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Retratação espírita equivale à conversão à Igreja na Idade Média

(Autor: Demétrio Correia)

A história é conhecida.

Pessoas que criticam o "espiritismo" brasileiro, duvidam da veracidade das mensagens "mediúnicas".

Pessoas que apontam aspectos catolicizados nos postulados adotados pelos "espíritas" brasileiros.

Pessoas que apontam irregularidades diversas na prática da doutrina brasileira.

De repente, ocorre uma circunstância e pessoas assim passam a pedir desculpas e aceitar o "espiritismo" brasileiro e seus "médiuns".

Caem em forte choro e se arrependem das críticas e dúvidas expressas.

Muitos imaginam que isso é a prova do "trabalho do bem" que os "espíritas" brasileiros estão associados.

Mas sabemos bem que esse "trabalho do bem" é conversa para boi dormir.

Afinal, as instituições "espíritas" e seus festejados "médiuns" nunca fizeram para transformar de maneira profunda a sociedade.

Se tivessem feito, teríamos visto o resultado, com o Brasil atingindo padrões escandinavos de qualidade de vida. Só que não.

O que se vê é uma decadência muito grande. E os "espíritas", cheios de dedos, um dia dizem que "estão conseguindo fazer" e no outro dizem que "não foi possível".

Mesmo assim, temos que acreditar que eles são fortes, mesmo quando fraquejam na hora H.

Há uma complacência enorme da sociedade brasileira com os "espíritas".

Os "espíritas" podem fazer o que querem com as pessoas, até trazer mensagens fake.

Um zé mané qualquer pode, de repente, se dizer "médium espírita", desde que seja querido por um considerável grupo de amigos, se passar pelo espírito de alguém famoso e mandar mensagem.

Suponhamos que ele seja um compositor e invente que tenha psicografado Luiz Melodia e despejado uma canção intitulada "Holy Cristo".

As pessoas aceitam numa boa, mesmo que a faixa lembre mais um sub-Djavan.

Qualquer mensagem fake com "palavras de amor" e "lições de vida" se deixa passar.

Teve até um pseudo-Raul Seixas apelidado de Zílio, um bobo-alegre que dizia ter sido roqueiro na Terra e foi pregar, no mundo espiritual, mensagens de retrógrado moralismo igrejeiro.

O problema que se nota é que os críticos da deturpação espírita recuam no momento mais urgente.

Quando os questionamentos sobre os erros cometidos pelo "movimento espírita" brasileiro chegam a pontos mais delicados, os críticos mais esforçados recuam, com medo.

Eles temem pôr em xeque a imagem glamourizada dos "médiuns espíritas", associados à suposta imagem de bondade e amor ao próximo.

Essa complacência chega a ser justificada com muita ginástica mental.

"Ah, mas aí é desfazer o trabalho do bem do médium tal, e vamos admitir que ele aprenda a lição e passe a entender melhor a Doutrina Espírita original, vamos dar uma segunda chance a ele", é o argumento mais comum.

Só que se deu segunda, terceira, quarta, quinta, milésima chances para os deturpadores do Espiritismo "aprenderem melhor Kardec".

Se deu chance demais para eles, pretensamente, "viverem Kardec no dia a dia".

Tudo isso foi em vão, porque, se observarmos bem, eles sempre continuaram praticando o igrejismo fundamentado em Jean-Baptiste Roustaing.

A diferença é que esse igrejismo tem mais poesia, mais dramaturgia, mais coraçõezinhos coloridos, crianças sorridentes e céu azul com brancas nuvens.

Com isso, esse "apelo à emoção", ou Argumentum Ad Passiones, um tipo de falácia, desarma até mesmo os céticos que pareciam mais convictos.

Só que essa retratação, na verdade, remete à Idade Média, como tudo no "espiritismo" brasileiro, que mais parece o retorno do antigo Catolicismo jesuíta colonial sob uma nova embalagem.

Lembra a atitude dos antigos hereges medievais que, coagidos pelos sacerdotes inquisidores, choravam e decidiam se converter para a "Santa Igreja" católica.

O processo é parecido, só não tem o aspecto violento do Catolicismo da época, substituído por toda uma aura de falso amor e falsa beleza.

Mesmo assim, a choradeira é a mesma, a conversão também, a submissão se torna muito grande, e os críticos dos erros do "espiritismo" passam a aceitar tudo, tudo.

E vão tentando raciocinar, em vão, se as obras fake "mediúnicas" são autênticas apenas por duas ou três semelhanças que não garantem veracidade alguma.

E vão louvar os "médiuns" que fazem pouco pelos necessitados, preferindo excursionar pelo mundo vendendo palavras dóceis em troca de prêmios vultuosos.

Com isso, as pessoas não estão sendo justas com os "espíritas", mas estão sendo ingênuas, passando a aceitar tudo de bandeja, mesmo que finjam "não concordar com algumas coisas aqui e ali".

Essa complacência só expressa a natureza medieval de muitos brasileiros, nesse cenário de retomada ultraconservadora em que vivemos.

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