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O gravíssimo dedo acusador de Divaldo Franco

(Por Demétrio Correia)

O que é o prestígio religioso. Viver do espetáculo das palavras bonitas, fazer uma filantropia de fachada, deturpar o Espiritismo e depois se considerar "fiel e rigoroso discípulo de Allan Kardec".

Ser palestrante "espírita" é moleza. Ser um suposto médium, exercer o culto à personalidade, de forma que qualquer evento "espírita" o coloque como centro das atenções, como a atração principal.

O problema é que, nos tempos de Kardec, um "médium" assim seria uma aberração, além de uma afronta grave às recomendações do Conselho Universal do Ensino dos Espíritos.

Mas num país em que se aceita até a atuação irregular de um juiz midiático como Sérgio Moro e todos vão dormir tranquilos com o "durão" Alexandre de Moraes assumindo uma das cadeiras do Supremo Tribunal Federal, o suposto médium e pseudo-sábio é adorado sem questionamentos.

O caso de Divaldo Franco é notório. Ele se revela até mais esperto do que o já esperto Francisco Cândido Xavier.

Afinal, o problema de Chico Xavier é que ele não escondia seu catolicismo escancarado e se meteu em confusões que não davam para esconder, embora pudessem ter sido abafadas.

Divaldo é diferente.

Adepto assumido de Jean-Baptiste Roustaing, segundo revelou José Herculano Pires, o anti-médium baiano no entanto tenta vender a falsa imagem de "kardeciano autêntico".

Com seu discurso verborrágico, Divaldo tenta dar a falsa impressão de que segue fielmente as lições do pedagogo francês.

Apareceu até posando para uma foto, fingindo que estava lendo uma edição em francês de O Livro dos Espíritos.

Em muitos casos, Divaldo até convence, com sua linguagem professoral que, ainda que antiquada, remetendo aos velhos professores dos anos 1940, é aceita até por parte de seus críticos.

Há incautos que acreditam recuperarem as bases kardecianas aproveitando alguma coisa de Divaldo.

Se é que há algo para aproveitar.

Muitos acreditam no pretenso intelectualismo de Divaldo Franco, sua oratória envolvente e teatral, seu texto empolado e suas declarações pedantes.

Só que, de repente, Divaldo dá suas derrapadas, para desespero daqueles que acham que, ao encerrar a vida, ele fará palestras no Céu.

Um juízo de valor de extrema gravidade ele fez sobre os pobres coitados que migravam de países em guerra no Oriente Médio para viverem na Europa.

Os países em questão são Síria, Jordânia, Egito, Líbano, Iraque, Nigéria e outros.

"No campo das deduções e de acordo com o meu pensamento, penso que aqueles que estão hoje, de volta à Europa, são os antigos colonizadores que deixaram, até hoje, a América Latina na miséria", disse o anti-médium, durante um congresso "espírita" na Espanha.

Divaldo acrescentou: "Como foi negado todo o direito aos seus residentes, como aculturaram os selvícolas, destruindo culturas veneráveis, pela Lei de Causa e Efeito aqueles estão retornando hoje à pátria, no estado de miséria, e que ameaçam os próprios países de onde saíram, para, um dia, buscarem a fortuna para o conforto europeu".

Apenas vagamente falou sobre os conflitos nos países do Oriente Médio, sem mencioná-los, preferindo se concentrar no conceito igrejista de "fraternidade":

"Mas, também me recordo dos grandes problemas que estão a acontecer no antigo Levante, graças às tropas muçulmanas. 'O Homem é o lobo do Homem' e, verificamos que estamos a transformar este lobo em cordeiro. Como sou optimista, acredito que em breve, o lobo e o cordeiro beberão no mesmo regato, em fraternidade", afirmou Divaldo.

É um juízo de valor descrito sob o mel das palavras dóceis e tranquilas, mas é bastante severo e cruel.

Ditas por um deturpador, cujo trabalho mediúnico é irregular, seguindo a péssima "escola" de Chico Xavier, evidentemente Divaldo não tem moral de supor encarnações passadas.

Ainda mais se ele se preocupar com encarnações muito antigas.

Atribuir de forma generalizada os infortunados do Oriente Médio que tentam a vida na Europa e são vítimas de imprevistos aos velhos tiranos europeus é uma leviandade.

É como se Divaldo tivesse dito: "eles pagam pelo que fizeram". Nada como ferir usando o mel das palavras. 

O "espiritismo" é a mancenilheira das belas palavras, que volta e meia despejam venenos mortais, torpedos que ferem os sofredores e só consolam os masoquistas.

Quem garante que TODOS os migrantes que tentam sair da África e Ásia em guerra para ir à Europa foram tiranos em outra vida?

Há algum dado científico que comprove isso? Não, não há.

Além do mais, é impossível que todo mundo tenha vivido tais épocas.

"Resgate coletivo" não existe, é desculpa para os "espíritas" juntar uma "massa" sob um mesmo infortúnio, como se criasse um "gado expiatório".

Assim, os próprios "espíritas" se comportam como se eles tivessem sido tiranos nos tempos do Império Romano, no alvorecer da Idade Média.

Esses tiranos juntavam pessoas de diferentes procedências para sofrerem juntas uma mesma tragédia, sob acusações diversas como inadimplência, heresia, prostituição, loucura e pequenos assaltos.

Essas multidões, presas em celas, eram depois jogadas para serem queimadas em praça pública ou devoradas por leões famintos nas arenas dos estádios.

Hoje vemos os "espíritas" fazerem o mesmo: juntar pessoas de diferentes procedências para atribuir a elas uma mesma tragédia, sob acusação de crimes atribuídos a encarnações anteriores.

Isso mostra uma hipocrisia aos "espíritas", que transformam vítimas em "culpadas".

O tratamento "misericordioso" não reduz a hipocrisia: afinal, os "espíritas" é que são os "bons" e "piedosos", mas os sofredores é que são os "desgraçados".

A "misericórdia" se reduz a uma mera moeda de concessão aos que "pagaram pelo que fizeram".

O moralismo "espírita" tem seus enigmas que poucos conseguem perceber, e ainda se arrepiam, apavorados, quando passam a ter alguma noção.

A deturpação da Doutrina Espírita tornou-se bem sucedida com esse verniz de "amor e caridade" que praticamente deixa os brasileiros reféns dos deturpadores.

Triste isso. Destruir o trabalho de Allan Kardec e sair totalmente imune nessa empreitada infeliz.

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