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Trote telefônico do "lado de lá": você confiaria?

(Por Demétrio Correia)

Em favor de um ídolo "espírita", as pessoas abrem mão da lógica, do bom senso, da ética, de tudo. 

A casa pode cair, mas a idolatria a "bondosos médiuns" fica de pé, por mais que isso traga mau agouro para as pessoas.

Essa preocupante complacência, em que a "bondade" é desculpa para tudo, como se fosse possível ser bom e desonesto ao mesmo tempo, é um vício muito comum entre os "espíritas".

Na irregular "mediunidade", há a frase famosa de Francisco Cândido Xavier sobre a ideia de que o telefone "toca do lado de lá".

Essa tese já revela uma grande divergência entre o "espiritismo" brasileiro e o Espiritismo original francês.

Allan Kardec recomendava que as pessoas encarnadas evocassem determinados espíritos, para assim evitar a "chegada" de espíritos enganadores que se passem por personalidades ilustres.

"O apelo direto a determinado Espírito estabelece um laço entre ele e nós; o chamamos por nossa vontade e assim opomos uma espécie de barreira aos intrusos. Sem o apelo direto um Espírito muitas vezes não teria nenhum motivo para vir até nós, se não for um nosso Espírito familiar, disse Kardec em O Livro dos Médiuns - item 269.

Evocando um determinado espírito, o paranormal já mostra um certo critério de identificação do espírito, e os riscos de haver um enganador ainda existem, mas diminuem com a determinação de quem "pode vir".

Kardec alertava que não chamar um espírito em particular é abrir a porta para todos, trazendo o risco de haver espíritos traiçoeiros querendo fazer brincadeiras maléficas de toda ordem. Ou desordem.

No caso de Chico Xavier, não se pode evocar espíritos.

Através do "mentor" Emmanuel - embora provavelmente Chico deva ter "chamado" o antigo padre Manuel da Nóbrega para "viver" com o "médium" - , a tese é contrária.

"Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual", descreveu Emmanuel em O Consolador.

A "mediunidade" realizada no Brasil é quase sempre irregular e pouco confiável.

As recomendações de Allan Kardec foram ignoradas e mal-interpretadas, mesmo por parte daqueles que se dizem "seus fiéis seguidores" e demonstram compreensão superficial e errada de sua obra.

E aí vemos muitas fraudes "mediúnicas".

Mensagens que estranhamente se tornam "propaganda religiosa", com mensagens tipo "encerro a mensagem pedindo a vocês orarem e se unirem na paz em Cristo".

Esse recurso já denota fraude, porque o apelo religioso seria uma máscara para uma mensagem que apresenta algum indício de falsificação, com o objetivo de afastar qualquer desconfiança diante de apelos "fraternais".

Na psicografia, vemos fraudes que são dissimuladas pela "leitura fria", ou seja, coleta de informações evidentes ou subliminares que "recheiam" uma mensagem apócrifa atribuída a um falecido.

Na psicofonia, são os falsetes, e na pictopsicografia, as pinturas que não refletem o estilo de diferentes autores mortos mas apresenta aspectos pessoais comuns ao "médium".

Tudo acaba sendo uma prática de trotes, como desses telefônicos que as famílias recebem de marginais ou de estelionatários comuns.

Você ouve um desses trotes e há falsetes de supostas crianças pedindo socorro ou de supostos amigos de longa data querendo bater um papo.

Há todo um discurso pedindo para que você forneça o número de sua conta bancária para eles sacarem o dinheiro. Os "amigos" pedem isso alegando, geralmente, "dificuldades" ou "enrascadas".

Só falta eles pedirem o dinheiro para a "caridade". Aí você ficaria mais tranquilo?

Esse é que é o problema.

As famílias enganadas por Chico Xavier por causa das supostas psicografias atribuídas a entes queridos mortos revela essa analogia aos trotes telefônicos.

Afinal, Chico já falava sobre o "telefone que toca do lado de lá".

Na verdade, "lado de lá" é a mente dele, própria, e as "psicografias" são recheadas de "leitura fria" que até capricham na inserção de informações sutis e complexas, mas sem veracidade.

Além do caráter fraudulento - num dado momento, uma irregularidade é observada nestas "psicografias" - , elas expõem e prolongam as tragédias familiares, alimentando o sensacionalismo da grande imprensa.

É até ridículo que volta e meia os "espíritas" falem tão mal da mídia e da imprensa por causa dos "interesses comerciais", porque é essa mesma mídia que apoia os deturpadores da Doutrina Espírita.

Sobretudo a Rede Globo, que adora blindar os "médiuns" e exaltar o igrejismo de Chico Xavier.

E foi a Globo que mais divulgou essas "psicografias" quando reciclou o mito de Chico Xavier com base no que o inglês Malcolm Muggeridge fez com Madre Teresa de Calcutá.

E o que se vê é que, diante da incompetência generalizada que é o "movimento espírita" brasileiro, quase tudo de "mediúnico" é falso e tão terreno e material como uma reunião de botequim.

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