(Por Demétrio Correia)
Um dos grandes conceitos retrógrados existentes no "espiritismo" brasileiro é o "tóxico do intelectualismo".
É o discurso de criminalização do ato de pensar, da negação de uma das qualidades peculiares do ser humano.
Trata-se de reprovar o questionamento quando ele se torna aprofundado e ameaça os dogmas mais fantasiosos da fé religiosa.
O ser humano pode ser um avestruz, que vive baixando a cabeça.
Mas ele não pode ser um humano, perguntando, questionando, verificando problemas e contradições.
Esse discurso do "tóxico do intelectualismo" foi trazido por Emmanuel no livro que leva seu nome, lançado em 1938.
A partir desse conceito, Emmanuel fazia os apelos que se tornaram conhecidos: "não questiones", "não reclames", "não contestes".
Em muitos casos, isso é para salvar a pele de Francisco Cândido Xavier, sendo portanto um apelo em causa própria da deturpação espírita.
Sabe-se que, naquela época, muitos desconfiavam da literatura fake que Chico Xavier publicou atribuindo a escritores ilustres do além, um sensacionalismo que fez a FEB faturar horrores.
Daí que a FEB, na pessoa do presidente Antônio Wantuil de Freitas, e seu pupilo Chico Xavier, resolveram armar uma estratégia.
Criar uma campanha de não-questionamento que poupasse o suposto médium de ser desmascarado.
Um discurso bem elaborado no qual se atribuíam pretextos "sublimes" para o não-questionar.
"Não questione, acredite", era a síntese dessa falácia que arrancou lágrimas de comoção de muitos incautos e reforçou o conservadorismo extremo em muitas famílias.
Só que essa tese de Emmanuel / Chico Xavier / Wantuil vai contra os postulados kardecianos.
Allan Kardec, em seu tempo, sempre estava aberto ao debate. Ele, com humildade, aceitava ser questionado, desde que seja sempre à luz da lógica e do bom senso.
Kardec chegou a dizer que, se for comprovada pela Ciência alguma coisa errada na Doutrina Espírita, que então se dê razão à Ciência.
Tardiamente, Emmanuel tentou escrever algo parecido, mas de forma tosca e um tanto caricata que mais parece uma paródia não-assumida.
Mas o jesuíta sempre contrariou os postulados kardecianos quando apelava para o não-questionamento.
Além disso, fala-se no "tóxico do intelectualismo".
E o "tóxico da fé"? As paixões religiosas, tão mórbidas quanto a pornografia e as drogas, com o apego doentio a fantasias, dogmas e ritos bastante levianos no "espiritismo" brasileiro!
Como é que não se fala na intoxicação emocional das crendices cegas, da mistificação obsessiva, da idolatria fanática aos deturpadores do Espiritismo sob o pretexto da "caridade" que traz resultados muito medíocres?
Será que o culto a Chico Xavier também não é uma intoxicação emocional?
Nas "casas espíritas" de Uberaba, se observava uma energia bastante pesada, naquelas plateias lotadas movidas pelas mais mórbidas paixões religiosas.
O igrejismo medieval que Chico simbolizava, suas pregações pela Teologia do Sofrimento, ele mesmo virando um falso Cristo cuja idolatria mais se remete ao velocino de ouro.
E as mensagens de moralismo extremo, as mediunidades fake, os apelos igrejeiros, a música piegas que mais constrange do que relaxa, a emotividade gosmenta e perigosa...
Daí os apelos para ninguém questionar, para que se mantenha esse espetáculo mórbido que tanto diverte os espíritos inferiores.
Eles se entusiasmam ao ver um deturpador do Espiritismo promovido a um quase deus, blindado como Aécio Neves não pode mais ser blindado.
Isso é uma intoxicação emocional, e que claramente vai contra os ensinamentos kardecianos que veem nisso um perigoso processo de mistificação e fascinação obsessiva.
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