(Por Demétrio Correia)
Quase ninguém sabe, mas o "espiritismo" brasileiro é conservador e é protegido pela mídia hegemônica, sobretudo Rede Globo.
Seus "médiuns" se equiparam a dublês de filantropos com uma "bondade" que mais parece ficção de novela global.
Apesar de exaltados pela "caridade", não fazem coisa diferente do que Luciano Huck faz de "filantrópico" no Caldeirão do Huck.
Infelizmente, porém, até as esquerdas ficam complacentes com os "médiuns espíritas".
Num espaço que era para contrapor às narrativas dominantes em tudo, no "espiritismo", infelizmente, colunistas endossam abordagens que poderiam estar no Fantástico, da Rede Globo, ou numa página de Época.
Colunistas como Ribamar Fonseca (Brasil 247) e Marcos Villas Boas (Jornal GGN) adotam posturas ingênuas, defendendo os "médiuns espíritas".
Eles agem com boa-fé, seguindo uma narrativa dos "médiuns espíritas" que havia sido montada pela grande mídia.
Esquecem eles que os "médiuns espíritas" são conservadores e, no conjunto da obra, demonstraram posturas nada esquerdistas como o apoio à ditadura militar e a defesa do governo Michel Temer.
Os "médiuns" fazem apologia ao sofrimento humano, e Francisco Cândido Xavier é um caso bastante ilustrativo.
Chico Xavier defendeu a ditadura e fazia apologia ao sofrimento de tal forma que ele poderia ser considerado o "AI-5 com mel", apelando para as pessoas sofrerem caladas suas próprias desgraças.
Chico nunca foi progressista. Divaldo Franco também não. O que eles fazem na mídia de esquerda é inexplicável e só mesmo imagens construídas de falso progressismo e seus apelos emotivos podem explicar tal ingenuidade dos dois colunistas.
Essas imagens construídas envolvem jardins floridos, crianças sorridentes, falsa humildade, discurso aparentemente não-rancoroso etc.
As esquerdas mordem a isca e recebem o beijo da morte de "médiuns" capazes de apoiar Aécio Neves e João Dória Jr..
Em 1971, Chico Xavier continuava defendendo a ditadura quando até Carlos Lacerda, o maior defensor do golpe, está na oposição.
Marcos Villas-Boas chega a ser tão ingênuo na sua "crença espírita" que ele admitiu poder largar a FEB, mas se apega de maneira doentia - fascinação obsessiva - aos "médiuns".
Ele chega a acreditar tolamente numa ficção materialista chamada Nosso Lar, ignora desavenças doutrinárias entre Chico e Allan Kardec e, como quem vê cabelo em ovo, "enxerga" Psicologia Transpessoal na obra de Divaldo Franco atribuída a Joana de Ângelis.
Isso é um grande desserviço. O "espiritismo" é a religião da Rede Globo, que produz novelas e filmes divulgando essa crença. A Globo faz assim para concorrer com os pastores eletrônicos das concorrentes.
A mídia de esquerda já é complacente com o "funk", outro fenômeno blindado pela Globo e cujo maior propagandista é um sujeito nada progressista, Luciano Huck.
O que essa mídia deveria fazer é criar um contraponto à narrativa da mídia dominante em tudo, até no que se diz à cultura e religião.
Não dá para cometer a gafe de achar que Divaldo Franco foi usado por João Dória Jr.. no caso da "farinata".
Foi um grande "mico".
Sabe-se que o Você e a Paz é um evento de Divaldo Franco e ele é a imagem do evento, é o primeiro e, em muitos casos, o único a ser procurado.
Apesar de ecumênico, o evento é idealizado pelo "médium".
Mas no caso da "farinata" de João Dória Jr., de repente a mídia adotou uma postura risível, até mesmo a imprensa de esquerda.
Divaldo Franco "desapareceu", o nome Você e a Paz foi apagado. E isso apesar de João Dória Jr. exibir a camiseta do evento, com o nome do "médium" escrito, o tempo todo.
Isso é vínculo de imagem. É um conceito da Publicidade. E Divaldo Franco nem sequer processou o ex-prefeito pelo uso da camiseta. Consentiu calado, agindo com omissão.
Mas aí a imprensa, que deveria informar as pessoas, desinforma, dando a falsa impressão que, numa situação dessas, quem idealizou o Você e a Paz foi a Arquidiocese de São Paulo, na pessoa de Dom Odilo Scherer.
Isso é terrível. Ninguém está acima de tudo!
Se um ídolo religioso comete um erro por decisão própria, não há como culpar o obsessor. O "médium" Divaldo, no caso, foi tão responsável quanto Scherer no apoio à "ração humana".
A mídia de esquerda perde boas pautas porque ela também se seduz pelos jardins floridos que ilustram as frases diabéticas dos "médiuns espíritas".
Isso pode cobrar um preço muito caro no futuro, porque os "médiuns" são deturpadores que reduziram a pó (ou à "farinata"?) o legado que Kardec desenvolveu com muito trabalho.
Ninguém sabe que, adorando os "médiuns" brasileiros, se ofende Kardec, porque os "médiuns" cometem traições doutrinárias bastante severas.
Não é calúnia. É só ler os livros kardecianos e as obras dos "médiuns" brasileiros.
Constantemente, há ideias totalmente diferentes de uns e de outros. Os "médiuns" apelam para igrejismo misturado com pedantismo pretensamente científico.
A mídia de esquerda vai acabar sofrendo como fez com o "funk". De tanto apoiar o "funk", mordeu a isca a abriu caminho para o governo Temer.
O risco é adorar os "médiuns", morder mais uma isca e fazer o golpe se confirmar com a ascensão de um conservador na campanha presidencial deste ano.
É bom os colunistas da mídia esquerdista se mexerem.
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