(Por Demétrio Correia)
Fato típico acontece no cotidiano.
Alguém cita uma instituição religiosa para várias pessoas, descrevendo a sopa dos pobres e os alojamentos aos pobres e deserdados.
A descrição é superficial, mas mesmo assim as pessoas saem comovidas. Se aparece um vídeo com crianças pobres tomando sopa e velhinhos doentes deitados na cama, as lágrimas derramam.
Só que o problema é que essas iniciativas ajudam muito pouco.
Sobretudo nas instituições "espíritas".
Observam-se as mesmas famílias pobres, ano após ano, atendidas pela "filantropia espírita".
O número de beneficiados é ínfimo, e, embora em tese as instituições aleguem "dificuldades" para acolher mais gente, a verdade é que elas também têm pouco interesse em contribuir.
Em muitos casos, a "bondade" ajuda mais o benfeitor do que o necessitado.
As instituições não estabelecem trabalhos comunitários definitivos nos bairros em que se situam.
Além do mais, o modelo de "caridade" de oferecer sopas e um alojamento modesto é apenas a mais simplória das filantropias.
Mas elas podem também serem fachada de projetos de dominação sócio-econômica ou religiosa ou estarem à mercê de condutas autoritárias.
Não obstante, comemora-se demais pelo pouco que fez.
A reportagem do Fantástico, da Rede Globo, sobre a Mansão do Caminho, do "médium" Divaldo Franco, é um exemplo.
A casa, com 63 anos de existência em 2015, afirmou ter beneficiado mais de 160 mil pessoas.
Um número ínfimo, inexpressivo, que cálculos sérios comprovaram não chegar sequer a 1% da população brasileira.
Era festa demais para tão pouca caridade e Divaldo Franco foi considerado "o maior filantropo do Brasil" por essa mixaria.
Os defensores de Divaldo, inclusive um infiltrado numa comunidade de ateus nas mídias sociais, acharam que o trabalho de seu ídolo é "transformador".
Em termos quantitativos, o projeto pedagógico da Mansão do Caminho não é muito diferente do projeto inócuo e conservador que se quer fazer através da Escola Sem Partido.
Uma escola que apenas prepara cidadãos inofensivos, que "não fedem nem cheiram", e que nem de longe é transformadora.
E, além disso, tem o preço de ensinar bobagens como as "crianças-índigo", uma farsa mística que só foi levada a sério no Brasil e que, nos EUA, custou até o divórcio de seus autores por disputas financeiras.
O caso da Mansão do Caminho mostra o quanto temos que rever os conceitos de "bondade" e "caridade" que temos.
O erro é submeter tais qualidades à roupagem institucional da religião.
E aí somos aconselhados a exaltar projetos aparentemente filantrópicos que, na verdade, ajudam muito pouco e só serve para promover a imagem do benfeitor.
O benfeitor ganha, em medalhas e condecorações, bem mais do que ele oferece aos seus assistidos.
Em se tratando, Divaldo Franco, de um deturpador grave da Doutrina Espírita, com o agravante de espalhar visões mistificadoras com sua oratória verborrágica e empolada, a coisa piora mais ainda.
Isso porque a "bondade" apenas se torna fachada para seu arrivismo religioso.
A "filantropia" é apenas um trampolim para que um deturpador do legado de Allan Kardec consiga formar um lobby em torno dele, para blindá-lo e vender uma falsa imagem de "espírito iluminado".
E isso é muito mal, porque os "caridosos" desse nível são os que mais sofrerão quando retornarem ao mundo espiritual.
Lá eles saberão o quanto usar a "bondade" para disfarçar atividades desonestas, como deturpar o Espiritismo e usar Kardec para veicular ideias contrárias a este, é mais um mal do que um bem.
Pessoas assim têm mais distante o seu caminho para os "céus".
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