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"Médiuns espíritas" são mais blindados que os políticos do PSDB

(Por Demétrio Correia)

O episódio de João Dória Jr. resolveu essa dúvida.

Afinal, quem é mais blindado do que os tucanos, como são conhecidos os políticos do PSDB?

Ninguém, acreditam muitos. Correto?

Errado. Mais blindados que os tucanos são os "médiuns espíritas".

Estes podem fazer das suas, publicar obras fake, fazer caridade fajuta que é o Assistencialismo, dessas que ajudam mais o filantropo que os necessitados.

Podem exercer o culto à personalidade e fazer juízos de valor para dizer que as pessoas pobres sofrem porque "pagam por merecer".

Ninguém mexe. A Justiça não pega. A comunidade acadêmica não pega. A imprensa não pega.

Ninguém investiga, ou, quando tenta algo próximo a isso, cria um arremedo de polêmica para deixar depois os "médiuns" na mais absoluta impunidade.

Notem que nomes como Aécio Neves e João Dória Jr., astros do PSDB, estão sendo cada vez mais criticados e desmoralizados pela opinião pública.

Recentemente, Aécio Neves foi novamente capa de uma edição da revista Veja, mas sem o tom elogioso de antes, mas um tom contestatório, ainda que mais brando em relação aos políticos do PT.

Nem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escapa, no alto de seus 86 anos e notável carreira acadêmica.

Isso significa que, se a blindagem aos políticos do PSDB é praticamente absoluta na mídia e na Justiça, na sociedade ou mesmo até entre a mídia conservadora, eles já não são tão protegidos assim.

No caso dos "médiuns", a blindagem chega a ser absoluta, em níveis estratosféricos.

João Dória Jr. passou o tempo todo exibindo a blusa do evento Você e a Paz, comandado pelo "médium" Divaldo Franco, para divulgar a terrível "ração humana".

Houve um silêncio total em relação ao envolvimento de Divaldo no caso.

Nem mesmo um jornalista sequer perguntou se Dória não deveria ter exibido a camiseta da Arquidiocese de São Paulo.

Afinal, o arcebispo católico que representa esta entidade, dom Odilo Scherer, foi o único religioso a receber duras críticas da imprensa.

Nem sequer a imprensa de esquerda se mexeu.

O prefeito de São Paulo exibiu a camiseta do Você e a Paz, na qual se lia o nome de Divaldo Franco, sob o consentimento deste, e ninguém notou.

Não houve uma nota. E olha que Divaldo Franco é protegido da Rede Globo de Televisão.

Até a ONU condenou a "farinata" e ela foi divulgada no evento de Divaldo Franco.

O que João Dória Jr. fez foi grave, com o vínculo do Você e a Paz e Divaldo Franco a ele e seu estranho projeto alimentar.

Até agora, não se viu Divaldo reagindo contra isso. E ele consentiu com tudo.

Falam que ele está idoso, tem 90 anos, mas acreditamos que ele tenha tido lucidez suficiente para apoiar Dória e sua farsa alimentar.

Tanto que Divaldo fez palestra no Você e a Paz, com a mesma encenação verborrágica que conhecemos.

Se ele tem forças para falar com aquelas entonações dramáticas, então ele também aceitou que uma farsa alimentar fosse difundida no seu evento.

Antes do Você e a Paz, João Dória Jr. já era noticiado como um político decadente, denunciado por irregularidades e hostilizado até por parte de seus antigos eleitores.

Divaldo, pela reputação e carisma que tem e pela consciência de seus atos, não poderia estar "desinformado" dessa má imagem do prefeito de São Paulo.

Em muitos outros eventos, homenagens são canceladas quando os personagens envolvidos são notoriamente reconhecidos por algum escândalo ou erro grave.

O "médium" baiano tinha toda oportunidade para cancelar a homenagem a Dória. Mas nada fez.

E aceitou que o prefake exibisse em sua camiseta o logotipo do Você e a Paz e o nome do "médium".

Isso, caros jornalistas, é um recurso da Publicidade. Chama-se vínculo de imagem com a apresentação da marca.

A imprensa esquerdista, calada, só se limitou a questionar o apoio do arcebispo dom Odilo Scherer, um figurão católico, à "ração humana".

Mas Dória não exibiu a camiseta da Arquidiocese de São Paulo. Exibiu a do Você e a Paz.

Só que Divaldo Franco é beneficiado pela blindagem absoluta. Ninguém pega. Nem a esquerda o questiona, apesar do "médium" apresentar um perfil bastante conservador.

