(Por Demétrio Correia)
As pessoas quando começam a ter noção dos problemas que afetam o "espiritismo" no Brasil reagem como crianças medrosas.
Uns, indignados, se atrevem a perguntar: "quem divulgou isso?", "de onde vêm tais informações".
Pouco importa se mencionarmos que são pessoas e fontes confiáveis que alertam sobre a deturpação do Espiritismo.
Preferem ficar com a visão oficial, bastante fantasiosa.
Preferem acreditar num Allan Kardec caricato, igrejeiro e que não correspondeu necessariamente ao que realmente foi o pedagogo de Lyon.
E, nas suas zonas de conforto, preferem endeusar os "médiuns" que vivem em seu culto à personalidade, se colocando até acima da suposta filantropia a que estão oficialmente associados.
Ficam com medo da menor contestação que surge, afirmando, com provas consistentes, que tal "psicografia" é falsa, como numa obra fake.
"Ah, mas são mensagens de amor! Como pode ser tão falso? Tantas lições de vida..." , reclama logo o acomodado diante da primeira desilusão.
A pessoa imagina não ser possível haver fraude em "mensagens positivas". Mas é possível, sim.
O próprio espírito Erasto afirmava que, às vezes, espíritos mistificadores (desencarnados e encarnados) podem dizer "coisas boas", e recomendou, neste caso, uma cautela ainda maior.
Afinal, é por trás de mensagens evocando "amor, Deus e caridade" que se escondem ideias levianas, sem nexo, sem lógica, mentiras e ilusões que tentam se impor como "verdades absolutas".
Erasto pedia, nestes casos, a maior cautela possível.
Mas os brasileiros fecharam os ouvidos, preferindo ir atrás de qualquer falácia que evocasse flores, corações, crianças pobres sorrindo, a estrela de Belém etc.
Questionar a deturpação espírita é uma tarefa tão complexa que a maioria dos questionadores só questiona a deturpação, mas poupa os deturpadores.
Ainda estão seduzidos pela imagem espetacular e sensacionalista do "médium filantropo".
Que, sabemos, é uma grande farsa.
Um pretenso médium, de atividade duvidosa, marcado pelo culto à personalidade e cuja "filantropia" causa resultados medíocres e só garante a promoção pessoal do referido "filantropo".
As pessoas se apegam ao que traz maior apelo emocional. É como se vissem a ratoeira não pela armadilha, mas pela isca colocada.
E quantos coraçõezinhos vermelhos e fofos são usados como isca pelos mistificadores da fé.
Quantos falsos sábios falam em "amor e fraternidade" para impor ideias levianas e improcedentes.
E as pessoas não abrem mão dessa ilusão.
Que me perdoem os anti-esquerdistas, mas Karl Marx teve razão quando disse que a religião é o "ópio do povo".
Ela entorpece a razão e as percepções humanas pelo seu apelo excessivo à emoção.
O "espiritismo" leva isso às últimas consequências, jogando no lixo os alertas urgentes de Erasto.
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