(Por Demétrio Correia)
Isso é acreditar no aparato de palavras supostamente edificantes e ações falsamente transformadoras.
As esquerdas recorreram aos "espíritas" e receberam em troca a condenação de Lula.
Diz-se isso porque as condições energéticas são cada vez menos favoráveis ao ex-presidente, que, condenado em segunda instância pelo TRF-4, tem seu sonho de concorrer à presidência da República cada vez mais distante.
As esquerdas pagam caro pelo silêncio que tiveram ao caso de Divaldo Franco com a "farinata".
Viam em Divaldo Franco um suposto aliado e acreditavam que o espírito de Francisco Cândido Xavier iria voltar para salvar os esquerdistas a tempo deles serem designados para desenvolver a "pátria do Evangelho".
Risível. Havia quem imaginasse que Chico Xavier voltaria, voando como um super-homem, para carregar Lula no colo e voar até o Palácio do Planalto recolocá-lo no poder.
Quanta ingenuidade, quanta credulidade sem tamanho!
As esquerdas não aprenderam sequer as lições que tiveram com os neopentecostais.
Os neopentecostais chegaram a ser aliados dos esquerdistas, durante os dois governos de Lula. Esse ramo das seitas evangélicas era até apelidado de "neoPTcostal".
Edir Macedo contratou vários jornalistas de esquerda que emigraram da Rede Globo.
Só nos últimos anos as esquerdas e os neopentecostais romperam a aliança, depois que estes passaram a pedir a saída de Dilma Rousseff da Presidência da República.
Os esquerdistas foram exemplares, neste caso: começaram a contestar figuras antes quase inabaláveis como Silas Malafaia, Marco Feliciano e o próprio Edir, que só era "vidraça" da Rede Globo.
Mas, diante de Divaldo Franco posando ao lado de João Dória Jr., Sri Prem Baba, palestrando ou dando depoimentos em espaços acadêmicos e midiáticos reacionários, as esquerdas se silenciaram.
Pior: Marcos Villas Boas, colunista do Jornal GGN, passou a adotar uma postura ingênua a respeito de Divaldo, meses após o caso "farinata do João Dória".
Vejamos, em um artigo que ele se diz "ex-espírita", decepcionado com a FEB, mas ainda apegado (por fascinação obsessiva) aos "médiuns espíritas". Nesse trecho ele cita Divaldo:
"A brilhante série psicológica de Joanna de Angelis recorre à ciência e à filosofia mais atuais, remetendo em diversos momentos a conhecimentos orientais, porém ela é pouco conhecida entre os espíritas e tida por uma leitura difícil. Claro que é. Não obtendo o conhecimento prévio necessário para entendê-la, parece incompreensível.
Os livros dessa série de Joanna, psicografados por Divaldo Franco, desenvolvem a Psicologia Transpessoal e são um marco em termos de autoconhecimento e despertar da consciência, dois temas muito mais comuns e profundos nas filosofias espiritualistas orientais do que no espiritismo, que tem uma ideia de reforma íntima ainda pouco aprofundada".
Marcos Villas Boas está "viajando". Primeiro, porque as obras de "Joanna de Ângelis" foi Divaldo Franco que escreveu de sua própria mente. O estilo pessoal é claramente o de Divaldo.
Segundo, os "conhecimentos de ciência e filosofia" que o colunista tanto fala são notórios plágios literários, inserções de pedantismo supostamente científico feitas por um mistificador que é Divaldo.
O colunista Marcos Villas Boas acabou fazendo seu atestado de idiota com um artigo desses, porque, pelo contexto em que se encontra o "espiritismo" brasileiro hoje, um artigo elogioso desses cairia muito melhor no site da Época ou da Isto É.
Marcos não deve ter visto Divaldo Franco feliz ao lado de João Dória Jr., homenageado por decisão do próprio "médium" baiano na edição paulista do Você e a Paz de 2017.
Deve ter aderido à "paranormalidade pelo avesso", no qual, em vez de aparecer a imagem de um morto aos olhos de outrem, desaparece a imagem de um vivo.
Quanta ingenuidade, Marcos Villas Boas!
As esquerdas pararam de observar a realidade, com os "espíritas" pedindo "Fora Dilma", apoiando o golpe político de 2016, apoiando o governo Michel Temer, apoiando as reformas trabalhista e previdenciária.
De repente, veio uma enxurrada de textos pedindo para os desafortunados aceitarem o sofrimento.
Era uma senha para os "espíritas" dizerem: brasileiros, aceitem os retrocessos do governo Michel Temer.
Temer divulgou a frase: "Não reclame da crise, trabalhe", lembrando Emmanuel: "Não reclame. Trabalhe e ore".
E as esquerdas com seu wishful thinking, achando que vai haver edição extra do Você e a Paz na posse de Lula em 2019.
E aí a realidade bateu à porta. Os "espíritas", que, vale lembrar, apoiaram a Operação Lava Jato e seus arbítrios ao arrepio das leis, mostraram seu conservadorismo.
Afinal, foram magistrados com perfil semelhante ao de Sérgio Moro e a oitava turma do TRF-4 que inocentaram Chico Xavier do caso da usurpação do nome de Humberto de Campos.
Ainda tentam explicar o que fez Divaldo homenagear João Dória Jr.. Ou talvez nem tentassem explicar, movidos pelo transe hipnótico dos apelos emotivos do "médium" baiano.
Infelizmente, "médium espírita" é que nem "boazuda": idealiza-se qualidades avançadas e modernas inexistentes, como se os fãs pudessem moldar seu ídolo de acordo com suas conveniências e desejos.
Grande engano. Divaldo Franco é uma pessoa ultraconservadora que, se homenageou João Dória Jr. no Você e a Paz, é porque sente afinidade e identificação com ele.
Afinal, João Dória Jr. adora viajar muito, em aviões de primeira classe. Coisa que Divaldo sempre fez.
Agora, as esquerdas foram tiradas do caminho, e será complicado Lula vencer nos recursos jurídicos a serem usados para reverter a sentença do TRF-4.
As esquerdas terão agora que aceitar ver Luciano Huck - que tem um "projeto de caridade" parecido com o de Chico Xavier, de baixa eficiência e muita badalação - com o caminho livre para assumir o Planalto, no próximo ano.
Quem mandou ser ingênuo e complacente?
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