(Por Demétrio Correia)
Se você é do tipo que tem adoração cega a um "médium espírita", você é uma pessoa com medo.
Você vai dizer que não, que é uma pessoa de coragem, que está do lado dos fortes etc.
Pode ser que os "médiuns" sejam "fortes", no sentido que o gigante Golias era forte, que os sacerdotes medievais e os imperadores romanos haviam sido.
E você tem medo de criticar, questionar ou investigar um "médium espírita" diante de uma irregularidade ou falha séria.
Aí você reage: "Não, não tenho medo, eles não têm que ser criticados, porque só falam de amor".
Quanta ingenuidade. Eles usam o "amor" para impor ideias que constrangem os ensinamentos espíritas originais.
Vendem gato por lebre: promovem igrejismo medieval e moralismo conservador sob o rótulo de "espiritismo autêntico".
Você tem medo, sim, mas está tomado da imagem adocicada dos "médiuns", produzida pela mídia patronal, interessada em fortalecer o "espiritismo" brasileiro para concorrer com os evangélicos neopentecostais.
Seu medo é muito grande. Acha que as paisagens floridas, o céu azul, o brilho do Sol, as crianças sorridentes, tão associadas ficticiamente aos "médiuns", não devem ser dissolvidos.
Se a obra literária é fake, ela é tida como "autêntica" por causa das "mensagens boas" nela contidas.
Mais ingenuidade. Então uma obra falsa pode ser "verdadeira" só porque tem recados do tipo "sejamos irmãos"?
Os "médiuns" são as "fadas-madrinhas" do mundo adulto, não podem sequer ser investigados.
Digamos um hipotético episódio em que um médium tenha feito assédio sexual a uma moça.
Suponhamos que ela tenha usado uma roupa discreta, uma blusa enfiada dentro da calça justa com botas.
Mas o "médium" ficou excitado com a roupa e resolveu investir no assédio.
A moça nem tinha intenção de provocar, e, em que pese a roupa realçar suas formas físicas, era um traje discreto e decente.
Mesmo assim, a moça acaba se tornando culpada, porque "médium" nunca tem culpa pelos erros que faz.
Há um medo até de despertar suspeitas. E o "médium" logo reage com coitadismo, faz draminha, fica em silêncio como um réu bancando o tristonho esperando a absolvição.
O caso é fictício, mas ilustra o medo da sociedade em investigar e contestar os "médiuns".
Mas eles já cometem o mal maior: desfigurar o legado de Allan Kardec com devaneios igrejistas vindos do Catolicismo jesuíta e medieval.
Só que eles tentam legitimar essa atrocidade - consideremos que Kardec suou para desenvolver sua doutrina, para ela ser empastelada pelos festivos "médiuns" brasileiros - com arremedos de caridade e apelos emocionais relacionados às lindas paisagens e textos belos.
Mas por que o medo de criticar ou investigar os "médiuns espíritas"?
Porque acredita-se que eles realmente falam com os mortos e os mortos iriam se vingar diante da investigação ou crítica aos "médiuns"?
Porque acredita-se que os "médiuns" são anjinhos encarnados na Terra que, quando erram, é porque foram desviados do caminho por outrem?
Eles não podem sequer ser responsabilizados pelos erros que cometem por decisão própria?
As pessoas sonham demais adorando os "médiuns espíritas", os anti-médiuns que deturpam a Doutrina Espírita.
São tomadas de fascinação obsessiva e se apegam tanto aos "médiuns" que elas preferem ter prejuízo na vida do que ver seus ídolos sendo alvo de alguma crítica ou investigação.
Isso não é certo. "Médiuns" são humanos e blindados até demais pelos erros que cometem, que são muitos e muito graves.
Seria melhor perder o medo, abrir mão das paixões religiosas, abandonar a fascinação obsessiva, desapegar desse mundo de paisagens de contos de fadas e palavrinhas dóceis.
Por trás de tudo isso, desmoraliza-se o trabalho de Allan Kardec, nunca justamente compreendido no Brasil.
Só isso serve para tirar todo mérito aos "médiuns" brasileiros, que mais parecem sacerdotes sem batina.
Hora de perder o medo e começar a criticar, investigar, questionar. Se há algo errado com um "médium", não há como fingir que esse erro não existe.
Se as pessoas sonharem demais com os "médiuns", vão cair da cama.
Se as pessoas sonharem demais com os "médiuns", vão cair da cama.
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