(Por Demétrio Correia)
Sabe-se que o "espiritismo" procurou crescer às custas da ideia de "nova era", pegando carona num pretenso futurismo esotérico.
Isso não vem do "movimento espírita", mas de grupos esotéricos e outras religiões que falavam em "novas transformações do universo".
Alegações de "mudanças transcendentais", "ampliação da mente", e outras formas místicas de trabalhar a emoção são muito conhecidas.
Distorcem-se movimentos espiritualistas orientais, surgidos muitíssimo antes do nascimento de Jesus e, recentemente, também distorcem as recentes inclinações hippies a esse misticismo.
Tudo se mistura com igrejismo medieval, feitiçaria, moralismo severo, Horóscopo de jornal etc, criando um engodo que nada contribui para a evolução do Ser.
E o "espiritismo" brasileiro, de raiz fincada em Jean-Baptiste Roustaing, se aproveitou desse discurso de Nova Era, em voga no Brasil dos anos 1970, para se rearticular.
Criou uma "fase dúbia" na qual uma parcela de roustanguistas passou a fingir que reconhece a urgência de recuperar as lições de Allan Kardec.
"Médiuns" educados no roustanguismo passaram a se autoproclamar "kardecistas autênticos" para agradar os espíritas genuínos que denunciavam a deturpação.
E a grande mídia passou a apoiar o "espiritismo" igrejista mas dissimulado, lançando mão de folhetins "espíritas" mais voltados ao moralismo do que à compreensão da vida espiritual.
E o caminho todo se deu sem que a chamada "Nova Era" viesse à tona. Em vez disso, uma profunda decadência da humanidade.
E o "espiritismo", de igrejismo em igrejismo, assumiu de vez a Teologia do Sofrimento e se reduziu a uma versão atualizada do velho Catolicismo jesuíta.
Como em muita malandragem existente no Brasil, o "espiritismo" se rebaixou a um "outro Catolicismo".
Não adianta os palestrantes estufarem o peito e fingirem pedir "maior respeito ao professor Kardec".
Eles mesmos, de uma maneira ou de outra, se deixam levar pelas águas refrescantes porém traiçoeiras do igrejismo.
Usam como pretexto a "afinidade com Jesus", que os permite tanto rejeitar, no discurso, a catolicização do Espiritismo quanto, na prática, exaltar aquilo que diz reprovar.
Com isso, diante das convulsões sociais que ocorrem no Brasil nos últimos anos, o "espiritismo" se revelou impotente.
Isso complica demais sua situação, e mais uma vez os deturpadores tentam prometer "recuperar as bases originais de Kardec".
Mais uma vez as raposas prometem reconstruir o galinheiro e os lobos, a recompor o rebanho de ovelhas.
Se é misericórdia o Brasil virar refém dos deturpadores do Espiritismo por causa de sua suposta "missão de caridade", é sinal de que o país não entrará numa Nova Era, mas numa Nova Já Era.
Comentários
Postar um comentário