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Você pode ser conservador e não sabe

(Por Demétrio Correia)

O Brasil tem um grande cacoete.

Tenta negociar o novo que é inovador para que ele não afete o velho que está obsoleto.

Preservamos coisas antiquadas, decadentes, porque elas são "tradicionais".

Apenas absorvemos parcialmente as novidades, para que o "novo" se reduza a uma maquiagem do "velho".

As pessoas ultimamente não estão gostando dos questionamentos à deturpação do Espiritismo que se multiplicam na Internet.

Acham que os questionamentos "vão longe demais", que cometem "radicalismo" e coisa e tal.

Quando a crítica à deturpação chega aos deturpadores, ninguém gosta.

Acha que não se pode questionar os deturpadores porque eles são "bondosos".

Quer dizer, denuncia-se um erro e inocenta quem o cometeu. Então, quem é o culpado da deturpação da Doutrina Espírita? O Saci-Pererê?

Jean-Baptiste Roustaing é adaptado explicitamente pelos "espíritas" brasileiros e estes não podem ser responsabilizados?

Tomados de paixões religiosas, mesmo os críticos da deturpação espírita apresentam limites.

Paciência, o Brasil está cheio de gente pretensamente moderna que parece associada à transgressão mas tem alguma raiz obscurantista latente.

Temos roqueiros que, símbolo de rebeldia e insubmissão, defendem a volta da ditadura militar.

Temos artistas plásticos e poetas modernistas que no fundo sempre defenderam valores medievais.

Temos, nas redes sociais, jovens com pinta de surfista, universitário, hippie e skatista, que foram os que mais defenderam o golpe político ocorrido no ano passado e que pôs Temer no poder.

Temos mulheres que se dizem feministas mas apelam para um sensualismo grotesco e abertamente machista.

Temos ateus e agnósticos que não esquecem suas raízes católicas, por sinal das mais enferrujadas.

Daí que os críticos da deturpação do Espiritismo estão ainda muito longe de Allan Kardec e do contexto intelectual em que ele viveu.

Muitos desses críticos guardam em si uma formação católica conservadora, trazida por seus familiares.

Noções igrejeiras e medievais de "bondade", mais próximas do moralismo e seus preconceitos do que da verdadeira vontade de ajudar o próximo.

Daí que muitos dos críticos da deturpação espírita são vulneráveis às paixões religiosas que os fazem inocentar os deturpadores.

Se eles se incomodam em ver Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco serem duramente contestados, é porque há resíduos do velho Catolicismo jesuíta em seus inconscientes.

Por isso a crítica à deturpação fica pela metade, como uma planta frágil que morre diante da primeira luz do sol.

As pessoas no Brasil deveriam pelo menos assumir que são conservadoras, retrógradas, ultrapassadas.

E não ficar pensando que seu conservadorismo é progressista ou atemporal ou "acima da esquerda e da direita".

Há valores obsoletos e decadentes que pessoas "modernas" zelam com estranha persistência.

Reacionários surgem diante de "embalagens modernas" de muitos jovens "arrojados" ou de pessoas supostamente "de vanguarda".

Quantos personagens da nossa cultura, associados a tanto vanguardismo, sucumbiram a um reacionarismo tão rasteio!

Daí ser compreensível que muitos críticos da deturpação espírita parecem querer poupar Chico Xavier e Divaldo Franco.

É porque no fundo esses críticos são pessoas muito conservadoras, marcados ainda por uma formação católica apostólica romana, presos às tentações confortáveis das paixões religiosas que estabelecem seus mitos.

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