(Por Demétrio Correia)
O "espiritismo" brasileiro é progressista? Não.
Mas muita gente acredita que sim.
Ficam iludidas com o aparato filantrópico, como se isso em si fosse algo revolucionário e transformador.
Não é.
É uma "caridade" que pouco ajuda, mais serve para obter verbas públicas e projetar o "benfeitor" correspondente.
Mas está provado que essa "caridade" não mudou muito a sociedade brasileira.
Se mudasse, o Brasil estaria numa situação bem diferente da de hoje.
Atualmente, o Brasil está numa situação vulnerável, de crise institucional e ameaça de agravamento das desigualdades sociais devido ao projeto político ultraliberal, que mais favorece os ricos.
O "espiritismo", neste contexto, até faz uma propaganda subliminar ao governo Michel Temer, eliminando de vez seu status "progressista".
É só ver o que seus pregadores fazem, a partir do exemplo do próprio Francisco Cândido Xavier.
Chico Xavier dizia para os sofredores suportarem o sofrimento.
Dizia, também, para ninguém reclamar, ninguém contestar, e se a pessoa está sofrendo infortúnios em doses surreais, que aceite e vá ver passarinhos cantando na janela.
Chico Xavier dizia que o silêncio era a "voz da sabedoria".
Muitos acham lindo. Mas se esquecem do AI-5 da ditadura militar (que Chico Xavier apoiou com gosto), que tinham na censura uma de suas principais medidas.
Chico Xavier, em muitos de seus conselhos, era o AI-5 disfarçado de "mensagens de amor".
Era a demonstração de deixar que pessoas fossem oprimidas e convencê-las a se conformar com isso usando belas palavras.
As palavras bonitas podem ferir. Quantas "mensagens de amor" envenenam o coração e amaldiçoam vidas?
Só por causa de uma suposta associação com a filantropia não significa que o "espiritismo" brasileiro ou a figura pessoal de Chico Xavier sejam progressistas.
Pelo contrário. Eles eram clara e abertamente conservadores. Com muito gosto.
Chico Xavier, como um típico interiorano brasileiro, era retrógrado.
Em crenças e ritos católicos, Chico Xavier era reacionário de tão ortodoxo. Era um católico das antigas, adorador de imagens e rezador de terços.
Um sujeito de ideias medievais, ótimo garoto-propaganda para o "espiritismo" da FEB, de matrizes roustanguistas.
Tudo isso comprova que o "espiritismo" nada tem de progressista.
"Mas e a lei do progresso, que tanto defende?", pergunta algum desavisado.
A ditadura se dizia democrática e reprimia e torturava. Isso a faz ser definida como democracia?
A questão não é dizer que segue tal ideia. Se não a pratica, não a segue.
Quantas armadilhas fazem um malabarismo discursivo, em que um "não" pode aparecer sem a menção desta palavra, mas em diversas vezes em que se diz um "sim".
Pelas ideias transmitidas, o "espiritismo" brasileiro é bastante conservador.
Cabe as pessoas admitirem isso, deixando de lado as paixonites religiosas.
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