Em outros tempos, Francisco Cândido Xavier também era blindado. Chico Xavier foi o Aécio Neves de seu tempo. E Aécio já expressou que adora o "saudoso médium".

Chico Xavier começou a carreira criando uma obra fake, o livro Parnaso de Além-Túmulo, suposta coletânea de poemas trazidos do mundo espiritual por autores já mortos, lançada em 1932.

A obra se revelou uma farsa, na qual participaram Chico Xavier, o presidente da FEB Antônio Wantuil de Freitas, a equipe de redatores e editores do periódico da entidade, O Reformador, e consultores literários contratados para colaborar com eles.

Mas ninguém deu bola. A obra, comercializada até hoje na sua sexta e última edição - a obra foi remendada seis vezes, o que põe em xeque-mate o mito de "obra acabada da espiritualidade superior" - , segue sendo considerada "oficialmente autêntica".

Mesmo que um "Olavo Bilac" tenha perdido seu talento da métrica poética e Auta de Souza o seu lirismo feminino e infantil, ambos "passando a escrever" igualzinho Chico Xavier.

Chico foi processado pela usurpação do nome de Humberto de Campos em supostas obras espirituais, como a patriotada literária Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.

Mas, com uma seletividade que lembra a de nomes como Sérgio Moro e Gilmar Mendes, Chico Xavier foi inocentado, tal qual um Aécio Neves da mediunidade.

Chico ainda se promoveu às custas das tragédias familiares, com cartas fake atribuídas a parentes mortos, e fez as famílias serem reféns da mais ostensiva propaganda sensacionalista que as impediu de vivenciar as perdas no sossego de sua privacidade.

Essa crueldade é vista, pasmem, como uma das "maiores caridades" do "bondoso médium".

Na Bahia, temos um José Medrado criando quadros falsos, instalando a Cidade da Luz sem alvará, fazendo piadas ofensivas contra louras e gordos, e se aliando a um corrupto ex-político que agora é um arremedo de radialista, o Mário Kertèsz.

Ninguém mexe. Nem quando são apontadas irregularidades com um quadro "mediúnico" de São Francisco de Assis atribuído a Portinari, que nada se parece com a pintura original com o mesmo religioso, a Justiça se mexe.

Se juízes e advogados se chegam a José Medrado, é para dar cumprimentos, abraçar, posar para fotos em colunas sociais ou, pasmem, até pedir conselhos!!

E João de Deus, o latifundiário goiano João Teixeira de Faria, com terreno do tamanho de 18 parques do Ibirapuera (alusão ao parque existente na capital paulista)?

Ele acumulou uma fortuna desviando dinheiro da caridade, é acusado de exercer ilegalmente a medicina, usa métodos duvidosos de "cirurgia espiritual" e teria causado duas mortes de pacientes que recorreram a seu tratamento "milagroso".

A Justiça até investiga, mas isso tem menor repercussão.

A mídia hegemônica, como Globo e Veja, protegem João de Deus, mas a mídia alternativa não reage.

Ninguém criticou quando João de Deus se recusou a fazer autocirurgia quando estava com câncer e recorreu aos "médicos da Terra" para fazer a operação de retirada do tumor.

"Barbeiro corta o próprio cabelo?", perguntou cinicamente João de Deus, ao saber das críticas.

Mas o médico Leonid Rogozov (1934-2000), em circunstâncias muito piores numa base científica na Antártida, foi um "barbeiro cortando o próprio cabelo", precisando apenas de dois assistentes, um para segurar um espelho, outro para fornecer equipamentos.

Rogozov, fora essas ajudas, fez tudo sozinho. Ele sabia do risco e estava preparado para morrer, mas a autocirurgia foi um sucesso e Rogozov só morreu bem depois, dos efeitos naturais da velhice.

João de Deus, ao rejeitar essa oportunidade, reforçou ainda mais a imagem de charlatão.

Mas não se pode chamar um "médium espírita" de charlatão. O "médium" é como um Papai Noel, qualquer denúncia contra faz seus seguidores chorarem copiosamente.

Daí a blindagem que os "médiuns" recebem e que já supera a dos políticos do PSDB, que agora começam a serem alvos de repúdio nas redes sociais.

O cacófato "solta o cano que não cai" ("só tucano é que não cai") não tem mais o valor de pouco tempo atrás.

Mas o cacófato "só espirre, tá, que não cai" ("só espírita é que não cai") continua valendo, com muita intensidade. E com a complacência até das esquerdas.

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