(Por Demétrio Correia)
Os brasileiros não costumam entender filosofia.
Praticamente não há alguém que possa ser considerado filósofo cujo pensamento ultrapasse séculos.
No Velho Mundo, temos uma longa linhagem que vai desde a Antiguidade até a década de 1960.
Filosofia é um termo de origem grega que quer dizer "amiga do saber".
Mas ela se manifesta pelo debate de ideias e pela elaboração de livros contendo um sistema de argumentos.
Embora muitos temas abordados sejam controversos, a filosofia sempre trabalhou conforme a lógica e a busca do saber.
É que a realidade era muito complexa para ficar lançando visões definitivas. Vinha uma corrente filosófica com determinadas ideias e, mais tarde, outra vinha contestar a anterior.
Infelizmente, no Brasil, filosofia tem outro significado.
São frases curtas que os preguiçosos costumam amontoar nas redes sociais, só para dizer que sabem alguma coisa.
Frases que misturam autoestima com conformação com o sofrimento, sem se decidir se ter prazer ou não na vida vale a pena.
Mas alguns engraçadinhos definem "filosofia" como um engodo que mistura abordagens abstratas que parodiam a escola greco-romana e delírios e devaneios místicos.
Nesse engodo se jogam livros de auto-ajuda e até dicas de Horóscopo.
O "espiritismo" brasileiro, infelizmente, é assim.
Eles lançam uma baboseira chamada "fé raciocinada", distorcendo os conceitos de Allan Kardec.
Se dizem buscar o conhecimento, mas são os primeiros a falar em "tóxico do intelectualismo".
Dizem defender o livre saber, mas pregam o controle do raciocínio.
Não aceitam que o raciocínio entre nos terrenos da fé, questionando dogmas e mitos.
Observar irregularidades na suposta mediunidade? Nem pensar!
Acadêmicos "espíritas" fingem que as observam, criam simulacros de trabalhos científicos, para depois deixar tudo como está.
O faz-de-conta "mediúnico" que não passa de propaganda religiosa e mostra aspectos estranhos à natureza pessoal do alegado falecido, é mantido impune, diante do questionamento impotente e natimorto.
Pessoas como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco se consagraram com textos prolixos, cheios de mistificação e mitologia, sem qualquer compromisso com a lógica e o bom senso.
E os seguidores mais estúpidos dos dois "médiuns" acham que eles "também são filósofos".
Quanta confusão mental.
O "espiritismo" já se tornou confuso por ter assimilado as ideias igrejeiras de Jean-Baptiste Roustaing.
Piorou quando botou o roustanguismo debaixo do tapete e fingiu recuperar as bases de Kardec.
Apesar da "fase dúbia" do "espiritismo" ser mais "conciliadora", supostamente reunindo "místicos" e "científicos", é a fase de maior hipocrisia.
E isso fez o "espiritismo" se tornar ainda mais confuso. E bem mais longe de sua missão de conciliar Ciência, Filosofia e Moral (esta substituída roustanguistamente pela Religião).
O "espiritismo" não cumpre sua promessa de transmitir e buscar o Conhecimento.
Em muitos casos, se comporta como inimigo do Saber.
Portanto, a "filosofia" do "espiritismo" que considera Chico Xavier e Divaldo "pensadores" e, na verdade, anti-filosófica.
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