(Por Demétrio Correia)
O "espiritismo" brasileiro fala tanto em coerência, com seus palestrantes estufando o peito e posando de grande firmeza.
Traem o legado de Allan Kardec com igrejismo, mediunidade fake que mais parece mershandising religioso, mas juram de pés juntos "fidelidade absoluta" a ele.
É um grande perigo os leigos conhecerem o "espiritismo", verem o que a grande imprensa fala dele e acharem tudo "muito maravilhoso".
Acham que o "espiritismo" é dotado de simplicidade, humildade, despretensão, progressismo e prudência.
Estão enganados.
O que se observa é o velho igrejismo mofado, o velho moralismo religioso, as velhas fraudes dignas de esoterismo e brincadeiras como as tábuas Ouija.
Tudo feito ao arrepio da Ciência Espírita.
Os "espíritas" tentam a todo custo fazer seu malabarismo das belas palavras.
São acrobatas das palavras, a dar desculpa esfarrapada para tudo.
Se o "espiritismo" brasileiro é catolicizado, eles alegam "afinidade com os ensinamentos cristãos".
Se as obras "mediúnicas" destoam dos estilos originais dos autores mortos alegados, é porque eles passaram a falar a "linguagem universal do amor".
Se o sofredor contrai desgraças e perde o controle do seu próprio destino, é porque ele "está pagando pelo que fez no passado".
Tudo isso na base do achismo e da palavra malandra, do patrulhamento de frases sempre feitos para zelar por ideias fora da lógica.
Fazem todo apelo à emoção para legitimar essa doutrina do Contrassenso. Que tem raiz em J. B. Roustaing mas jura ser "totalmente kardeciana".
Usam o Assistencialismo como se fosse a "caridade plena", mas se vê que isso é feito só para promover uma elite de "benfeitores", vários deles "médiuns", que se envaidecem pelo quase nada que fazem em prol do próximo.
O "médium" virou uma aberração irresponsável que perdeu o aspecto intermediário e passou a se servir do culto à personalidade.
Mas como tudo se apresenta de forma "muito bonita", até os terríveis juízos de valor dos "médiuns" quanto aos sofrimentos dos humildes são também tidos como "lindos" e "sábios".
Pouco importa se uma família humilde, que dá duro para ter qualidade de vida, ser acusada por um "renomado médium" de ter sido um grupo de aristocratas tiranos.
O que vale é o prestígio do "médium", por mais que ele produza danos morais em uma multidão, por causa de acusações feitas no "achismo" a respeito de supostas vidas passadas.
As pessoas estão apegadas até às piores qualidades do "espiritismo", tão presas nas primeiras impressões, agradabilíssimas, porém falsas.
E acham que é possível haver a "fraternidade" do Bom Senso e do Contrassenso.
Vivemos um país surreal que é o Brasil.
Mas os escândalos que hoje atingem Executivo, Legislativo, Judiciário e setores do empresariado também atingirá os fanfarrões do prestígio religioso.
As pessoas é que não podem se prender às paixões religiosas, porque um dia a deturpação espírita não poderá mais se esconder sob o tapete.
Os "espíritas" brasileiros traem Allan Kardec com tantos apelos igrejeiros de um ranço católico-medieval.
Não há como esperar disso a tão alegada "fidelidade absoluta" ao professor lionês.
Desonestidade doutrinária feita "em nome do amor" não é amor, é mentira. Com todos os mais belos apelos visuais e discursivos apresentados.
É na religião que existem as piores tentações das quais cabe às pessoas se livrarem.
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