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A crise de Michel Temer e do "espiritismo" brasileiro

(Por Demétrio Correia)

O governo Temer é "espírita"? Parece que sim.

Os "espíritas" já definiram as passeatas do "Fora Dilma" como "momento de regeneração".

Como se até pedir "intervenção militar" fosse o primor de luminosidade humanitária.

Mas, também, se o próprio Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, defendeu a ditadura militar, espera-se que os "espíritas" apoiem até Jair Bolsonaro.

O governo Temer conta com uma agenda que deixa os "espíritas" com água na boca.

Temer defende a precarização do mercado de trabalho, com menos salários, mais carga horária e menos garantias.

Para o "espírita" isso é ótimo, porque o que as pessoas só terão na frente é "serviço" (eufemismo para "servidão").

Temer defende a aposentadoria para mais tarde, no mínimo 65 anos de idade, o que para muita gente é uma aposentadoria póstuma, diante de tantos desgastes do "bom serviço".

Para os "espíritas" é maravilhoso, porque a pessoa será "abençoada" na "verdadeira vida", é tanta servidão que só mesmo na morte é que virão as tais "bênçãos futuras".

E aí, nada como uma aposentadoria póstuma como "presente" para os "felizes irmãos".

Michel Temer representava aqueles estereótipos de "moderação" e "disciplina" tão exaltados pelos moralistas do "espiritismo" brasileiro.

O moralismo "espírita", sabe-se, confunde "desgraça" com "desafio", "servidão" com "serviço" e acha que sofrer dificuldades extremas e perder o controle do próprio destino é "o máximo".

Michel Temer queria levar o Brasil aos padrões de sociedade e mercado de trabalho anteriores à Revolução de 1930, talvez até antes da Lei Áurea ou, quem sabe, do Sete de Setembro e da vinda da família real ao Brasil, em 1808.

O "espiritismo" queria regredir o Brasil aos padrões de fé e raciocínio do período colonial, porque a religião "kardecista" está gradualmente se transformando numa versão repaginada do velho Catolicismo jesuíta de herança medieval.

O governo Temer está sofrendo uma grave crise, porque suas medidas são consideradas não só impopulares, mas antipopulares.

O "espiritismo" também sofre uma grave crise, até pior que a de Temer, por causa dos postulados medievais, cada vez mais distantes dos ensinamentos do pedagogo francês Allan Kardec.

Ambos, Michel Temer e o "espiritismo", sofrem baixíssima popularidade, e, até pouco tempo atrás, era blindado pela mídia reacionária.

Hoje, o "espiritismo" continua blindado, mas não se sabe até quando, mas a verdade é que ele se isola nos círculos religiosos, sociais e culturais mais conservadores.

Ambos são reflexos de uma sociedade que queria dar um aparato novo ao seu velho conservadorismo.

E que está vendo os sérios impasses dessa empreitada arriscada.

A empreitada de forçar a volta ao passado em pleno século XXI, resgatando velhos paradigmas econômicos, sociais, culturais e religiosos que fariam mais sentido no século XIX, mas que hoje soam desgastados, restritivos e decadentes.

Daí a crise que vemos com Temer. Daí a crise que veremos com os "espíritas".

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