(Por Demétrio Correia)
Uma das maiores incoerências do "movimento espírita" é a suposta chamada de espíritos diversos para um evento cultural.
Espíritos de diferentes procedências, de diferentes épocas, diferentes lugares.
De repente, atribui-se a todos eles, com surpreendente facilidade, a presença em um evento artístico numa "casa espírita".
Bom demais para ser verdade.
E isso, apesar de parecer lindo, é desprovido de lógica.
Não dá para reunir os supostos espíritos de diversas origens numa pintura mediúnica ou numa antologia poética.
Não dá para insistir nisso.
A lógica da vida, aqui na Terra, já nos explica de tamanha impossibilidade.
Lembre-se de pessoas de cerca de 40 anos quando tentam reunir colegas de escola da adolescência para uma festa de reencontro.
Suponhamos que eles queiram reunir a turma toda que havia cursado junta 30 anos atrás e que essa turma era composta de 40 alunos.
Seria fácil reunir todo mundo na festa? Não.
Há aqueles sem condições de deslocar para o local, por viverem longe. Outros, ocupados com suas famílias. E, em muitos casos, há os que já estão mortos.
Se reunir 15 pessoas na festa, já é muita coisa.
Imagine então reunir pintores de diferentes épocas e países, na forma de espíritos do além-túmulo.
Não há como reuni-los todos num evento de pintura mediúnica.
A "facilidade" com que se incluem um vasto elenco de pintores é bastante estranha, por si.
E não estamos falando em fraudes, como as pinturas não corresponderem aos estilos dos autores alegados e invariavelmente mostrar uma única caligrafia de assinatura, a do "médium".
Mas aí seria fazer os "espíritas" choramingarem de tantas "acusações cruéis" contra seus ídolos.
Tão ingênuos, eles, a aceitar como "autênticas" as falsas pictopsicografias que não refletem os estilos originais dos autores alegados e são até parecidas entre si.
Não sabem eles se que as fraudes constatadas, que envolvem até gente badalada como o baiano José Medrado, foram identificadas mediante análises objetivas e imparciais.
E a tese de que "falanges de pintores" se reúnem para tais eventos é inconsistente.
Mas mostra o quanto o "espiritismo" sempre está à procura de um "gado", de uma suposta coletividade submetida a um único destino.
E isso é desprezar a individualidade humana.
Afinal, há espíritos que deixam de ser pintores, há outros que vão para outros mundos e outros reencarnaram, é uma tarefa impossível reunir todos os pintores da forma que se supõe nas "casas espíritas".
A "facilidade" de "recolher" artistas aqui e ali, seja na pintura, na música ou na poesia - vide o caso de Parnaso de Além-Túmulo, de Chico Xavier - , é fictícia e não condiz com a lógica da realidade.
Além disso, em muitos casos o prazo de óbito é grande e variado demais para haver tamanha reunião, levando em conta, sobretudo, que boa parte dos "pintores do além" na verdade está reencarnada.
Isso mostra o quanto as pessoas deveriam abrir mão de fantasias religiosas.
A frustração de não ver pintores publicando novas obras faz com que as pessoas fiquem sedentas por "obras do além".
Só que elas não refletem os estilos originais dos pintores.
E há a frustração de não haver diferentes pintores coexistindo e convivendo juntos no plano espiritual.
Os "espíritas" vivem sonhando demais.
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