agressivos, os "neopentecostais" chegam mesmo a invadir reuniões e eventos culturais para fazer suas pregações morais e, sobretudo, ideológicas.

Implícitos e dissimulados são os "espíritas", que adotam uma postura falsamente moderna, mas deixam claro sua inclinação ao velho Catolicismo medieval.

A disputa também se estende pela mídia.

A Rede Record ancora a disputa representando os "neopentecostais" que, no entanto, também têm espaços arrendados em outras redes como TV Bandeirantes e Rede TV!.

A Rede Globo veste a camisa do "espiritismo", por entender nele um Catolicismo à paisana, sem os aparatos católicos que podem deixar vazar que a rede dos Marinho promove, também, uma causa religiosa.

O tratamento de cada religião também varia.

Os "neopentecostais" dão um tratamento cinematográfico, ao pé-da-letra, como vimos na filmagem brasileira de Os Dez Mandamentos, na verdade adaptação para o cinema da novela da Record.

As religiões "neopentecostais" também encampam a causa reacionária, com base em outro Os Dez Mandamentos, o The Ten Commandments que Hollywood produziu em 1956.

Nele se destaca, como Moisés, um Charlton Heston que encerrou a vida como símbolo da direita punitivista e defensora do porte de armas.

O Heston / Moisés seria um herói para os brasileiros que só querem um Jair Bolsonaro na presidência do Brasil.

Já os "espíritas" dão um tratamento de novela da Rede Globo à sua causa e promovem seus "médiuns" como se fossem graciosas fadas-madrinhas de contos de fadas.

Eles remetem mais aos dramalhões novelescos ou cinematográficos, tentam caprichar no "bom mocismo", defendem seu ultraconservadorismo de forma mais velada.

Criam um paradigma de "bondade" que remete mais à ficção de novela, em narrativas maniqueístas em que a "caridade" não vai mais de uma simples ação paternalista.

Pouco importam os resultados, é uma "bondade" que expõe mais a imagem do "benfeitor". Se a pobreza foi ou não combatida, isso é só um detalhe.

Os "espíritas" nem se importam muito com as transformações sociais, embora digam que "fazem" ou "se esforçam corajosamente a fazê-las".

É como na novela, em que a "caridade" não obteve o resultado esperado, e por isso todos são convidados a esperar o que virá no próximo capítulo.

Os retrocessos do Brasil se tornam mais explícitos no discurso e na ação dos "neopentecostais".

Eles são agressivos no combate às transformações sociais vividas pela sociedade brasileira.

Querem desqualificar personalidades como Paulo Freire, Zumbi dos Palmares e Getúlio Vargas, e revogar conquistas, mesmo relativas, como a Lei Áurea, a Independência do Brasil e os avanços trazidos pela vinda da família real portuguesa em 1808.

Os "espíritas" querem a mesma coisa, mas são muito mais disfarçados no discurso e na ação.

Enquanto os "neopentecostais" não escondem sua agressividade e zanga, os "espíritas" preferem adotar um tom mais melífluo, otimista, esperançoso.

Os "espíritas" passaram a ser "mais otimistas" depois que Dilma Rousseff foi expulsa do poder.

Falaram em "começo da regeneração", "despertar dos brasileiros" e "inauguração da Pátria do Evangelho".

Só faltava chamar Kim Kataguiri, Fernando Holiday ou mesmo Alexandre Frota de "crianças-índigo".

Ou definir os filhos de Jair Bolsonaro, como Flávio e Eduardo, como "crianças-cristais".

O apelo dos "espíritas" para os desafortunados da sorte "aceitarem e até amarem o sofrimento" deu a senha de que o movimento religioso apoia o governo Temer.

As excludentes reformas de Temer são apoiadas por "espíritas" que veem nelas a sua concepção de desapego material, abnegação, submissão ao trabalho e na fraternidade de prepotentes patrões com empregados vulneráveis.

Com a reforma previdenciária, então, o "espiritismo" brasileiro vê nela a sua crença na vida pós-morte, porque a grana da aposentadoria passará a ser concedida postumamente (isso se for).

O "espiritismo" diz condenar a escravidão, e um de seus fundadores, o médico cearense Adolfo Bezerra de Menezes (1831-1900), escreveu até um livro abolicionista.

Mas os "espíritas" nem estão ligando com a escravidão moderna que ocorre por trás de empresas como a McDonalds, Riachuelo, Marisa, entre outros.

Até uma editora "espírita", a Editora Seda, em Salvador, foi acusada de promover trabalho mal remunerado em condições comparáveis à escravidão, embora sem sobrecarga de horário.

O "espiritismo" brasileiro já não consegue mais convencer quando diz ser uma "religião progressista".

Está mais do que evidente que o "espiritismo" passou a acolher o que havia de mais velho e podre no Catolicismo e que os próprios católicos já abandonaram.

Isso é comprovado, porque os "espíritas" sempre evocaram jesuítas para proteger "casas espíritas" e seus respectivos "médiuns".

Dos jesuítas, os "espíritas" adaptaram para si ritos, dogmas e práticas do antigo Catolicismo medieval, trazido no Brasil durante o período colonial pelos catequistas da Companhia de Jesus, enviados de Portugal.

Por mais que jurem defender "novos tempos" e se dizerem "progressistas, modernos e futuristas", os "espíritas" demonstram querer, com gosto, que o Brasil caminhe para trás.

A ideia é diferente dos "neopentecostais". Os "espíritas" querem que o Brasil esteja nos padrões do Império Bizantino, dando um tratamento "mais humano" com os hereges.

Criam-se "sanatórios" no qual apenas se oferecerá "reajustes espirituais" para quem não compartilhar da "fé espírita" da "Pátria do Evangelho".

Algo que se fez com o sobrinho de Francisco Cândido Xavier, Amauri Xavier.

Amauri quis denunciar os bastidores das fraudes "espíritas", a FEB promoveu uma campanha caluniosa contra o menino, acusado de tanto absurdo que só faltou dizer que o sobrinho de Chico Xavier atirou, aos doze anos, a bomba atômica contra Hiroxima e Nagazaki.

Amauri recebeu o "misericordioso" tratamento num sanatório do interior paulista: teria sido agredido e tratado de forma bem agressiva. Foi liberado depois de tanta pressão moral.

Em seguida, ele teria sido envenenado, porque, apenas acusado de alcoolismo, morreu cedo demais para alguém que era considerado "bebedor contumaz", que normalmente morre aos 35, 41 anos.

Amauri morreu aos 28. Incompletos.

Ninguém imaginava que o Catolicismo do Império Bizantino, "solidário" ao legado de Jesus de Nazaré, seria autor de tantas atrocidades humanas.

Elas, no entanto, ocorreram. E Jesus foi "promovido" (ou rebaixado) a um mero "senhor dos Exércitos", "abençoando" as carnificinas ocorridas durante séculos, de fazer o holocausto nazista parecer apenas um pequeno ensaio.

Hoje ninguém imagina que o "espiritismo", mesmo retomando postulados católicos medievais, poderá também ir para caminho semelhante.

A imagem dissimulada, em tom de conto de fadas, é perfeita: os "espíritas" conseguem convencer até os "espíritos trevosos" com seu "bom mocismo" de novela da Globo.

Mas, na retomada ultraconservadora que libera os instintos desumanos que permitem muitos expressarem preconceitos sociais e ações violentas, os "espíritas" também podem mostrar o lado sombrio que os equipara aos "neopentecostais".

E aí veremos o Brasil mostrando o verdadeiro sentido do "coração do mundo" e da "Pátria do Evangelho": uma nova teocracia imperialista, como foi o antigo Império Romano.

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