(Por Demétrio Correia)
Os "espíritas" costumam dizer, de forma bem matreira.
"Nós temos consideração total com todos. Defendendo a fraternidade, acolhemos pessoas à esquerda e à direita igualmente como nossos queridos irmãos".
Isso faz os esquerdistas dormirem tranquilos e poderem se entreter combatendo somente os evangélicos de tendência neopentecostal.
Até que os "progressistas espíritas", com seu "carinho" às esquerdas, despejam "pérolas" do tipo:
"Nosso carinho e nosso espírito de perdão se ampliam até mesmo a ditadores como Nicolas Maduro e o espírito Fidel Castro, aos quais estamos sempre de portas abertas para recebê-los como amáveis irmãos".
Pronto. Os "espíritas" despejaram o veneno do reacionarismo no diabético mel de suas palavras.
Muitos estranham quando se diz que os "espíritas" se tornaram conservadores e reacionários. Usam até mil falácias.
Uns dizem que o "espiritismo", pela fachada futurista, "nunca poderia" ser conservador.
Outros alegam que o "espiritismo", tendo a "caridade" como princípio, não poderia se naufragar em tão infeliz postura.
Muitos se motivam pelas imagens de crianças pobres que tanto ilustram a publicidade "espírita" e os memes desta doutrina no Facebook.
"Absurdo, isso! Eu sempre vejo nos espíritas a doutrina mais progressista que existe, sempre comprometido com a evolução do planeta e o fim das injustiças".
Ingenuidade existe aos montes neste planeta, e é o prato principal do cardápio do cotidiano dos brasileiros.
O "espiritismo" sempre foi conservador, desde que jogou Allan Kardec de escanteio e preferiu o medieval Jean-Baptiste Roustaing para criar suas bases doutrinárias no Brasil.
Criou-se até um pseudo-Kardec em falsa psicografia, pedindo para ler "a revelação da Revelação", para forçar o apoio a Roustaing.
Depois a coisa ficou mais dissimulada, com um "roustanguismo sem Roustaing e com Kardec".
Mas já se tinha como astro maior o deturpador Francisco Cândido Xavier, que "traduziu" Roustaing para a realidade brasileira.
Com Chico Xavier no comando, dispensou-se Roustaing. O roustanguismo estava inteiramente preservado com o chiquismo.
Chico Xavier sempre foi conservador, até o fim. Era católico de valores ortodoxos, era um Olavo de Carvalho de seu tempo, só que com um discurso menos rabugento.
Defendeu o golpe militar de 1964, defendeu a ditadura até o fim, apoiou Fernando Collor contra Lula em 1989 e, no fim da vida, recebeu seus herdeiros espirituais Aécio Neves e Luciano Huck.
Chico Xavier era tão "maroto" quanto Aécio Neves.
Se o senador mineiro se envolveu numa diversidade de esquemas de propinas, o "médium" produziu inúmeras obras fake, querendo se promover às custas dos mortos, principalmente prematuros.
Divaldo Franco, com seu ar professoral dos anos 1930, também é um sujeito bastante conservador.
A exemplo de Chico Xavier e do "espiritismo" no conjunto da obra, Divaldo apoia a Teologia do Sofrimento, a corrente católica medieval que os "espíritas" pegaram emprestado.
É a corrente do "quanto pior, melhor": quanto mais sofrer, mais rápido irá para o Céu. E os "espíritas" falam assim como se fossem pais dizendo para as crianças se comportarem direitinho para depois irem ver o Papai Noel.
Daí não ser estranho dizer que o "espiritismo" brasileiro é golpista.
Os "espíritas" apoiaram o golpe de 2016. Seus textos demonstram isso: apoio à Operação Lava Jato, exaltação das passeatas anti-Dilma, apoio às reformas do governo Michel Temer etc.
Vejam o que declarou o "Correio Espírita" na edição de julho de 2016, na capa, correspondente às passeatas do "Fora Dilma":
"O crescimento da participação ativa dos jovens na política pode ser um grande passo do Brasil no caminho do Planeta de Regeneração".
Leia-se "participação ativa dos jovens" grupos de orientação fascista como o Movimento Brasil Livre e os Revoltados On Line, entre outros, na ironia dos "espíritas" geralmente se manifestarem contra a ideia de revolta.
Só falta dizer que os patéticos Kim Kataguiri e Fernando Holiday serem definidos como "crianças-índigo".
Ou classificar os filhos mais ambiciosos de Jair Bolsonaro, Flávio e Eduardo Bolsonaro, como "crianças-cristais".
Fala sério. As "iluminadas" passeatas do "Fora Dilma" mostraram até símbolos nazistas e senhoras foram vistas com a faixa "Por que não mataram todos em 1964?".
Tão zeloso em rejeitar o ódio, os "espíritas" acabaram apoiando manifestações de puríssimo ódio.
Enquanto isso, há textos pedindo para os sofredores terem paciência e aguentarem desgraças, uma mensagem subliminar à defesa "espírita" dos retrocessos sociais de Michel Temer.
Michel Temer citou uma frase: "Não reclame da crise. Trabalhe". Emmanuel já havia dito: "Não reclame. Trabalhe e ore".
Depois os "espíritas" ficam chorando em soluços porque foram classificados de conservadores.
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