(Por Demétrio Correia)
Ninguém para para refletir sobre o espiritismo deturpado feito no Brasil.
As pessoas aceitam, porque há desculpa para tudo.
Há desculpa para os "espíritas" serem catolicizados, pela suposta afinidade com a fé cristã.
Há desculpa para a perda de estilo das mensagens "mediúnicas", porque o morto doou seu estilo "para a caridade" e investe agora na "linguagem universal do amor".
Há desculpa para entender errado o pensamento de Allan Kardec, porque achá-lo racional demais.
E há desculpa para fugir do pensamento de Kardec, por achar que ele está "ultrapassado".
Deturpadores da Doutrina Espírita logo correm para se esconder sob um grupo de pessoas pobres que lhes servem de escudo.
Se apressam em forjar projetos "filantrópicos", que pouco ajudam.
Criam todo um aparato ideológico no qual as doutrinárias são sempre embaladas por fundos musicais relaxantes, toda postura de mansidão e bondade, clima de alegria etc etc.
Tudo parece muito lindo.
Mas tudo é feito para manter a deturpação, um pseudo-kardecismo a que se tornou o roustanguismo politicamente correto de hoje.
E os deturpadores sempre veem com discurso de "fraternidade".
"Vamos nos unir, sermos irmãos, promover a paz no Cristo, espalhar a fraternidade".
Claro, um apelo assim fica fácil. Mas nossa sociedade complexa não permite tais coisas.
O problema está sempre em que vamos "ser fraternos".
Vamos ser fraternos na pseudo-mediunidade das mensagens despersonalizadas que seguem o pensamento pessoal do "médium"?
Vamos ser fraternos no moralismo conservador e nos juízos de valor aos quais nossa individualidade é vista como "frescura"?
Vamos ser fraternos na condenação ao raciocínio crítico quando este põe em xeque os valores das paixões religiosas?
Vamos ser fraternos na usurpação dos nomes de mortos famosos, que serve para alimentar o prestígio, a fama e o sensacionalismo dos supostos médiuns?
Vamos ser fraternos em fantasias nunca cientificamente sequer testadas, como "colônias espirituais" e "crianças-índigo"?
Da mesma forma, vamos ser fraternos com bobagens como "resgates coletivos", em que pessoas de diferentes procedências sofrem um mesmo infortúnio ou tragédia como um "gado expiatório"?
Vamos ser fraternos na fraude, na mentira, na mistificação, e acreditar que "mentira de amor" não dói?
Daí o grande problema que os deturpadores da Doutrina Espírita criam. Que na verdade é uma porção de problemas que, aceitos socialmente, prevalecem.
A desonestidade fraterna só premia a desonestidade, que usa as pessoas pobres como escudo, através da desculpa da "caridade".
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