(Por Demétrio Correia)
As paixões religiosas andam embriagando multidões e transformando pessoas em escravas da ilusão.
Vários pregadores religiosos tentam convencer que isso não é ilusão, mas a verdade é que se trata disso, sim.
As paixões religiosas são a pior ilusão que pode envolver um adulto e elas constituem num arremedo mais doentio das fantasias infantis.
As fantasias marcadas pela mitologia religiosa, as estórias que soam como "contos-de-fadas da vida real", a retórica de palavras bonitas e mensagens dóceis, tudo isso reflete o ardil que tanto alicia muitos e muitos adultos.
O "espiritismo" não está isento dessas armadilhas das paixões religiosas.
E tem o agravante de vestir a capa do "esclarecimento", do "realismo", da "objetividade" e da "racionalidade".
Sabemos o quanto é perigoso se render às paixões religiosas.
Isso revela, contraditoriamente, tanto um saudosismo das doces fantasias de infância como uma impotência de lidar com a própria realidade.
As paixões religiosas não são exclusivas do "espiritismo" e nem de qualquer religião em si.
Elas podem ultrapassar os limites institucionais da religião, podendo representar uma reação doentia a desilusões e outros obstáculos da vida.
Elas fazem com que internautas invistam em cyberbullying contra pessoas que não correspondem ao seu perfil social, étnico nem à sua opção sexual ou ao seu modo de pensamento.
Fascistas surgem por causa de desilusões muito mal digeridas.
Infelizmente, o próprio dinheiro, o próprio prestígio social ou os meios de lidar com certas condições, como usar a formação acadêmica ou outros tipos de favorecimentos, permite que teimosias se convertam em tiranias.
Na infância, é mais fácil lidar com uma desilusão.
A criança reage chorando ou com raiva, e até faz chantagem ao adulto à sua frente.
Mas depois para para pensar e aprende a lição.
O adulto tem mais dificuldades.
Ele usa de seu prestígio, dinheiro e outros recursos e pode prejudicar outras pessoas.
Pode praticar crimes contra a vida, por conta dos caprichos de suas teimosias pessoais e pela consciência de risco que um assassinato traz a seu autor.
Pode botar a ética para o lixo, pode cometer violências, instaurar golpes políticos.
Um grupo de políticos que hoje está no poder em volta do governo Temer não aceitou a perda de seus privilégios lamentáveis, porém históricos.
Hoje Temer e seus aliados, sobretudo do PSDB, estão envoltos em delinquências políticas e burocráticas que não são novas, mas se tornaram intensas de maio de 2016 até agora.
Para verificar a crise institucional que vive o país, a antes respeitável Academia Brasileira de Letras tem como membro uma nulidade como o jornalista Merval Pereira.
Da mesma forma, uma entidade antes de máxima importância como o Supremo Tribunal Federal conta hoje com o autoritário e irregular Alexandre de Moraes.
Adultos são capazes de destruir uma humanidade por causa de reações de teimosia às desilusões da vida.
Deveriam aprender com as crianças, a pelo menos parar para pensar diante do que realmente querem na vida.
Deveriam pensar antes de agir, antes de sacar o dinheiro ou investir na carteirada.
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