(Por Demétrio Correia)
O "espiritismo" brasileiro tem raiz roustanguista.
A opção da Federação Espírita Brasileira em apreciar a obra de Jean-Baptiste Roustaing criou as bases da doutrina brasileira.
Isso se deu a ponto de forjar uma suposta psicografia de Allan Kardec pedindo apoio à "revelação da revelação" (subtítulo do livro roustanguista Os Quatro Evangelhos).
Hoje o "movimento espírita" tenta esconder esse passado.
Acha que uma árvore pode ter a raiz de uma planta e produzir os frutos de outra.
Deturpam o Espiritismo e acham que podem assumir os postulados originais de Allan Kardec.
Falam num "único espiritismo", o de Kardec, mas são eles mesmos que evocam paradigmas roustanguistas.
Escondem Roustaing nos porões da FEB, manuseado apenas pelo alto clero da federação, como se pudessem abrir mão do idealizador depois de herdar suas ideias.
Acham que, do "espiritismo" de raiz igrejeira, roustanguista, se pode gerar frutos puramente kardecianos.
E ainda falam em "rigoroso respeito" e "fidelidade absoluta" ao pensamento de Kardec.
Tomam como fontes traduções catolicizadas dos livros de Kardec (como as de Guillón Ribeiro e Salvador Gentile), que reduzem o pedagogo a um padre,
Aí fica moleza.
Dá para ser roustanguista, rejeitar Roustaing e dizer que "aprecia" o pensamento científico do Codificador.
Tudo na maior malandragem.
Raiz e frutos que não se assemelham.
Afinal, a raiz de uma árvore indica os frutos que ela deve gerar.
Se a raiz é de uma espécie e os frutos, de outra, então a coisa está errada.
Não existe "espiritismo" igrejista com frutos kardecianos.
O "espiritismo" que temos no Brasil é roustanguista. Queiram ou não queiram seus seguidores.
Roustaing é um nome incômodo, mas foi ele que forneceu os dogmas, ritos e paradigmas do "movimento espírita" até hoje.
Acredita em "colônia espiritual"? Agradeça a Roustaing.
Acredita em "crianças-índigo"? Agradeça a Roustaing.
Acredita num "espiritismo" com beatitude católica, rezando terços, orações católicas, superestimando a figura de Maria, Mãe de Jesus? Agradeça a Roustaing.
Se o "espiritismo" adota "passes" sem conhecer Franz Anton Mesmer e cria uma "mediunidade" de faz-de-conta porque falta concentração no "médium", isto é roustanguismo.
Não dá para dizer que "respeita rigorosamente" o legado de Allan Kardec.
Até porque dá preferência aos maiores deturpadores, Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.
Se você gosta de Chico Xavier e Divaldo Franco, não tem outra saída: você também gosta de Jean-Baptiste Roustaing.
E acha Allan Kardec chato de galocha.
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