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Tido como "progressista", João de Deus sonha em ver Sérgio Moro presidente da República


(Por Demétrio Correia)

O "espiritismo" brasileiro anda muito, muito, muito conservador.

Apoiou o golpe político de 2016, na forma do apoio à Operação Lava Jato e sua truculência jurídica e as passeatas rancorosas do "Fora Dilma".

Depois, os "espíritas" passaram a apoiar o governo Michel Temer e suas amargas reformas trabalhista e previdenciária.

Na lógica dos "espíritas" brasileiros, essas duas reformas seriam uma forma de "reeducação econômica" dos brasileiros, estimulando o "desapego material" e a "reforma íntima".

"Médiuns" passaram a aparecer ao lado de políticos conservadores, como Michel Temer, ACM Neto, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e João Dória Jr. em completo clima de cumplicidade.

O "médium curandeiro" goiano, João Teixeira de Faria, o João de Deus, é um deles.

Aparentemente curado de um câncer, João de Deus precisa retornar ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde retirou um tumor, para exames periódicos.

No exame deste ano, ele se encontrou com Michel Temer, que havia feito cirurgia para retirada de um nódulo.

Foi um clima de muita cumplicidade, diferente da superestimada cordialidade com que João de Deus teve ao "tratar" o então presidente Lula, que combatia um câncer.

Erroneamente, a imprensa definiu o "médium" e latifundiário goiano como "Amigo de Lula" e passou a vender João de Deus sob a capa do falso progressismo "espírita".

Foi com essa imagem falsa que se permitiu que a atriz Camila Pitanga, considerada de esquerda e ateia, recorresse ao "médium" de Abadiânia.

Ela foi provavelmente por indicação do ultraconservador colega da novela Velho Chico, o ator Carlos Vereza, que interpretou o médico Adolfo Bezerra de Menezes no cinema.

Pois o "médium" João de Deus deixou cair a máscara de progressista, que já não era lá muito firme.

Ele é um poderoso latifundiário com terras que dão 18 Parques do Ibirapuera (alusão a um dos principais parques públicos de São Paulo), uma aberração para as dimensões do Estado de Goiás.

Isso se não considerarmos o agravante de que Goiás já havia perdido parte de seu território para o Estado de Tocantins.

João de Deus declarou profunda admiração pelo juiz Sérgio Moro, por sinal algoz de Lula, que a imprensa tratava, erroneamente, como "amigo de infância" do "médium" de Abadiânia.

Foi uma forma de João de Deus desmentir e dizer: "não, nunca foi um grande amigo de Lula, mas tinha por ele apenas respeitosa diplomacia".

João de Deus disse que Moro "está sendo guiado por Deus", como se aquele trabalho todo, com condução coercitiva, desrespeito à Constituição, violações ao Direito etc fossem atributos divinos.

Essa atribuição remete àquele cartaz constrangedor, que definiu Moro como "segundo filho de Deus".

João de Deus afirmou que Moro é "honesto" e "destemido", e manifestou abertamente seu desejo de vê-lo como presidente da República.

João teria dito que "Moro é um líder nato, sem temor algum em ser perseguido, e tem a capacidade de trazer esperança para a população, além de exercer tudo aquilo que é visto como necessário por ele e também por parte da população".

"A presidência não é para qualquer um e ele tem capacidade, é honesto e um homem respeitável", acrescentou João de Deus, em sua declaração entusiasmada pelo juiz federal que atua em Curitiba.

Isso derrubou de vez a imagem de "amigo de Lula" que se atribuía a João de Deus.

Sérgio Moro está fortemente empenhado em banir a candidatura do ex-presidente em 2018, e já o condenou, em primeira instância, a nove anos e seis meses de prisão pelo mal-explicado caso do triplex do Guarujá.

Moro condena Lula sem provas e com inquéritos bastante duvidosos. Moro também é acusado de colaborar ilegalmente com o governo dos EUA, que não quer ver o Brasil comandado por um político progressista.

O processo está nas mãos dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, que irá julgar Lula em segunda instância, a partir do depoimento do ex-presidente, previsto para o próximo 24 de janeiro.

Os "espíritas" devem estar esperando para que Lula seja banido para, assim, defenderem um candidato mais afinado com o que entendem como sendo "ensinamentos cristãos".

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