(Por Demétrio Correia)
O grande fracasso do "espiritismo", com certeza absoluta, é sua apologia ao sofrimento humano.
Usando como desculpas os "resgates espirituais" e "reajustes morais" (troque as palavras "resgate" e "reajuste" que o resultado dá no mesmo), eles pouco estão aí para a desgraça alheia.
Acabam se inspirando na Teologia do Sofrimento, a corrente medieval do Catolicismo, que foi trazida aos "espíritas" por Francisco Cândido Xavier.
Aí o desinformado metido a bem informado diz: "Mas não foi Chico Xavier que disse defender a Teologia do Sofrimento. Isso é invenção sua!".
De fato. Nenhum "espírita" pronunciou a palavra "Teologia do Sofrimento" em qualquer ocasião que fosse.
Mas a Teologia do Sofrimento aparece nas próprias ideias trazidas por Chico Xavier.
Se alguém conhecer a Teologia do Sofrimento, verá que o "médium" mineiro defendeu a ideologia, sim, com suas próprias palavras.
Na versão católica, a Teologia do Sofrimento diz que o "sofrimento é o caminho para obtenção de graças divinas".
Seus ideólogos afirmam que "sofrer é o atalho para a felicidade humana junto a Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo".
Agora leia as ideias de Chico Xavier sobre o sofrimento. São exatamente a mesmíssima coisa.
E isso sem dizer se professa ou não, em tese, a Teologia do Sofrimento.
A prática vale mais do que mil teorias e o "espiritismo" demonstra, na prática, aquilo que nunca assumiu na teoria.
Quantos palestrantes "espíritas" se assustam quando são acusados de fazer propaganda da Teologia do Sofrimento.
Eles, que no começo diziam, de peito estufado, que "o sofredor teria que aguenta, quieto e sem reclamar, as desgraças acumuladas em sua vida", recuam em seguida.
Agora mais medrosos, eles vão logo tentando se explicar: "não, não falamos em 'amar o sofrimento'. Vocês entenderam mal. O que quisemos dizer é aceitar desafios, provas na vida" etc.
No primeiro momento, dizem para as pessoas "amarem o sofrimento", "nunca reclamarem um segundo sequer" e "economizarem nos prantos o máximo que puder".
No segundo momento, são eles que se assustam e recuam das próprias "recomendações" que outrora diziam com convicção pétrea de pretensa sabedoria.
Amaciam as palavras, antes duras feito chumbo, e tentam um papo mole: "mas, vejamos, o sofrimento só vem na dose que você pode suportar. Reveja seus conceitos e necessidades, que saberá o quanto você deve e pode fazer para se tornar feliz".
Numa ocasião, dizem que o "sofredor tem que combater seu pior inimigo, que é ele mesmo".
Depois, os "espíritas" vão dizendo para o sofredor "não se suicidar" e "valorizar a vida e ter amor próprio".
Que confiança podemos ter em pessoas que ferem os outros com palavras e depois tentam aparar as feridas com explicações envergonhadas?
E que amigos podemos ter entre aqueles a quem recorremos nos momentos mais difíceis, e eles mais parecem se comprazer com o sofrimento alheio?
Quantos juízos de valor, quanta apologia à desgraça humana, quanta desumanidade se observa entre os "espíritas".
Que amigos se esperam em quem defende que o outro deva suportar desgraças?
Assim a gente perde tempo gastando passagem de ônibus, perdendo preciosas horas de nossas vidas, indo para "centros espíritas" que, depois, nos revelam fonte de azar e maldição.
Com amigos como esses, quem precisa de inimigos? Ainda mais "bondosos amigos" que dizem que nós somos nossos próprios inimigos!
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