(Autor: Demétrio Correia)
Os brasileiros que criticam a deturpação do Espiritismo geralmente param no meio do caminho.
Agem como se fossem sementes que nascem e dão seu primeiro sinal de crescimento, mas morrem antes de se configurar em plantas vigorosas.
Chegam mesmo a apontar elementos católicos que fazem os "espíritas" brasileiros contrariarem muitos dos ensinamentos de Allan Kardec.
Mesmo assim, os críticos da deturpação recuam quando a ideia é desqualificar e rejeitar a contribuição dos deturpadores da Doutrina Espírita.
Acham que os deturpadores, em boa parte "médiuns", deveriam ser aceitos por causa do "trabalho em prol do próximo".
Sabemos que isso é mito e que essa "caridade" nunca trouxe resultados profundos na sociedade brasileira.
Mesmo assim, muitos acham isso um "bom argumento" para acreditar que a essência original da Doutrina Espírita será trabalhada pelos próprios deturpadores.
É aquela velha promessa de "aprender melhor Kardec" ou de "viver Kardec na prática do dia a dia".
Grande papo furado, conversa mole para o gado dormir tranquilo.
Há uma falta de firmeza dos críticos da deturpação do Espiritismo, de tal forma que, no Facebook, um desses críticos alegou que a "mediunidade" de Chico Xavier e Divaldo Franco é "100 % confiável".
Não, não é. Há quem aposte, fora dessa multidão complacente, que a "mediunidade" dos dois é, sim, sem um pingo de confiabilidade.
E isso faz sentido. Só que os complacentes de plantão caem de lágrimas ou se explodem em fúria quando pensam numa ideia dessas.
O quanto vemos que o Brasil é um país muito atrasado, em que existem progressistas, de esquerda, que ainda apresentam resíduos ideológicos de direita, principalmente quando o assunto é cultura popular.
Há feministas que ainda mostram resíduos de práticas machistas, no fundo sendo feministas de botequim, que só querem ter o direito de encher a cara com bebidas alcoólicas.
Dentro dessa perspectiva, há aqueles que reprovam a deturpação igrejeira no Espiritismo, mas lutam para manter os deturpadores no pedestal, acreditando que eles "passarão a entender melhor Kardec".
Mas essa atitude complacente, sustentada por uma série de argumentos relacionados à beatitude religiosa ("trabalho do bem", "caridade", "palavras consoladoras", "mensagens de amor" etc), ela é reprovada por Kardec.
Aquele questionador da deturpação espírita que admite igrejismo em Chico Xavier, mas se irrita quando alguém fala que o Espiritismo seria melhor sem o "médium", mal sabe o quanto esse questionador está descumprindo os ensinamentos kardecianos.
Kardec recomendou firmeza absoluta na crítica à deturpação e recomendou CUIDADO quando os deturpadores, sejam do além-túmulo ou os próprios "médiuns" da terra, transmitem mensagens aparentes de amor e caridade.
Isso se deu em várias passagens de sua bibliografia e os avisos são bastante explícitos, claros e concisos.
Recomenda-se cautela quando os deturpadores lançam qualquer apelo que pareça agradável, amoroso, consolador e edificante.
Os brasileiros, que chegam a se irritar ao imaginar o Espiritismo, mesmo autêntico, sem Chico Xavier nem Divaldo Franco, deveriam prestar muita atenção no que estão fazendo.
Eles acabam contrariando e desprezando os conselhos do próprio Codificador.
Acabam deixando as críticas à deturpação do Espiritismo pela metade, complacentes com o bom-mocismo dos "médiuns" deturpadores.
E, com isso, não conseguem realizar a tão sonhada recuperação das bases doutrinárias.
Esquecem que o próprio Kardec e seus mensageiros como Erasto pediram que se agisse com firmeza contra as atividades da deturpação.
Esses apelos, pasmem, ainda são vistos, mesmo entre uma parcela de espíritas autênticos, como "radicalismo" e "intolerância religiosa".
É constrangedor que pessoas que reivindicam um Espiritismo autêntico adotem posturas infelizes como estas, seduzidos pela imagem dócil dos "médiuns" deturpadores.
Esperando recuperar as bases originais de Kardec, são os primeiros a fecharem os ouvidos a ele.
E a promessa vã dos deturpadores em "aprender melhor Kardec" fica só na letra "desencarnada".
Isso porque os "médiuns" continuam esbanjando igrejismo e vaticanização por todos os lados. Nem a correta teoria espírita eles conseguem expor com integridade e conhecimento de causa.
É o preço que a tradicional complacência dos brasileiros paga por não ter firmeza em muitos questionamentos.
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