(Por Demétrio Correia)
Muitos dos brasileiros que entram em contato com o Espiritismo e criticam a deturpação são tentados a poupar os deturpadores.
Acham que eles fizeram isso por "acidente", pela origem católica ou pela falta de tempo de ler as obras originais da Codificação.
Grande engano.
Os "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco não fizeram a deturpação "sem querer" ou por "boa-fé".
Chico Xavier e Divaldo Franco sabiam muito bem o que estavam fazendo.
Eles deturparam os ensinamentos da Doutrina Espírita através de um longo trabalho, com ampla repercussão e dirigido ao grande público.
Tiveram tempo suficiente para recuar no começo do caminho. Mas deturparam até quando haviam prometido não praticar mais a deturpação.
Os dois fingiram que decidiram "aprender melhor a doutrina de Kardec", até tentaram expor uma teoriazinha correta aqui e ali, para depois mergulharem no velho igrejismo roustanguista de antes.
E aí pergunta-se aos contestadores de primeira viagem qual o interesse em aproveitar estes deturpadores quando houver um novo esforço de recuperação das bases espíritas originais.
Apego a ídolos religiosos associados a imagens e palavras agradáveis?
Medo de ferir a reputação de dois supostos filantropos?
Preguiça de desafiar o prestígio de totens religiosos idolatrados por muitos?
Ou simplesmente uma certa ingenuidade de imaginar que os deturpadores seriam "alunos exemplares" dos ensinamentos da Codificação?
Talvez um pouco de cada uma dessas questões, mas sobretudo a última.
Mas acreditar que esses deturpadores irão "aprender melhor Kardec" é uma grande ilusão.
Até porque Chico e Divaldo sempre foram igrejistas. Nos anos 1980, depois de tanta promessa pelo "kardecismo de verdade", os dois veiculavam as mesmas ideias mistificadoras de sempre.
Acreditar numa recuperação das bases doutrinárias com o aproveitamento dos dois deturpadores é querer recuperar o galinheiro alojando neles a raposa e o lobo.
Não dá certo.
As pessoas deveriam abrir mão de paixões religiosas e abrir mão da idolatria aos dois "médiuns".
Difícil para muitos apegados.
Eles ainda são seduzidos por aqueles clipes em que Chico Xavier se mistura a paisagens celestes e alternando sua imagem com "casas espíritas" lotadas, crianças pobres sorrindo e jardins floridos.
Ou esquecer de Divaldo Franco cercado de criancinhas pulando ao seu redor.
Sim, e certos críticos da deturpação espírita ainda têm esse coração mole.
É uma sensação que havia sido reprovada pelo espírito do discípulo de Paulo de Tarso, Erasto.
Ele disse que se deve ter firmeza para combater os deturpadores e não se deixar levar por apelos emocionais de toda espécie.
Deve-se ter rigor na rejeição à deturpação, incluindo os deturpadores, por mais ilustres que eles possam parecer.
Caso contrário, os críticos da deturpação terão que assumir sua falta de firmeza e compactuar com os interesses arrivistas dos dirigentes do "movimento espírita".
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