(Por Demétrio Correia)
O "movimento espírita" é gozado.
Seus pregadores pedem para que não se questione as "psicografias" de Francisco Cândido Xavier.
A desculpa é o "mistério da espiritualidade".
Dizem que, quando o espírito muda de estilo, é porque os interesses do além-túmulo "mudaram".
Quanta leviandade.
Algumas correntes "espíritas" chegam a dizer que a individualidade é um capricho materialista e terreno, quando a pessoa morre ela passa a adotar uma "personalidade mais universal".
Mais ou menos como nos animais domésticos.
A visão materialista que o "espiritismo" brasileiro concebeu dos mundos espirituais descreve pessoas inócuas que só comem, bebem e fazem seu lazer qualquer nota.
Nada de individualidade, vista como "frescura terrena", nem de usar o cérebro, que os "espíritas", igrejeiros e obscurantistas, amaldiçoam com o mito do "tóxico do intelectualismo".
E aí, no entanto, vamos um episódio inusitado, tendenciosamente publicado pelo Yahoo! Finanças.
Com uma reportagem favorável a Chico Xavier, o texto fala da técnica do Deep Learning para analisar três volumes, cada um atribuído a um suposto espírito: Emmanuel, André Luiz e um Humberto de Campos claramente fake.
Com o Deep Learning, cada obra é digitalmente registrada com o maior número de dados possível, aparentemente relacionado com a estrutura do texto e o modo de organização de frases e palavras.
É a combinação de algoritmos, como é feito no Facebook e no WhatsApp para selecionar o envio de postagens de acordo com o perfil de cada usuário.
Diante disso, forjou-se um "mecanismo" com base nos dados apresentados.
Usou-se os dados correspondentes ao livro de Emmanuel para "reescrever" o livro atribuído a Humberto de Campos.
Aparentemente o resultado deu errado e os técnicos atribuíram isso a uma "diferença de estilo".
Os critérios são muito duvidosos e as fontes, escassas.
Além disso, nada garante que haverá êxito na identificação de estilos.
Mesmo quando se "reescreveu", digitalmente, as obras de William Shakespeare, houve margem de erro, apenas havendo relativo sucesso na imitação do estilo original do dramaturgo inglês.
E se confrontasse um Humberto de Campos original com o suposto espírito?
Os estilos dos dois não batem e, certamente, o autor maranhense seria incapaz, digitalmente, de "reescrever" os livros "espirituais" a ele atribuídos.
Mas a técnica é tão duvidosa que é capaz de apresentar os mesmos problemas até em diferentes obras de Jorge Amado, por exemplo.
O "movimento espírita" queria apostar nos algoritmos como última salvação de Chico Xavier.
Ele anda sendo questionado, não só por nós, mas por muita gente na Internet: da "mediunidade" ao "altruísmo", tudo está sendo contestado.
Não é uma máquina que vai dar a última palavra na avaliação de sua duvidosa psicografia, cujas irregularidades já foram identificadas por pesquisas minuciosas.
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