(Por Demétrio Correia)
Você vive uma realidade que a seus olhos lhe parece estável.
Uma "perfeição" da imperfeição, que faz você dormir tranquilo diante das confusões da vida.
Você tem uma concepção de mundo que julga ser "racional" e "objetiva", mas envolve crenças absurdas.
Você discute com as pessoas que tentam lhe dar um esclarecimento aos problemas que você se recusa a assumir.
Você não sabe, mas é manipulado pelo poder da mídia, principalmente da Rede Globo.
Você diz não gostar da Globo e não ser influenciado por ela, mas pode exercer sua influência, sim, sobretudo na forma de ver o mundo.
Se você é "espírita", isso pode lhe dar um exemplo.
Você imagina que o Espiritismo, no Brasil, é uma doutrina marcada pela coerência e o bom senso.
Acha que a mistura de valores católicos com postulados espíritas é "natural" e "saudável".
Não verifica as coisas, porque você, se achando portador de uma visão "objetiva" do mundo, não está aí para o que julga ser "uma perda de tempo".
Acaba cometendo um grave equívoco.
A Rede Globo, explicitamente, lhe forneceu aquela compreensão "equilibrada" que você tinha da Doutrina Espírita.
Você teve educação católica, recebeu também uma pedagogia televisiva, e por isso vê o mundo com as lentes dos executivos da Globo e não percebe.
E ainda fala mal da Globo e diz que não é influenciado.
Fala suas gírias, tem suas visões sobre política e sociedade, ouve as músicas que fazem sucesso.
Tudo lhe é herdado do que a Globo veicula como sendo uma abordagem "imparcial" e "realista" ou como aquilo que compõe esse "mundo global".
Absorve tudo isso achando que é o mundo que está além da Globo e que apenas é encaixado "inocentemente" na programação da emissora.
Aceita tudo achando que são abordagens "acima de ideologias" e de "qualquer ponto de vista".
Um "mundo" que "não lhe é perfeito", mas que você prefere aceitar sem questionamento.
E ignora o quanto figuras como Francisco Cândido Xavier correspondem a essa forma midiática de compreensão do mundo, de bondade, de religião.
Acha que Chico Xavier está acima das mídias, se esquecendo de que sua reputação foi construída durante anos pelo poder da FEB e, mais tarde, pelo poder da Rede Globo aliado a esta entidade.
Uma visão espetacularizada de "bondade", que mais promove o "benfeitor" do que ajuda os necessitados.
Você acha natural até haver poucos benefícios, como se houvessem "obstáculos" a essa "caridade".
Ou então você acredita que essa "caridade" ajuda "muita gente", sem se preocupar com dados concretos.
Sobre Chico Xavier, Divaldo Franco, João de Deus e o que vier, você imagina que é natural haver supostos médiuns dotados de culto à personalidade e associados a uma aparente filantropia.
Você é induzido pela Globo a cultuar essas pessoas como "símbolos de ativismo social", quando o que eles fizeram ou fazem é quase nada, mais preocupados com a promoção do prestígio religioso.
Como você vê essa mesma abordagem nas mídias concorrentes, acha que isso não tem a ver com poder midiático.
Tem, sim.
Uma "bondade" restrita a um subproduto religioso e seus ídolos, uma "caridade" espetacularizada.
Ações que ajudam muito pouco, pois, se realmente ajudassem, o Brasil seria outro.
Temos anos e anos dessas "filantropias" e o Brasil só está pior.
Os "espíritas" vão para a mídia dizer que "as coisas estão melhorando" mas ninguém vê isso acontecendo.
E temos agora um país mais voltado ao egoísmo, através da terceirização do mercado de trabalho e das reformas trabalhista e previdenciária.
A mesma mídia que defende esses retrocessos defende o medievalismo do "espiritismo".
Coincidência?
Aproveite seu próximo repouso num sofá para perceber se você não está mesmo sendo manipulado pela grande mídia.
Admitir que sim, pelo menos, diminui o grau de alienação.
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