(Por Demétrio Correia)
A falta de estudos sérios da Doutrina Espírita praticamente desqualificam o chamado "passe".
Essa prática é um ritual no qual uma pessoa fica de pé, o "passista", enquanto o paciente fica sentado recebendo as vibrações, feitas com mãos abanando e tocando levemente as partes do corpo do paciente.
A prática é tida como "eficaz", mas o que se nota é apenas o efeito do relaxamento psicológico do paciente.
O paciente acaba fazendo mais por ele do que o que o passe faz nele.
O passe é instituído no Brasil com interpretações equivocadas e superficiais dos ensinamentos de Allan Kardec.
Kardec foi um estudioso sério, e ele pesquisou os estudos e experimentos do alemão Franz Anton Mesmer.
Foi Mesmer quem descobriu os princípios do Magnetismo Animal e da forma como as energias poderiam influir nas curas de doenças ou em outras terapias.
Mas a obra de Mesmer permanece inédita no Brasil sem que viva alma traduzisse os livros próprios dele.
Lamentavelmente, Mesmer só aparece, em obras publicadas no Brasil, através de livros e artigos de terceiros.
O que é insuficiente para entender a verdadeira natureza do Magnetismo Animal.
O advogado da FEB, que defendeu a federação e Francisco Cândido Xavier no caso de Humberto de Campos, Miguel Tímponi, usou um pseudônimo para lançar o seu livro sobre Magnetismo, mas dentro da deturpação tendenciosa da entidade.
O próprio Chico Xavier, usando o nome de André Luiz e sob a colaboração de Waldo Vieira e Antônio Wantuil de Freitas, publicava livros pseudo-científicos sobre mediunidade que falavam sobre o uso do passe.
Só que o passe tornou-se uma prática que, embora aparentemente disciplinada, é feita à margem de qualquer teoria da Ciência Espírita.
É só uma questão do passista ter calma e brincar de sacudir as mãos na pessoa.
A pessoa sai relaxada, não pela eficácia do passe, mas pela influência do aparato do ambiente.
O relaxamento se dá apenas por um apelo linguístico: salão escuro, com uma pequena luz azul no ambiente, música relaxante e pessoas calmas e quietas.
Não é uma prática terapêutica, mas um ritual religioso.
Os passistas nem são treinados com rigoroso estudo da Ciência Espírita, apenas recebem os macetes, nas "casas espíritas", de como sacudir as mãos num clima de rigorosa disciplina, calma e silêncio.
Quase nenhum passista ouviu sequer falar de Franz Anton Mesmer.
Alguns palestrantes, admite-se que uns poucos bem intencionados, até mencionam Mesmer e expõem de forma resumida e acessível sua teoria.
Mas isso é muito raro. A maioria dos "espíritas" faz "ciência espírita" com o umbigo e com seus preconceitos igrejistas.
Só que os passes nada diferem, por exemplo, das sessões de descarrego das seitas neopentecostais.
Isso acaba sendo mais um ritual sacramentista e litúrgico do que uma terapia de inspiração científica.
Daí que existe o neologismo "passebo", para definir o efeito placebo dos passes, nos quais é o próprio paciente que se cura dentro de um ambiente de calma e silêncio.
Se esse paciente estivesse em casa e não tivesse recorrido ao passe, teria esse mesmo sucesso dentro de uma situação de calma e silêncio, bastando apenas a meditação.
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