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"Médiuns" afastam os espíritos que dizem receber

(Por Demétrio Correia)

Oficialmente, várias personalidades falecidas têm sua suposta obra espiritual associada aos "médiuns espíritas". Verdade?

Não. Mentira.

Diante de um "espiritismo" feito com conceitos e práticas alheios aos ensinamentos kardecianos originais, os espíritos não escreveram uma vírgula das obras que levam seus nomes.

Os "espíritas" andam espalhando que esses espíritos são responsáveis por esta ou aquela pregação igrejeira, tida como pacifista, fraternal etc.

Falam que Humberto de Campos, Irma de Castro Rocha (Meimei), Auta de Souza, Olavo Bilac, Raul Seixas, Renato Russo, Castro Alves escreveram os relatos "espirituais" de cunho religioso que tanto se associa a eles.

Mentira. Quem escreveu foram os "médiuns" que disseram terem recebido esses espíritos.

Mas esses espíritos nem de longe chegaram perto, até porque é constrangedor, no outro lado, quando se sabe dos segredos da gente da Terra, um espírito ver seu nome envolto numa cilada.

A cilada pode apelar para recados sobre "paz" e "fraternidade", pedir para sermos "mais irmãos", implorar para "praticarmos a caridade" etc.

Mas, em se tratando de obras que não refletem aspectos pessoais dos espíritos alegados e seu apelo religioso é tendencioso e exagerado, os espíritos se afastam.

Eles veem no "médium" um oportunista que quer ser divinizado às custas da apropriação de pessoas mortas.

Apelos emotivos, por mais belos que pareçam, não podem servir de atenuante para tamanhas apropriações.

Pelo contrário. A pior farsa é aquela que se traveste com a aparência da verdade, as mensagens mais traiçoeiras são as que mais apelam, no discurso, para o amor, a paz e a solidariedade.

Com o deturpado "espiritismo" feito no Brasil, cujos postulados foram desenvolvidos ao arrepio da Ciência Espírita original, há que se desconfiar da "fraternidade" entre o Bom Senso e o Contrassenso.

Não vamos aceitar tudo por causa de apelos emocionais.

Quantos farsantes se servem de paisagens floridas para impor suas ideias!

Ou de cenários com céu azul, o brilho do Sol e o sorriso das crianças, tendo sempre uma negra em um grupo!

São apelos engenhosos que fazem as pessoas verem beleza onde não tem, e achando que tudo isso é lindo.

E os relatos atribuídos aos "autores espirituais" nem de longe refletem o pensamento deles, ou, mesmo que coincida, não há contexto que permita que eles tenham expresso tais ideias.

Por exemplo, Meimei. Ela, por mais que tivesse sido devota católica, ela não teria escrito aqueles livros igrejeiros com linguagem tendenciosamente maternal.

Aquilo mais parecia paródia. Meimei queria viver sua vida espiritual depois de um falecimento prematuro por grave doença.

Mas seu nome foi usado por Francisco Cândido Xavier para promover sensacionalismo e atrair o apoio do viúvo Arnaldo Rocha, que havia sido ateu.

Analisando bem o contexto, somos obrigados a reconhecer a hipótese, desagradável para muitos, de que Meimei se afastou horrorizada pelo arrivismo de Chico Xavier.

Ela teria sido informada das confusões que Chico havia feito com Parnaso de Além-Túmulo e a forma cafajeste com que se apropriou de um renomado autor como Humberto de Campos.

Humberto de Campos também se afastou de Chico Xavier, e nem no sonho ele teria aparecido, até porque se tem dúvidas de que o "médium" teria realmente tido aquele sonho em 1935.

Nada impede que o astucioso "médium" teria inventado o sonho para solicitar a FEB a aceitar a usurpação do nome do autor maranhense.

A verdade é que o "médium" mineiro, espécie de Aécio Neves da religião, nunca gostou do comentário que Humberto, em vida, havia feito no Diário Carioca.

Essa ideia de que os "autores mortos" não poderiam concorrer com os vivos, um relato feito com a típica ironia de Humberto, teriam irritado Chico Xavier, que decidiu fazer revanche.

Com sua fértil imaginação, o "médium" transformou Humberto em "padre" e investiu em "obras espirituais" que fugiam completamente do estilo do escritor maranhense.

O problema é que quase ninguém hoje em dia conhece a obra original de Humberto, e a FEB exerce um lobby muito grande no mercado editorial.

Em época de fake news e em identidades apócrifas nas redes sociais, Chico foi pioneiro da literatura fake produzida a partir de 1932.

Sendo obras "agradáveis" e com mensagens "positivas", elas são publicadas livremente, ao arrepio de qualquer lei ou princípio ético.

O "médium" chegou a ser processado pela usurpação do nome do autor maranhense, em 1944.

Mas sabe-se como é a seletividade da Justiça. O PSDB não existia, mas até parece que Xavier era um político tucano, beneficiado pela impunidade e pela Justiça seletiva, que inocenta ou pune as pessoas de acordo com a posição social.

Os ídolos religiosos se equiparam aos aristocratas, ao escapar da responsabilização de crimes, mesmo comprovadamente reconhecida.

Quanto às redes sociais, não é à toa que elas são reduto dos "médiuns espíritas".

Eles representam simbolicamente as virtudes que são raros nesses ambientes digitais.

Só que os "médiuns" apenas usam essas "virtudes" para dominar e influenciar a opinião pública, eles que já cometem erro suficiente deturpado e zoando com o legado de Allan Kardec.

Com tanta desonestidade doutrinária, não há como relativizar e tratar os "médiuns" como se eles tivessem mesmo as virtudes bondosas que dizem ter.

Pela sua desonestidade, eles deveriam ser desprezados pela gente da Terra, se houvesse firmeza para resistir aos apelos emotivos das paisagens de Teletubbies que ilustram as frases dos "médiuns".

Os espíritos do outro lado fazem a sua parte. Por mais que insistamos na associação deles com os "médiuns", eles nunca se aproximaram deles para coisa alguma.

Sendo um meio sem segredos, o mundo espiritual sabe melhor dos ardis dos espertalhões da Terra do que a "caverna de Platão" do mundo material.

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