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O perigo do Ad Passiones na propagação do "espiritismo"

(Por Demétrio Correia)

Note essa ilustração. Ela é muito, muito grave.

Uma grande tolice, puramente igrejista.

Uma Terra com formato de coração, com ênfase no mapa do Brasil.

Sobre o "planeta-coração", a palavra Espiritismo e, acima, sua pretensa definição: "Ciência do Amor".

Pura tolice.

Não é uma definição objetiva.

A análise discursiva do termo "Ciência do Amor" revela, na verdade, a subordinação da Razão à Fé (simbolizada pelo paradigma religioso de "Amor").´

Submete uma palavra referente a um processo de busca de ideias concretas e precisas a uma outra palavra sem ideias precisas e sujeita a interpretações das mais diversas e contraditórias.

Essa grande tolice, que em nada traz de benéfico à compreensão do legado de Allan Kardec, é um exemplo de como o "espiritismo" deturpado usa do "apelo à emoção" para atrair as pessoas.

A Ciência pressupõe o raciocínio e à resolução de dúvidas.

O Amor, pelo paradigma da religião, pressupõe apenas a crença em ideias que podem ser pura fantasia e mistificação.

Essa estratégia é apenas um dos muitos apelos existentes.

Os mais comuns: crianças pobres sorrindo, paisagens com céu azul com nuvens brancas ou de bosques floridos.

Palavras lindas, como "fraternidade" e "caridade", usadas para forçar o apoio do público ao igrejismo que desnorteia a Doutrina Espírita no Brasil.

Essa estratégia é uma falácia intitulada "apelo à emoção", ou "Argumentum Ad Passiones".

Ele é conhecido também apenas como Ad Passiones.

É um recurso falacioso que transformou os supostos médiuns em estrelas, em ídolos religiosos, em pretensas unanimidades.

O Ad Passiones é considerado por analistas de Comunicação como falácia, porque usa apelos emotivos para produzir comoção alheia e arrancar apoio do público.

Falácia é o mesmo que falsidade, sendo um enunciado ou ideia falsa que é difundida como se fosse verdade.

Muitas ideias contrárias aos ensinamentos de Allan Kardec, como a presunção de sabedoria prévia e a inserção de ideias sem lógica nem bom senso, são difundidas mediante este apelo.

O mais hipócrita: seus perniciosos divulgadores manifestam "respeito absoluto" aos ensinamentos do Codificador.

Isso é muito perigoso, e o "espiritismo" deturpado que temos cresceu de maneira assustadora, como uma bola de neve.

A busca do Google, Facebook e YouTube já revelam essa grave situação.

O que se vende como Espiritismo nas redes sociais não é a doutrina de Allan Kardec, mas sua forma deturpada.

Até Divaldo Franco aparece muito mais em referências do que o pedagogo francês.

Segundo José Herculano Pires, o anti-médium baiano tem formação roustanguista, ou seja, se baseou nos livros do deturpador pioneiro Jean-Baptiste Roustaing.

Daí ser até deplorável que Divaldo Franco se venda sob a falsa imagem de um "kardeciano exemplar".

Esse rol de contradições diversas existentes no "movimento espírita" nas últimas décadas, já a partir do exemplo de Francisco Cândido Xavier, causa a crise violenta que atinge o movimento.

Chico Xavier causou muita confusão com pretensa mediunidade, feita sem qualquer cuidado ou estudo sério, mas com a intuição de se autopromover usurpando os mortos e escrevendo por eles.

O anti-médium mineiro fez das suas, mas usou do Ad Passiones para se autopromover.

Foi o Ad Passiones que fez Humberto de Campos Filho se calar e arquivar o processo contra o "médium", que poderia ter se arrastado por anos.

Daí que o "espiritismo" que temos não é mais do que um engodo religioso piegas e moralista, dos mais retrógrados.

Houve uma marcha-a-ré em relação aos ensinamentos de inspiração iluminista de Kardec, em direção às bases do Catolicismo jesuíta do Brasil-colônia.

Essa situação, de extrema gravidade, manchou o legado kardeciano, e essa mancha mortal é camuflada pelos artifícios do Ad Passiones.

Daí o êxito da deturpação da Doutrina Espírita no Brasil, país em que se costuma sucumbir às tentações da emotividade cega.

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