(Por Demétrio Correia)
Não adianta insistir. O Brasil não será Coração do Mundo.
Pátria do Evangelho? Que fantasia religiosa muito mal disfarçada em "desejo de solidariedade"!
"Mas foi Humberto de Campos quem disse", responderão alguns.
Não foi Humberto quem disse.
Aquele livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho nunca teria sido escrito por Humberto.
A linguagem em nada lembra a narrativa ágil, bem feita e descontraída que Humberto deixou em vida.
Mas lembra, em estilo, os depoimentos dados pessoalmente pelo "médium" Francisco Cândido Xavier, responsável material da obra.
Em parte, também lembra o estilo do presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, o que dá fortes indícios de que o livro teria sido escrito a quatro mãos por Chico Xavier e Wantuil.
O que faz mais sentido. Mas faz os chiquistas chorarem diante dessa revelação, pior do que dizer a uma criança que Papai Noel não existe.
Haja bebês chorões entre os marmanjões seguidores de Chico Xavier.
Eles querem ver o Brasil comandando o mundo politica e religiosamente.
Caíram naquela lorota do citado livro de Chico Xavier, mas irresponsavelmente atribuída a Humberto, de que haveria solidariedade e progresso humano no mundo, quando o Brasil exercesse a supremacia mundial.
Grande engano.
Tivemos exemplos de promessas assim que resultaram em cenários tragicamente desumanos.
O Império Bizantino já veio com esse papo de "comandar o mundo" e "promover a fraternidade".
Tivemos carnificinas terríveis, milhares de banhos de sangue, torturas e atrocidades terríveis, tudo para proteger a "santa influência" da "religião de Jesus" no planeta.
Foi a Idade Média na qual seus melhores alunos foram os jesuítas que foram catequizar os índios no Brasil.
Dos quais se incluiu o padre Manuel da Nóbrega, autoritário, escravista, machista e racista.
Ele retornou no "movimento espírita" como o espírito Emmanuel, a endossar toda aquela palhaçada ufanista que Humberto de Campos não teria coragem de escrever, mas foi responsabilizado.
O Brasil não vai, não pode e não deveria ser o "Coração do Mundo" e a "Pátria do Evangelho".
Primeiro, porque supremacia de nações no mundo só revela cenários de horror e muitas injustiças, para não dizer atrocidades e tragédias.
O nazismo alemão é uma prova do que o comando de um país pode trazer.
Temos também o império capitalista dos EUA, patrocinador da fome de milhões de cidadãos, e de golpes que banharam de sangue muitos países subdesenvolvidos.
"Mas o projeto do Coração do Mundo é só fraternidade, tem que entender a mensagem antes de falar uma coisa dessas", diria algum ingênuo.
Só que o caso da Catolicismo medieval, quando Roma e Constantinopla (hoje Istambul) mandavam no mundo, ninguém falava em cruzadas e torturas para combater a influência dos hereges.
Havia também um discurso "fraterno", da "união em Cristo", da promoção da "paz" e da "solidariedade".
O que se combateu eram apenas os "obstáculos" para o caminho da "purificação das almas".
O perigo do projeto Brasil Coração do Mundo é esse.
Fala-se em "solidariedade", em "mundo-irmão", na "paz entre os povos", mas se esquecem que existe um "outro lado", e ele não será combatido com "conversa" e "luz".
Fala-se em "expansão do Espiritismo" como se falava, em outros tempos, do crescimento da Igreja Católica.
E isso nem é uma profecia de Allan Kardec, mas de Jean-Baptiste Roustaing.
(Pausa para mais lágrimas dos adeptos de Chico Xavier: "lembrança do nome de Roustaing, de tão tristes recordações no passado")
Ainda vamos explicar esse projeto de neocatolicismo de Roustaing.
A verdade é que o projeto do Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho é multiplamente equivocado.
Fala-se na supremacia de um país, uma área materialmente delimitada, um território que quer dominar simbolicamente outros territórios.
Fala-se na supremacia religiosa, de converter outras crenças para a "crença espírita", que se impõe como a "mais perfeita" e "a mais equilibrada".
Diante disso, quem for contra corre o risco de ser eliminado.
E os "espíritas" gostam de ver sangue derramando.
Prova disso são os juízos de valor que falam em "resgates espirituais" e "reajustes morais", tratando as vítimas como "culpadas".
Mas há também o outro aspecto para o Brasil não ser Coração do Mundo.
A retomada ultraconservadora do cenário sócio-político do ano passado.
Nesta retomada, o Brasil perde a chance de protagonismo e vira, mais uma vez, capacho dos EUA.
Tende a aumentar ainda mais a desnacionalização da Economia, vendendo suas riquezas para os estrangeiros.
Como o pré-sal. Sempre o Brasil vendendo riquezas para estrangeiros, como se reconstituísse o pau-brasil que nunca foi inteiramente nosso.
Um Brasil culturalmente fraco, politicamente confuso, economicamente injusto, não vai comandar o concerto das nações.
E do jeito que estão ocorrendo convulsões sociais, também não há como promover a fraternidade.
A única coisa que vamos ver, portanto, é que as lágrimas dos chiquistas aumentarão em 2019.
São uns bebês chorões.
Comentários
Postar um comentário