(Por Demétrio Correia)
Uma questão ronda os debates sobre a crise que atinge o "espiritismo" no Brasil.
Qual dos dois anti-médiuns recebe mais blindagem da sociedade, Francisco Cândido Xavier ou Divaldo Pereira Franco?
Nota-se que, em que pese o mesmo igrejismo, há diferenças em torno de Chico Xavier e Divaldo Franco, não fosse só pelo fato de que este ainda está vivo.
Chico Xavier tem trajetória mais antiga e esteve envolto em escândalos de arrancar os cabelos.
O mineiro era pouco sutil e seu igrejismo era muito mais do que escancarado, ele não tinha a habilidade de se passar por pretenso cientista, apesar de alguns livros "científicos" publicados.
Já Divaldo Franco oferece aspectos bem mais sutis.
É verborrágico e adota um ar professoral que faz muitos acreditarem que "ele, sim, é kardeciano de verdade".
Cria uma oratória mais envolvente que dá um verniz intelectual até a muitas das mistificações que transmite.
Divaldo é capaz de, sozinho, se passar por "intelectual", "cientista" e "grande literato", enquanto Chico Xavier só forjava tais qualidades através da atribuição a terceiros, no caso, as almas do além.
Melhor explicando: enquanto Chico Xavier precisava de "André Luiz" para ser "intelectual" e "cientista" e da usurpação dos nomes de escritores mortos para se atribuir como "médium literato", Divaldo Franco podia se passar por tais coisas sem precisar dos mortos.
Basta a verborragia espetacular de suas palestras e o pedantismo nas participações em programas de rádio e TV ou entrevistas diversas, sempre se pretendendo possuir respostas prontas para tudo.
Talvez, diante das confusões causadas por Chico Xavier, é a vez de Divaldo Franco ser o mais blindado, principalmente nas redes sociais, como o portal de vídeos do YouTube.
A verdade é que Chico Xavier ainda vem do tempo de um roustanguismo mais declarado.
E sua trajetória foi marcada de muitas confusões, tanto que foi preciso exportar um método publicitário do jornalista inglês Malcolm Muggeridge para criar uma "imagem limpa" de pretenso filantropo que Chico Xavier ganhou para a posteridade, com ajuda da Rede Globo.
Divaldo Franco, não. Ele é um produto mais recente, moldado aos padrões da "fase dúbia", bem mais dissimulada e supostamente mais "equilibrada".
Ele já é um paradigma de um "espírita" pretensamente "fiel a Kardec", que pratica seu igrejismo até com muito entusiasmo, mas sob um aparato que dá a falsa impressão de recuperar as bases espíritas originais.
Além disso, Divaldo é o "coringa" do baralho espiritólico, quando não houver meios para salvar a reputação de Chico Xavier.
Divaldo parece ter um "mentor" (ou melhor, obsessor e espírito declaradamente autoritário, portanto, inferior) mais engenhoso do que Chico Xavier.
Xavier contava com a influência do padre Manuel da Nóbrega, o Emmanuel, que não se desfez de seus cruéis preconceitos sociais dos tempos de jesuíta.
Franco contou com a presença da suposta Joana Angélica, que assim não teria sido, do contrário da equivalência Emmanuel/Manuel da Nóbrega de Chico Xavier.
Joana de Angelis não teria sido Joana Angélica nem qualquer outra Joana, mas o Máscara de Ferro, antigo obsessor de Divaldo, transmutado em um "nome ilustre".
Evidentemente, tanto Chico quanto Divaldo personificam os deslizes do Espiritismo alertados em O Livro dos Médiuns.
O referido livro, um dos mais importantes da obra do professor Kardec, desmonta os dois "médiuns".
Mas, diferente do que ocorreu com Chico, Divaldo tenta sobreviver a uma parcela de críticas.
Talvez ele seja mais blindado, conforme se vê nos canais do YouTube, e pelo próprio verniz de "intelectualidade" que Divaldo cumpre com habilidade teatral.
O que, no entanto, não o livra da imagem de um grande e perigoso deturpador do Espiritismo.
Até porque as piores armadilhas são sempre as mais sutis.
Neste sentido, Divaldo Franco é pior do que Chico Xavier, por pior que este tenha sido com os prejuízos causados à Doutrina Espírita.
Comentários
Postar um comentário