(Por Demétrio Correia)
As pessoas ainda veem a caridade como uma ação subsidiária da instituição religiosa.
Pensam na bondade como mera propaganda de seus ídolos religiosos.
Quando falam em "bondade", se lembram mais do prestígio do ídolo religioso do que das necessidades dos miseráveis.
E aí aceitam que "médiuns espíritas" fiquem acusando populações pobres de terem sido tiranos em outras vidas.
"Esse grupo foi de antigos colonizadores, aquele, de patrícios romanos com sede de sangue".
Caem em contradição, como cai em contradição o "espiritismo" tão igrejista que professam.
No fundo, são pessoas elitistas escondidas em emergentes de classe média, alguns de classe média baixa.
Pessoas que tratam o povo pobre como animais domésticos ou selvagens, conforme as circunstâncias.
Um povo pobre que precisa ser "controlado" pela "vitoriosa caridade" do "médium" que deturpa violentamente o Espiritismo com devaneios igrejeiros, místicos e moralistas.
Ou que precisa "pagar pelo que fez" sob acusação leviana, baseada no "achismo" (os "espíritas" brasileiros são analfabetos em Ciência Espírita), de terem sido "tiranos" em "outras vidas".
E acham que "caridade plena" é só aquela que segue o rótulo de uma instituição religiosa.
Tentam desconversar, dizendo que "caridade é um dom de qualquer um, não precisa de dinheiro para se realizar".
Mas está na cara que essa "caridade" também é uma franquia da "empresa" religiosa.
É uma visão simplória, que nunca contribuiu para transformar a sociedade.
Até a falácia de que "o médium tal ajudou muita gente" é muito vaga, um relato motivado pela emoção, mas sem qualquer tipo de embasamento nem fatos concretos.
Há mais de 70 anos o "movimento espírita" faz "caridade" e, se isso fosse realmente algo sério, o Brasil teria melhorado de vez.
Pois o mito de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, cresceu, todos deram ouvidos a ele, não só os "espíritas", e o Brasil só piorou.
Divaldo Franco vai fazer turismo com o "dinheiro da caridade", fazer palestras para os ricos, e o Brasil na miséria. Deve ter muito "imperador romano" ou "colonizador europeu" vivendo nas favelas e roças, não é?
Hoje vivemos uma situação delicada e frágil, com o Brasil desgovernado por um grupo político de ideias retrógradas e prática irresponsável.
O "espiritismo" deturpou o legado de Kardec e disfarça sua desonestidade doutrinária com Assistencialismo, que é o que eles praticam de "caridade".
O Assistencialismo só atende a problemas de forma pontual, fraca, inexpressiva. É mais um "analgésico social" do que uma "intervenção cirúrgica" para resolver as desigualdades sociais.
O próprio "espiritismo" consente com as injustiças sociais.
Pede para os sofredores suportarem as desgraças e recomendam remédios de difícil solução que prejudicam a prática das qualidades individuais das pessoas.
E pedem ainda para perdoar os algozes nos seus abusos, dando a estes, porém, "moratória moral" (o "fiado espírita") para cometer suas atrocidades, que só serão "pagas" em outra encarnação.
Só isso influi na fraca caridade que os "espíritas" fazem.
É como naquela música de Oswaldo Montenegro: "o pescador que amava mais a rede do que o mar".
Uma "caridade" que exalta mais o "benfeitor", festejado demais pelo quase nada que fez.
E ele ainda se gaba: "o que eu não fiz é o que não pude", quando na verdade o que ele não fez é o que não quis fazer.
Ele fala para os ricos mas não cobra providências enérgicas. Ele vai lá só para elogiar as elites e dizer, falaciosamente, que "elas já ajudam o próximo".
Volta de mãos vazias, só com migalhas que irão para sua instituição de "caridade".
E depois fica alardeando aos quatro ventos seu "exemplo sublime de bondade e amor ao próximo".
E esse discurso é tão doce e tão emocionalmente fabricado que as pessoas o acolhem em aparente unanimidade.
O "benfeitor" vira um santo mais pelo seu prestígio do que pela ajuda que ele nada fez.
As pessoas entram num transe, num delírio coletivo, numa louvação e devoção desmedidas, quando lá fora os pobres veem os mantimentos que receberam da "caridade" se esgotarem rapidamente.
Muito pouca caridade é feita, quase nada, diante de tantos festejos, tanta ostentação, tanto alarde.
E os "médiuns" que fazem isso ainda se arrogam em se autoproclamarem "humildes".
Isso é um grande absurdo que as pessoas deveriam perceber.
Abrir mão da morbidez emotiva das paixões religiosas e deixar de nivelar a caridade ao pedestal que constroem para os "médiuns espíritas", convertidos a "velocinos de ouro" modernos.
Abrir mão do êxtase da fé cega, do fanatismo religioso, da falácia fácil das "belas mensagens espíritas", um êxtase tão doentio quando o do sexo selvagem e promíscuo.
Abrir mão da promiscuidade pior, a de misturar o cientificismo de Allan Kardec com o igrejismo viscoso de Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia.
Deve-se abrir mão de tudo isso e pensar a caridade despida de tantos deslumbramentos doentios.
Pois, enquanto se exalta o ídolo religioso, o necessitado continua sofrendo e suportando desgraças e tragédias.
Depois não dá para botar o preconceito debaixo do tapete e dizer que o outro sofre prejuízo porque "foi romano em outra vida".
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