(Por Demétrio Correia)
O que é bondade?
Algo tão fácil e acessível, porém tão difícil e específico, algo que qualquer um pode fazer mas não é de qualquer forma.
Para o "espiritismo" que parece se comprazer com o sofrimento do outro, isso é mais complicado.
Os apelos para as pessoas "aguentarem o sofrimento" revelam isso.
Os "espíritas" ignoram as motivações pessoais, as particularidades nas necessidades humanas.
Fazem seu juízo de valor, julgando que "conhecem mais" os desejos do outro do que este.
Por isso é que o necessitado, quando vai fazer tratamento espiritual, perde o controle de seu destino.
Atrai para si oportunidades sociais e profissionais que não têm a ver com sua vida.
Até para a vida amorosa a questão da afinidade é jogada no lixo.
E o "espírita" ainda acha ótimo, por acreditar que as diferenças sempre se resultam no entendimento e na complementação.
Quase nunca isso acontece.
Há exceções, mas exceção não é regra, é raridade.
O "espírita" pede para os outros não julgarem, mas é justamente o que mais faz julgamento de valor.
Faz atribuindo, sem provas consistentes, o que alguém deve ter ou suportar devido a vidas passadas.
Supõe as encarnações passadas pelo achômetro.
Tanto faz desgraças, tragédias, frustrações das mais pesadas, sobressaltos violentos, porque o sofredor, se sofre demais, é porque "tem o que merece".
Esse "ter o que merece" é um juízo de valor cujos pretextos são os tais "resgates espirituais".
Uma bobagem que gente que não estuda a vida espiritual tenta afirmar no seu achismo.
"Eu acho que você cometeu sensualismo demais na vida. Agora você tem que aceitar aquele pretendente siliconado para ensinar a humildade e o amor espiritual", diz o "conselheiro espírita".
Esse coquetel estranho de juízos de valor e suposta filantropia são ilusões que corrompem o "espiritismo" brasileiro nas suas bases.
Que bondade é essa quando um tal de "poeta alegre" vindo de Portugal, mas sintonizado com as vibrações do "espiritismo" brasileiro, diz para o sofredor "aceitar o mal como uma mulher desejada"?
O "espiritismo" ainda dissimula seu conteúdo deturpador e moralista com alegações de "obras de caridade".
Caridade paliativa, em que se ajuda pouco e se festeja demais.
O "filantropo" mal consegue ajudar meia-dúzia de pessoas oferecendo sopa ruim, roupa rasgada e alojamento com cama desconfortável e já espera por alguma medalha de ordem ao mérito.
Para cada meio trabalho, o dobro das premiações esperadas.
As pessoas pouco entendem isso, porque veem duas ou três crianças pobres tomando sopa ou velhinhos doentes deitados em colchões velhos e desconfortáveis, e acham que é "bondade plena".
Precisamos rever os conceitos de "bondade", porque tal virtude está sendo escravizada pela rígida roupagem da religião.
Precisamos deixar de esperar algum suposto símbolo de bondade associado a ídolos religiosos e ver a verdadeira bondade sem o misticismo da fé, sem a idolatria religiosa.
Daí a ilusão das pessoas que acreditam na "bondade" como um subproduto da religião.
Preferem glorificar o "benfeitor" pelo pouco que ele fez.
E ainda defendem juízos de valor contra os sofredores que reclamam.
Assim não há como acreditar em "bondade plena", diante da escravidão das desgraças sem fim e da submissão ao moralismo contrário à individualidade.
A vida humana merece mais respeito.
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