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"Fraternidade" não é desculpa para unir forças antagônicas

(Por Demétrio Correia)

A "união espírita" no Brasil sempre foi a fraternidade da raposa com as galinhas.

Sempre que há uma crise entre os "místicos" (igrejistas) e os "científicos" (racionais), há sempre aquele "belo apelo de união".

"Vamos esquecer as desavenças e nos unirmos nos ensinamentos da fraternidade cristã", costuma-se ouvir.

Quem diz isso, é claro, são os "espíritas" de tendência mais igrejista, os "místicos", sempre "com profundo respeito e admiração aos científicos".

A ação de Adolfo Bezerra de Menezes é notória, ele, que havia sido presidente da Federação "Espírita" Brasileira (FEB).

Diante dos conflitos entre lideranças roustanguistas, como Dias da Cruz, Dr. March e o próprio Bezerra, com "científicos" como o ítalo-brasileiro Afonso Angeli Torteroli, a cúpula da FEB pedia "união em fraternidade".

Ao longo dos tempos, os igrejistas que já tinham como seu astro maior o "médium" Francisco Cândido Xavier, também faziam o mesmo apelo.

Fingiam ter "grandiosa admiração" por "científicos" como Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e José Herculano Pires.

Pregam a união entre a raposa e as galinhas, entre o lobo e as ovelhas, a "fraternidade" da alcateia com o rebanho ovino.

O apelo parece bonito, no seu enunciado. Parece um convite à concordância, que encanta a todos.

Mas por trás disso há um jogo de interesses.

E que sempre mostrou vantagens para o lado igrejista, com os deturpadores tirando o maior sarro nas eternas promessas de "respeitar as bases de Allan Kardec.

E isso fez com que os mais graves deturpadores de toda a história da Doutrina Espírita, os "médiuns" Chico Xavier e Divaldo Franco, continuassem seu caminho para o estrelato.

Algo que vai contra a função original do médium, quase anônima e meramente intermediária.

Esse papo de "fraternidade" esconde uma armadilha traiçoeira.

A de aceitar sempre a deturpação do Espiritismo como norte para a doutrina brasileira.

Finge-se respeitar o legado kardeciano e pratica-se o igrejismo roustanguista.

Cria-se um eterno círculo vicioso no qual os "ensinamentos cristãos" servem de mera fachada.

Isso não irá unir forças antagônicas, porque não se une forças em conflito.

É como na física, onde forças opostas sempre se chocam e nunca se integram.

Não há como unir o que desune.

A "fraternidade" que os igrejistas tanto falam só serve para fazer prevalecer seu igrejismo.

É conversa para boi dormir.

Só serve para tentar tranquilizar os espíritas autênticos, diante do poder dos deturpadores.

É como num galinheiro: raposas e galinhas se "unem" como "irmãos", desde que as raposas estejam no comando.

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