(Por Demétrio Correia)
Por que muitos brasileiros não têm coragem de criticar a deturpação que atinge a Doutrina Espírita no país?
Por que ninguém se atreve a contestar irregularidades na prática mediúnica e na transmissão dos postulados espíritas?
As pessoas leem os textos contra a deturpação, concordam em parte, mas recuam de medo.
A ideia de contestar os deturpadores, os festejados "médiuns", lhes traz muito medo.
Acham que vão ter pesadelos com as almas do "outro mundo".
Ou, na mais típica das hipóteses, têm medo de ir contra o prestígio religioso dos deturpadores, que no seu ponto de vista "praticam caridade".
As pessoas se limitam a contestar a deturpação e poupam os deturpadores.
Assim, os deturpadores, não se sabe de que forma, podem ser, em tese, aproveitados quando se recuperar as bases kardecianas.
Desta forma, os críticos da deturpação reabilitarão até Emmanuel e seu igrejismo medieval.
Daqui a pouco vão fazer tratados biológicos com supostos atos sexuais em colônias espirituais.
Ou talvez se crie uma filial do canal Animal Planet em Nosso Lar.
Ou então considerar verídico até enfrentar tubarões em rio nas regiões do umbral.
E tudo isso em nome da "fidelidade absoluta" e do "respeito rigoroso" às bases kardecianas originais.
O medo de aprofundar questionamentos, por causa de melindres aqui e ali, como não pôr em xeque a "boa imagem" dos "médiuns", pode fazer qualquer um cair nesses ridículos.
De complacência em complacência, os críticos da deturpação espírita recuam tanto que vão achar lindo até haver gatinhos e cachorrinhos no Céu.
Típica atitude de complacência e condescendência aos "médiuns" que já corrompem a atividade através do culto à personalidade.
Mas aí o pessoal fica com medo. "Culto à personalidade? Como, se os 'médiuns' sempre demonstram humildade e simplicidade?".
Não, eles não mostram humildade e simplicidade. Isso é jogo de cena.
O medo de enfrentar tais questões chega a ser pior do que muitas fantasias infantis.
Deixa-se de acreditar em Papai Noel com mais facilidade do que se deixa de acreditar na "superioridade" de um Divaldo Franco.
Mesmo os críticos da deturpação espírita têm dificuldades se de desfazer dos livros de Francisco Cândido Xavier.
Se limitam apenas a desfazer dos livros de Emmanuel.
"Nosso Lar...? Isso é pura ficção, não é? Ah, mas é uma concepção muito bonita, jardim florido, prédios imponentes, gente amiga...", diz o contestador de vontade frágil.
Uns até se desfazem da maioria dos livros de Chico Xavier. Mas com muita dificuldade.
Os livros de Divaldo, então, há um mal-estar. "Aquele jeito de professor, deixa eu ver se ele é mesmo um deturpador".
E aí, pronto, acredita-se na farsa das crianças-índigo, que esconde até discriminação social contra crianças pouco convencionais.
A deturpação, que no primeiro esforço admite que Chico e Divaldo "entenderam mal Kardec", com análises corretas e pertinentes, morre na primeira complacência.
A pessoa recua, recua e recua até aceitar a deturpação e virar igrejista sem perceber.
E, aí, adeus Allan Kardec.
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