(Por Demétrio Correia)
De vez em quando, Francisco Cândido Xavier lançava livros de "reportagens" do "outro mundo".
Usurpando Humberto de Campos, ele o "reduziu" a um mero "repórter do além-túmulo", em alguns dos livros que levam o ilustre nome.
Mas até a mãe de Chico Xavier e o padre Emmanuel da Nóbrega também fizeram suas "reportagens".
Independente de serem esses livros ou de demais estilos, como romances, poemas, "ensaios científicos" etc, a obra de Chico Xavier já rompe com os propósitos normalmente usados pela imprensa.
Lembra o que a revista Veja faz hoje, que parece ser escrita por uma só pessoa.
Mas o normal seria que a imprensa, abrigando diversas correntes de pensamento, publicasse matérias que não refletissem necessariamente a opinião do dono de um veículo.
Pelo menos deveria ser assim no nosso jornalismo, atualmente naufragado pelo reacionarismo nervoso de grandes veículos.
Mas aí vemos o conjunto da obra de Chico Xavier e vemos que os "diferentes autores" refletem o pensamento pessoal do "médium".
Além disso, quando havia posições mais delicadas, Xavier escolhia Humberto de Campos / Irmão X para associação tendenciosa.
Como na acusação, em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de que índios e negros eram vistos como "selvagens".
Ou na terrível acusação de que as humildes vítimas do incêndio em um circo em Niterói, no final de 1961, teriam sido "romanos sanguinários" em outra encarnação.
Aí as pessoas acham cruel dizer que Chico Xavier teria se "vingado" da ironia nas crônicas de Humberto de Campos e o rebaixou de tudo quanto é forma.
Rebaixou-o a um mero sacerdote ortodoxo, vendo que Humberto havia sido ateu em vida.
Rebaixou-o a um escritor medíocre, de textos pesados, vendo que Humberto era membro da Academia Brasileira de Letras.
Rebaixou-o a um mero repórter sensacionalista do além, vendo que Humberto havia sido notável intelectual.
E rebaixou-o a um capacho dos interesses pessoais de Chico Xavier, já que em vida Humberto reprovou a "concorrência" da "literatura do além" com a produção literária dos vivos.
Humberto de Campos é um exemplo de como os mortos usurpados servem apenas para expressar "impessoalmente" o pensamento pessoal de um "médium".
Neste caso, as opiniões publicadas têm sempre que refletir a opinião do "editor" que se torna um "médium psicográfico".
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