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Desgraça e desafio

(Por Demétrio Correia)

Os "espíritas" confundem desgraça com desafio, sofrimento com aprendizado.

Acham que o outro pode acumular desgraças e perder até o controle de seu próprio destino.

Lhe pedem apenas para orar, o que é uma tarefa impossível diante de tanta sobrecarga na vida.

Como é que um sujeito em servidão ao outro terá tempo para orar por si mesmo?

Ele tem que trabalhar até cansar, meter a cara nos esforços mais árduos, tentar sorrir para os outros sem poder estar alegre e ainda contar uma piada para fazer um potencial desafeto mais feliz.

Que tempo ele tem para arrumar as palavras necessárias para a sua prece? Ou será que bastará ele gritar, por dois segundos, "Socorro!"?

Há uma grande diferença nas dificuldades e desafios.

O moralismo religioso prega dificuldades até quando alguém não conseguiu sequer um trabalho que lhe possa testar uma habilidade.

É como você não poder entrar numa cidade. Como é que você irá conhecê-la?

Você é barrado no começo do caminho, e há um drama enorme só para entrar.

Como é que alguém vai aprender a deixar as contas em dia se não consegue arrumar um trabalho?

Como é que ele vai aprender a ser fiel se atrai para o amor alguém com quem não sente a menor afinidade?

A desgraça é uma série de infortúnios pesados, uma espécie de impotência existencial.

Muito diferente de desafios, que são situações novas para a pessoa encarar e contornar os problemas.

A desgraça é um descaminho, um atoleiro. O desafio é um caminho novo.

Não se pode confundir desgraça com desafio, e promover a misericórdia do pescoço com a guilhotina.

Confundir desgraça com desafio é como confundir o afogamento com a natação.

A desgraça é o afogamento, que imobiliza e sufoca a pessoa até ela não poder mais agir.

O desafio é a natação, que possibilita enfrentar os novos movimentos das águas e sair-se bem diante das ondas.

Os "espíritas" não parecem saber disso e ficam confundindo sofrimento extremo com desafio.

Quando alguém expõe seus dramas, suas agonias, suas encrencas e ciladas, os "espíritas" dizem "isso é ótimo, é sinal que você tem ótimas oportunidades de aprendizado e jogo de cintura".

Se você é vítima de cyberbullying, é só "mandar uma mensagem para todo mundo dizendo que os perdoa e desejando paz para todos".

Como se isso fosse suficiente para contornar os problemas.

No fim, as pessoas com dificuldades intransponíveis acabam se dando muito mal.

Porque a vida não é essa coisa simplória de ficar encarando qualquer coisa que venha com o rótulo de "dificuldade".

Os próprios "espíritas" não gostariam de estar em situações insustentáveis.

Logo eles, que apelam para o "autoconhecimento" para os outros, não conseguem se ver antes de fazer qualquer apologia ao sofrimento humano.

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