(Por Demétrio Correia)
Assim como o açúcar, quando excessivo, faz mal à saúde e até traz um sabor enjoado em certos alimentos, a emoção, quando excessiva, também se torna nociva e enjoativa.
Os brasileiros sabem da primeira informação, mas se recusam a admitir outra.
Acham que emoção demais sempre faz bem.
E os crimes movidos pela paixão, como o feminicídio? E as agressões das torcidas organizadas de futebol?
As pessoas até admitem, nestes casos, mas se esquecem que a religião também apela para a overdose emocional.
O "espiritismo" brasileiro é um exemplo. E ele vem logo com o recurso perigosíssimo do "bombardeio de amor".
"Médiuns espíritas" de fala mansa e mensagens aparentemente positivas.
Clima "intimista" nas instituições "espíritas", recebendo visitantes como se fossem "familiares queridos".
Apelos emocionais, com crianças ora felizes, ora tristonhas, velhos doentes, pessoas solitárias.
Música "espírita" para anestesiar as mentes.
Memes com frases dos "médiuns espíritas" ilustradas com paisagens floridas, céu azul, passarinhos, nuvens brancas etc.
Se alguém tem um mínimo de lucidez, irá perguntar: "O Espiritismo não surgiu como doutrina racional? Por que tantos apelos emocionais?".
Inútil um "médium espírita" depois ficar dando entrevista ou participação em programa expondo a Teoria Espírita original que o "médium" aprendeu na decoreba, meio a contragosto.
Faz isso para manter as aparências, fingir mostrar serviço etc.
Findo o trabalho, o "médium" volta para o mais derramado igrejismo, com um catolicismo tão entusiasmado, porém nunca assumido.
É como um fã que idolatra seu ídolo com muita devoção, só que nunca assume isso em público.
As pessoas são desinformadas, mas cheias de muitas desculpas, que acabam aceitando esse "espiritismo" que temos, bastante catolicizado e, talvez, desespiritualizado.
A principal desculpa, das tradições religiosas e das afinidades com o Cristianismo, não ajudam.
Só servem para permitir o vale-tudo emocional dos "espíritas", mas deixa a essência do Espiritismo original de fora.
Overdose de emoção num país de desinformados que é o Brasil é vista como uma coisa boa.
Mas não é. Trava o raciocínio, corrompe a percepção e torna as pessoas deslumbradas e submissas.
Porém, não há como mentir: a overdose de emoção no "espiritismo" brasileiro é prejudicial, apesar de trazer sensações agradáveis e falsamente confortadoras.
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