(Por Demétrio Correia)
O maior escudo que blinda os "médiuns espíritas", a suposta caridade, foi um grande fracasso em suas mãos.
Dá pena as pessoas endeusarem os "médiuns espíritas" sob a desculpa de que, embora deturpem o Espiritismo, "praticam caridade".
Pela grandeza em que se julgam ou julgaram ter, os "médiuns espíritas" eram para ter transformado o Brasil numa das maiores potências mundiais há uns trinta anos.
Mas não. Ficam cheios de contradições. Num dia, os "espíritas" dizem que estão fazendo algo e que o resultado virá, com certeza, no dia seguinte.
No dia seguinte, porém, ficam cheios de dedos, dizem que "não foi possível" atingir aquele resultado e que eles "fizeram por onde".
Quanta hipocrisia. E a gente tem que aceitar essa caridade de resultados pífios, inexpressivos, medíocres, porque ela é a "maior qualidade" dos "médiuns espíritas".
Isso é carteirada religiosa. E os defensores desses "médiuns" demonstram que, ao citar a "caridade", a medem não pelos resultados dados aos mais necessitados, mas ao prestígio religioso de cada "médium".
Para esses defensores, pouco importam os resultados, se os pobres ficaram menos pobres ou não.
Isso, para eles, é só um detalhe. O que importa é o prestígio religioso do "médium" que, para seus defensores, é suficiente para dar o mérito para a pretensa caridade.
Em 2015, o Fantástico risivelmente anunciou Divaldo Franco como "maior filantropo do país".
Entre 1952, data da fundação, e aquele ano, a Mansão do Caminho, em Salvador, registrou um número de 163 mil beneficiados.
Calculando, dá uma média anual de 2.580 beneficiados. Muito pouco.
Comparando com os índices populacionais de Salvador, dá uma porcentagem de 0,01%.
A níveis nacionais, o número cai drasticamente: 0,00012%.
Isso é muito vergonhoso. Em níveis aproximados, isso é sinônimo de NADA. Nas regras de aproximação, a porcentagem equivale, tecnicamente, a ZERO POR CENTO.
Divaldo Franco se proclama "cidadão do mundo". Isso é ainda mais vergonhoso.
Virar "maior filantropo do país" assim na moleza é uma gafe deplorável.
Até o ex-presidente Lula, que Divaldo Franco esculhambou indiretamente num "congresso espírita" de Goiânia, ajudou muito e muito mais gente.
Nos governos de Lula, favelados tinham oportunidade de cursar faculdade, e com Dilma as empregadas domésticas estavam se tornando assalariadas.
Mas os presidentes que mais ajudaram a população são tidos como "bandidos".
E o "maior filantropo do Brasil" é aquele que quase ninguém ajudou.
A "caridade espírita" fracassou tanto que a pobreza só aumentou, o desemprego se agravou, a perversidade humana se sofisticou, a ganância ficou mais habilidosa.
Para piorar, não são os pobres que melhoraram de vida, são aqueles que estavam um pouco melhor de vida e tinham nível universitário que passaram a encarar a miséria extrema.
A "caridade espírita" fracassou tanto que a pobreza só aumentou, o desemprego se agravou, a perversidade humana se sofisticou, a ganância ficou mais habilidosa.
Para piorar, não são os pobres que melhoraram de vida, são aqueles que estavam um pouco melhor de vida e tinham nível universitário que passaram a encarar a miséria extrema.
E ainda se usa essa caridade de baixos resultados para blindar os "médiuns espíritas" a ponto de torná-los "aproveitáveis" numa nova promessa de recuperação das bases espíritas originais.
Fez-se essa promessa há 45 anos e deu no que deu: mais igrejismo e mais roustanguismo sob a sombra de Allan Kardec.
Não vamos repetir o mesmo erro. Joguemos fora os "médiuns espíritas", tão festejados, tão "fofinhos", como aquela vaquinha do conto milenar.
Nesse conto, o sábio manda seu discípulo jogar fora, no precipício, uma vaquinha que servia de sustento para sua família.
O discípulo, a contragosto, seguiu a orientação do mestre e jogou. Ficou complexado e acreditou que a família, sem aquela vaquinha, ficaria na miséria.
Engano. O discípulo, ao voltar para aquela comunidade, viu pessoas prósperas, que buscaram soluções em si mesmas e não mais na vaquinha.
Quantas pessoas se emancipariam na vida se passassem a desprezar os "médiuns espíritas", jogando-os ao mais absoluto esquecimento?
Se desapegando dos "médiuns espíritas", as pessoas buscariam meios próprios de fazer caridade, sem recorrer à idolatria e à mistificação.
Em vez de colocar memes de "médiuns espíritas" no Facebook, estariam lutando pela justiça social, defendendo o emprego, a Educação pública, a melhoria de salários, a urbanização das favelas, substituindo aquelas casas precárias por prédios populares dignos.
Quanto as pessoas poderiam fazer se jogarem fora a idolatria viciada aos "médiuns espíritas" que, no fundo, não passam de sacerdotes medievais redivivos.
Paremos de nos preocupar em recortar os rostos de Chico Xavier, Divaldo Franco, João de Deus e quem vier e colar essas cabeças nos botões das flores ou enfiá-las em cenários de céu azul, como se cada um deles fosse o "Sol".
A caridade não pode ser vista como uma franquia de um "médium espírita", que comprovadamente se revelou não ser o melhor tipo de pessoa para representar essa virtude.
As pessoas têm que jogar fora os "médiuns espíritas" e criar a caridade a partir delas mesmas.
Uma caridade sincera, que desafie os privilégios dos mais ricos, não a caridade subordinada a uma marca religiosa.
Bondade não tem religião. É bom deixar claro.
Afinal, é por fazer as virtudes humanas escravas da religião, sela esta qual for, é que o mundo continua sendo bastante perverso.
O mundo só será mais bondoso se a bondade deixar de ser um subproduto da religião.
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