(Por Demétrio Correia)
Uma coisa gozada ocorreu com o episódio da "farinata" de João Dória Jr..
Antes de comentar isso, vamos informar que o prefeito de São Paulo desistiu oficialmente do produto.
Ele anunciou a sua substituição por um programa de alimentação saudável que aproveitará a produção da agricultura familiar, com alimentos frescos e de boa qualidade.
O caso da "farinata", aparentemente, está superado e o produto vai cair no esquecimento.
Mas uma coisa surreal se deu, pelo menos aos olhos da imprensa em geral.
Sabe-se que, nos fenômenos espíritas, há uma possibilidade eventual de se enxergar mortos, ainda que por poucos segundos, circulando como se ainda estivessem vivos.
Só que, no caso de Divaldo Franco, o que ocorreu foi o contrário.
Os jornalistas não enxergaram um homem vivo que estava lá comandando a festa.
O Você e a Paz não é um evento organizado pela Arquidiocese de São Paulo, mas pelo próprio Divaldo Franco.
A Arquidiocese aparece como parceira e patrocinadora, o Você e a Paz envolve várias religiões, mas ele é de responsabilidade pessoal do "médium" baiano.
Não tem como escapar. E a imprensa perdeu a oportunidade de falar sobre o vínculo de imagem da camiseta do prefeito de São Paulo.
Aquilo não foi a "camiseta do Nirvana" que todo adolescente usa quando vai se encontrar com os amigos.
O uso da camiseta do Você e a Paz pelo prefeito de São Paulo, com direito à citação do nome de Divaldo Franco, revela que a "farinata" foi oficialmente lançada com o vínculo de imagem do "médium" e seu evento.
Não há como escapar. Isso é regra da publicidade.
E Divaldo também mostrou que não é kardeciano, porque não teve a firmeza caraterística do Codificador.
Sabemos muito bem que Allan Kardec não chegaria ao ponto de, a pretexto de fazer um favor a um amigo, deixá-lo divulgar alguma novidade de caráter duvidoso.
A "farinata", que foi chamada de "ração humana" e comparada a uma comida para cachorro, nem teve informações nutricionais conhecidas.
Isso é um episódio muito grave que poderia gerar um escândalo no "movimento espírita" brasileiro, se a imprensa ao menos tivesse coragem de cobrir o caso sob este foco.
A imprensa, portanto, teve uma paranormalidade às avessas.
Poderemos dizer, uma PARA-ANORMALIDADE.
Divaldo Franco estava ali, posando ao lado de João Dória Jr., homenageando ele e abrindo seu evento para o lançamento de um alimento que não se tinha ideia exata do que era.
Mas a imprensa parece que não sentiu a presença de Divaldo Franco, que se tornou invisível aos olhos dos profissionais de imprensa brasileiros.
Ou deve ter achado que era apenas um vovozinho de óculos que posou ao lado do prefeito de São Paulo.
Ou os jornalistas de repente passaram a ficar desinformados ou foi a força sedutora da "fascinação obsessiva", que move as paixões religiosas dos brasileiros.
A "fascinação obsessiva", condenada pela Doutrina Espírita, é que garante a blindagem absoluta dos "médiuns espíritas", beneficiados por uma ideia equivocada.
Essa ideia consiste em atribuir aos "médiuns" responsabilidade e decisão apenas por atos que são considerados acertados e positivos.
Quando os atos se tornam negativos e errados, os "médiuns" são sempre vistos como "influenciados por outrem", "manipulados por outras pessoas" ou "desviados por algum espírito obsessor".
Nada disso. Um "médium" que comete uma decisão que causa efeitos negativos é totalmente responsável por isso.
Falar assim não é questão de intolerância religiosa, mas de coerência e responsabilidade.
Afinal, nem os "médiuns" podem se colocar acima da humanidade, sobretudo quando se chega ao ponto de fazer o que querem e não assumir as consequências de seus atos.
E a "farinata" acabou sendo um péssimo episódio da carreira de Divaldo Franco. O Você e a Paz em Salvador já perde público a cada ano, e deve perder mais ainda.
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