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Prestígio religioso não é garantia para o "espírita" poder tudo

(Por Demétrio Correia)

O "espiritismo" brasileiro cometeu erros gravíssimos.

Sua deturpação foi longe demais, justamente quando seus membros prometiam a recuperação das bases doutrinárias.

Não cumpriram o que prometeram.

A "recuperação" só ficou na retórica, na letra morta, ou melhor, na letra desencarnada.

O que se viu foram evocações tendenciosas, pedantes, bajulatórias, ao nome de Allan Kardec.

Ou a evocação, da mesma forma pedante, de personalidades científicas e ativistas sérias.

Como é fácil um "espírita" escrever um texto com ideias roustanguistas, depois ficar evocando Kardec e Erasto, para em seguida bajular personalidades que realmente fizeram pela humanidade.

Como é fácil, no hábil desfile das belas palavras, citar Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Albert Schweitzer, Dom Paulo Evaristo Arns, Paulo Freire.

Como as palavras são enfeitadas de flores e têm sabor de mel, vale entrar em contradição. É só terminar um texto falando que "todos somos irmãos".

Promover a fraternidade do Bom Senso com o Contrassenso.

Mas os "espíritas" não podem tudo.

Eles acham que podem se contradizer, falar uma coisa e fazer outra, ou falar uma coisa e desmenti-la depois, e se acharem com o ingresso garantido no jantar dos puros no Céu.

Eles acham que podem pressupor as vontades de todo mundo, contrariando justamente seus auxiliados que dizem que o que querem não é o que as circunstâncias impõem.

Pessoas têm desejos e projetos que não dependem da vontade dos "espíritas".

Os "espíritas" não podem sair fazendo juízo de valor, evocando encarnações antigas e superadas para explicar sofrimentos recentes.

Como também não podem julgar as vontades dos outros, dizendo "o que fulano quer e necessita é ilusão; ele que se contente com as imposições que lhe são adversas, aceite e trabalhe".

Não, não é assim.

O "espírita" se acha um "Deus em miniatura", a se achar juiz das vontades das pessoas, a ficar dando pitaco no que fulano e sicrano foram em encarnações longínquas.

Quem vai recorrer a uma religião dessas, que se autoproclama com rótulos tolos como "ciência do amor" e "religião da fraternidade"?

Não há como. Você sofre, recorre ao "espiritismo", viaja para longe para um "centro espírita" tido como conceituado, faz tratamento e sua vida se torna um azar pior do que antes?

E aí quando você fala para um funcionário do auxílio fraterno que está sofrendo dificuldades intransponíveis, infortúnios graves etc, o atendente diz que você "está no caminho certo".

Quer dizer, você sofre desgraças e o "espírita" vai logo dizendo "é isso mesmo, é este seu caminho".

Quantas passagens de transporte desperdiçadas. Quantos dinheiros gastos com refeições, quantas longas esperas por um tratamento para tudo dar em nada e ficar nisso mesmo.

Aliás, ficar, não. Piorar mais ainda.

Tantas pessoas reclamam de terem feito tratamentos espirituais e a vida piorar mais do que era antes.

Elas passam a ter saudade até de quando tinham apenas dificuldades.

Tem rapaz que tem saudade até das flexões de braço que fazia durante o serviço militar, ao ver que, após um tratamento espiritual, "ganhou de presente" um cyberbullying de um desafeto na Internet.

O "espiritismo" se demonstrou hipócrita, prepotente, demagogo, dissimulador e ainda faz juízo de valor.

Se deixou valer pelo prestígio religioso e pelas palavras perfumadas, enfeitadas, adocicadas.

Quantos holocaustos não se escondiam pelo mel das palavras?

Quantas maldições, embaladas de "mensagens de amor", envoltas em melodias tenras?

Isso somos nós que dizemos? Não. As circunstâncias funestas que vivem aqueles que entraram em contato com essa seita é que dizem.

Paciência. Os "espíritas" é que se deixam levar por energias maléficas.

Com a deturpação da Doutrina Espírita, atraíram as mais diversas espécies de espíritos maléficos ou zombeteiros, que por protocolo até se passam por cordatos, por sábios e até por benévolos.

Nem as "dóceis" músicas "espíritas" os afastam. Aliás, os espíritos inferiores são os que mais gostam dessas canções.

O "espiritismo" paga por sua desonestidade doutrinária e por seu complexo de superioridade travestido de "humildade".

Aliás, a dissimulação acaba sendo a pior das desonestidades, e não adianta deturpar e depois evocar Kardec, Erasto, Luther King, Moisés, Karl Marx e o que vier na mente.

Os erros "espíritas" são só deles, deturpadores dos ensinamentos da Codificação, que não podem estar acima de tudo e de todos, porque ninguém pode ser assim.

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