(Por Demétrio Correia)
Sabe-se que o Espiritismo foi sistematizado por Allan Kardec através de mensagens e respostas trazidas por espíritos do além.
Ele consultou um número grande de médiuns, sem relação entre si e absolutamente discretos e quase anônimos.
Teve que examinar as mensagens atribuídas a espíritos ilustres. Rejeitou uma grande maioria, por verificar incoerências diversas.
Os diversos espíritos das mensagens que Kardec aproveitou teriam enviado mensagem sob a orientação de um espírito que se denominava, apenas, Espírito de Verdade.
Muitos atribuem o Espírito de Verdade a um pseudônimo de Jesus de Nazaré, mas tal afirmação seria equivocada, havendo apenas identidade de ideias e propósitos entre ambos, como pessoas afins.
A partir dessas mensagens, Kardec sistematizou a Doutrina Espírita, escrevendo ele mesmo textos que explicavam melhor tais ideias.
Houve até avisos, vindos dos espíritos Erasto e São Luís, de que o Espiritismo seria deturpado por oportunistas que desfigurariam a doutrina mediante as suas convicções igrejeiras.
A deturpação encontrou terreno fértil, o Brasil, que recebeu Jean-Baptiste Roustaing com entusiasmo para depois jogá-lo debaixo do tapete.
Quantos prestígios religiosos foram construídos através da vaidade, do arrivismo, do oportunismo e das conveniências, sob o aparato de belas palavras e suposta filantropia!
Agora que esses prestígios religiosos estão ameaçados, os "espíritas" reagem.
Eles agora estão reclamando da "hipocrisia" e "falsidade" dos outros.
Eles apelam bajulando o Espírito da Verdade, Erasto, Allan Kardec, Jesus de Nazaré, e o que vier de ativista, de cientista, de intelectual autêntico.
Fazem isso em causa própria, como deturpadores que precisam passar a imagem de "kardecianos autênticos".
E como seria o "Espírito da Pós-Verdade", numa ocasião dessas?
Seria alguém que falasse coisas sem nexo, mas cobrisse tudo com belas palavras.
Que falasse uma coisa hoje e outra amanhã, mas costurasse suas falácias com "apelos à fraternidade".
Fala em "colônia espiritual", sem haver estudos que comprovassem alguma concepção cogitável de mundo espiritual.
Evoca padres jesuítas o tempo todo, mas se "orgulha" em ser "fiel" ao cientificismo kardeciano.
Usa desculpas aqui e ali para dizer que "está certo".
Afinal, usa a falácia predileta: "Se eu pronuncio Deus e Jesus, então eu só posso estar certo".
Um engodo de ideias que se chocam umas com as outras e contrariam a realidade é coberto por palavras e imagens dóceis.
A pós-verdade é um fenômeno mundial, no qual a falácia tenta exercer supremacia sobre a verdade.
É como se o Contrassenso estabelecesse um monopólio e um poder sobre o Bom Senso.
É como se a capacidade de argumentar fosse usada tão somente para sustentar ideias incoerentes.
E o Brasil, a pós-verdade quer exercer poder absoluto, combinando o status de quem defende ideias incoerentes e sua teimosia em querer estar com a razão.
É como se quisessem inverter um ditado popular e dissessem: "razão se dá a quem não tem".
Duro saber que existem pessoas que insistem em argumentar o que não tem o menor senso de lógica, não aceitando questionamentos, por mais consistentes que estes sejam.
Comentários
Postar um comentário