(Por Demétrio Correia)
Sabe-se que os brasileiros sucumbiram a dois tipos de obsessão alertados por Allan Kardec.
A fascinação obsessiva, que envolve um processo de adoração mórbida e uma confiabilidade cega nos mistificadores, tem como exemplo a adoração que se vê nos casos de Chico Xavier e Divaldo Franco.
"As grandes palavras como caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança. Mas através de tudo isso deixa passar os sinais de sua inferioridade, que só o fascinado não percebe; e por isso mesmo ele teme, mais do que tudo, as pessoas que vêem as coisas com clareza", alertou Allan Kardec em O Livro dos Médiuns no capítulo 23, item 239.
Isso encaixa muito em Chico Xavier, que sempre apelava para as pessoas "não questionarem", até pelo medo que ele, maior deturpador da Doutrina Espírita, teve em ser desmascarado de vez.
Mas existe também o caso da subjugação.
"A subjugação é um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado seu. Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo", alertou Kardec no citado livro, capítulo 23, item 240.
Ele descreve dois casos de subjugação, a moral e a corporal. No Brasil, a subjugação moral é mais típica.
"No primeiro caso, o subjugado é levado a tomar decisões freqüentemente absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão considera sensatas: é uma espécie de fascinação", escreveu o pedagogo francês no mesmo capítulo 23, item 240.
Observa-se que, neste caso, muitos que tentam investigar as irregularidades do "espiritismo", em especial a obra de Chico Xavier, são tomados de subjugação.
Juristas, acadêmicos e jornalistas, mesmo que apresentem suposta imparcialidade, não conseguem apontar irregularidades na obra do anti-médium mineiro, por mais que elas sejam explícitas.
Ou permanecem numa neutralidade irresolúvel, ou adotam uma postura favorável ao "médium".
Têm medo de mexer num mito religioso bastante consagrado e causar decepção nos fanáticos seguidores.
A falsa sensatez da neutralidade, confundida com imparcialidade e objetividade, reflete o absurdo da Justiça aceitar falsas psicografias, falsas psicofonias e falsas pictopsicografias.
Se eles envolvem "planos astrais" e são feitos "pela caridade", a Justiça aceita numa boa.
Aceita-se sobretudo que um "médium" vire "dono" de um morto, sob a desculpa do paranormal "melhor expressar" os anseios pessoais do suposto falecido.
O caso Humberto de Campos foi um exemplo.
Claramente havia irregularidades na obra "mediúnica", em relação ao legado que Humberto deixou em vida.
Mas os juízes preferiram a neutralidade, julgaram o processo improcedente e se ocuparam apenas na questão dos direitos autorais.
Deixaram tudo num empate que fez o mito de Chico Xavier crescer de maneira assustadora e muito perigosa.
Permitiu-se que um deturpador dos mais graves crescesse a ponto de ser considerado um quase deus.
Desmoralizou-se, portanto, todo o trabalho árduo, paciente e doloroso que Kardec havia feito.
E o mais assustador é que as pessoas ainda se chocam quando Chico Xavier é considerado "inimigo interno" da Doutrina Espírita.
Essa constatação não é fruto de um ataque movido pelo rancor e nem demonstração de intolerância religiosa.
A obra deixada pelo anti-médium, beato de Pedro Leopoldo, contraria frontalmente os ensinamentos de Kardec, o que se comprova comparando as duas bibliografias.
As pessoas têm que deixar as paixões religiosas, que se comprovam um processo de seduções, tentações e excitações dos mais perigosos e traiçoeiros.
Devemos criticar não só a deturpação do Espiritismo, mas também os deturpadores que a fizeram.
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