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A consciência do erro e o orgulho em ser errado

(Por Demétrio Correia)

Há uma tendência das pessoas em admitirem seus erros na vida.

Mas existe uma grande diferença entre a autocrítica e o orgulho em cometer erros.

A pessoa que tem autocrítica apenas diz "eu errei e como fui prejudicado com isso" e afirma que "se voltasse atrás, não teria feito tal ação".

Ela sente consciência dos prejuízos que obteve com os erros.

Já aquela pessoa que tem orgulho em cometer erros age diferente.

"Quem nunca errou na vida", costuma bradar esta pessoa, mal disfarçando sua vaidade em cometer coisas equivocadas.

Esta pessoa orgulhosa se acha "gente como a gente", mas não é.

É apenas alguém querendo se promover com algum aspecto sombrio de sua personalidade.

É uma diferença enorme que poucos percebem.

Principalmente num Brasil movido pelas aparências e que se deixou levar pelos retrocessos sociais.

Além disso, a diferença da consciência do erro e do orgulho em ser errado é muito grande.

No primeiro caso, a pessoa sente o prejuízo que causou, a outrem ou a si mesmo, e deixa de errar por se arrepender da atitude que tomou antes.

No segundo caso, a pessoa não sente o prejuízo que causou e quer abafar as consequências dos atos, dizendo-se "consciente do erro" apenas para agradar os outros ou para evitar punições.

O sujeito que se arrepende do erro e conhece seus prejuízos procura rever sua situação e não erra mais porque sabe como isso lhe foi ruim.

O sujeito que se orgulha do seu erro, porque "todo mundo comete", é um arrivista que apenas quer evitar a decadência de sua pessoa e investe na falsa modéstia.

Daí ser muito perigoso acreditar em todo mundo que diz "somos falíveis".

O sujeito que diz "quem nunca erra?" ou "somos, sim, falíveis" é justamente aquele que tem medo de alguma reprovação séria e fatal contra si.

Ele tem medo de sofrer uma queda mortal ao despencar do alpinismo social em que se mete.

Ele tenta mostrar falsa modéstia, sobretudo em belas palavras ou em mensagens amigáveis.

Tenta conquistar a todos, como se pudesse, com isso, afastar de outrem a noção de que ele é o errado.

É um sujeito que tem medo de ficar sem a razão. Daí que se passa por "consciente" do seu erro, para evitar que outros lhe larguem em descrédito.

A falsa modéstia é a saída de emergência dos orgulhosos diante do risco de suas reputações caírem.

É, portanto, uma forma de proteger o orgulho sob a máscara da simplicidade.

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