(Por Demétrio Correia)
Como a Teologia do Sofrimento chegou ao "movimento espírita"?
Se você não é daqueles que tratam essa hipótese como "ridícula", porque o "espiritismo" é "só amor e bondade", deve entender por quê.
Afinal, muitas das pregações "espíritas" falam de aceitação das dificuldades extremas como se fizesse apologia das desgraças humanas.
Ao sofredor, os "espíritas" dizem: "aceite o sofrimento", "perdoe seu algoz nos abusos cometidos", "na pior das angústias ouça o canto dos passarinhos" etc.
Aparentemente, a Teologia do Sofrimento ficou confinada em alguma corrente radicalmente conservadora do Catolicismo.
Mas ela foi defendida por Madre Teresa de Calcutá, a festejada "santa" que se revelou depois maltratar os pobres e doentes mantidos em condições sub-humanas em suas "casas de caridade".
A ideia é ver o acúmulo de desgraças humanas um caminho para as bênçãos futuras.
No imaginário popular, temos a expressão "Quanto pior, melhor".
No moralismo conservador da meritocracia, há uma expressão em inglês que vale mais pela rima: "No pain, no gain" ("Sem dor, sem ganho").
A Teologia do Sofrimento era originária da Idade Média e se inspirava numa abordagem grotesca do martírio de Jesus de Nazaré.
Como Jesus tornou-se a personalidade mais prestigiada do mundo moderno, seu calvário e sua condenação na cruz tornaram-se símbolos desse "sofrimento que diviniza".
E aí passou-se a defender a desventura das desgraças humanas como uma "aventura a caminho do Paraíso".
Houve uma produção de consenso no período medieval para que a desgraça fosse vista como o "caminho da Salvação".
Ela foi deixada de lado com o declínio da Idade Média, quando vieram visões mais humanistas contrárias ao flagelo humano.
Mas no século XIX a Teologia do Sofrimento voltou à tona com a jovem Teresa de Lisieux, que chegava a se "extasiar", dizem, com o próprio sofrimento.
No século XX, foi Madre Teresa de Calcutá que passou a defender essa corrente católica medieval.
E no Brasil?
País marcado por dissimulações, não há um grande líder católico que defendesse abertamente a Teologia do Sofrimento.
Quem defende são algumas personalidades pontuais e menos conhecidas do grande público.
Mas estudos extra-oficiais mostram que a Teologia do Sofrimento teve, sim, seu maior propagandista.
Aparentemente, não foi um católico, no sentido institucional do termo.
Mas um beato católico, de crenças e ritos ortodoxos e até medievais, que depois se autoproclamou "espírita".
O propagandista da Teologia do Sofrimento foi Francisco Cândido Xavier.
Ele mesmo: Chico Xavier. E com suas próprias palavras.
Ele pregou que o sofredor deveria "sofrer sem mostrar sofrimento" e muitos de seus apelos, associados direta ou indiretamente a seu nome (quando no caso de ditadas por Emmanuel), refletem o ideário da Teologia do Sofrimento.
"Não questiones", "trabalhe e ore", "ore e confie", são alguns desses apelos.
Chico Xavier chegava a dizer para a pessoa olhar a natureza quando estivesse sofrendo o pior dos horrores.
Imagine dizer a alguém preso num campo de concentração nazista para ele olhar para o céu azul tão lindo. Pois é.
A Teologia do Sofrimento é a glamourização da desgraça humana.
E, no "espiritismo", tem o tempero especial: o mito da vida espiritual e da reencarnação, usados como pretexto para permitir que alguém desperdice uma encarnação acumulando desgraças.
Como se fosse maravilhoso jogar fora cerca de 80 anos de vida, ou talvez bem menos, porque na próxima vida "se recomeçará tudo de novo".
Não, não vai.
Existe reencarnação, existe. Mas toda encarnação é única.
Ninguém vai fazer numa encarnação o que deixou de fazer na anterior.
Há muitos anos de distância entre o fim de uma encarnação e a fase adulta da encarnação posterior.
E, diante disso, muitas coisas mudam e as pessoas que reencarnam mudam completamente seus papéis sociais.
Seria portanto um desrespeito defender que se jogue fora uma encarnação porque na próxima "se começará tudo de novo".
A Teologia do Sofrimento desconhece isso, e o "espiritismo", que ignora a individualidade humana (que acha pura frescura), acha que é fácil alguém sofrer demais.
Como diz outro ditado: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".
Mas aguentar a ardência da pimenta no globo ocular é uma questão de fé?
Os pregadores "espíritas" é que nunca sofreram na vida para conhecer as desgraças do outro. Essa é a verdade.
Como a Teologia do Sofrimento chegou ao "movimento espírita"?
Se você não é daqueles que tratam essa hipótese como "ridícula", porque o "espiritismo" é "só amor e bondade", deve entender por quê.
Afinal, muitas das pregações "espíritas" falam de aceitação das dificuldades extremas como se fizesse apologia das desgraças humanas.
Ao sofredor, os "espíritas" dizem: "aceite o sofrimento", "perdoe seu algoz nos abusos cometidos", "na pior das angústias ouça o canto dos passarinhos" etc.
Aparentemente, a Teologia do Sofrimento ficou confinada em alguma corrente radicalmente conservadora do Catolicismo.
Mas ela foi defendida por Madre Teresa de Calcutá, a festejada "santa" que se revelou depois maltratar os pobres e doentes mantidos em condições sub-humanas em suas "casas de caridade".
A ideia é ver o acúmulo de desgraças humanas um caminho para as bênçãos futuras.
No imaginário popular, temos a expressão "Quanto pior, melhor".
No moralismo conservador da meritocracia, há uma expressão em inglês que vale mais pela rima: "No pain, no gain" ("Sem dor, sem ganho").
A Teologia do Sofrimento era originária da Idade Média e se inspirava numa abordagem grotesca do martírio de Jesus de Nazaré.
Como Jesus tornou-se a personalidade mais prestigiada do mundo moderno, seu calvário e sua condenação na cruz tornaram-se símbolos desse "sofrimento que diviniza".
E aí passou-se a defender a desventura das desgraças humanas como uma "aventura a caminho do Paraíso".
Houve uma produção de consenso no período medieval para que a desgraça fosse vista como o "caminho da Salvação".
Ela foi deixada de lado com o declínio da Idade Média, quando vieram visões mais humanistas contrárias ao flagelo humano.
Mas no século XIX a Teologia do Sofrimento voltou à tona com a jovem Teresa de Lisieux, que chegava a se "extasiar", dizem, com o próprio sofrimento.
No século XX, foi Madre Teresa de Calcutá que passou a defender essa corrente católica medieval.
E no Brasil?
País marcado por dissimulações, não há um grande líder católico que defendesse abertamente a Teologia do Sofrimento.
Quem defende são algumas personalidades pontuais e menos conhecidas do grande público.
Mas estudos extra-oficiais mostram que a Teologia do Sofrimento teve, sim, seu maior propagandista.
Aparentemente, não foi um católico, no sentido institucional do termo.
Mas um beato católico, de crenças e ritos ortodoxos e até medievais, que depois se autoproclamou "espírita".
O propagandista da Teologia do Sofrimento foi Francisco Cândido Xavier.
Ele mesmo: Chico Xavier. E com suas próprias palavras.
Ele pregou que o sofredor deveria "sofrer sem mostrar sofrimento" e muitos de seus apelos, associados direta ou indiretamente a seu nome (quando no caso de ditadas por Emmanuel), refletem o ideário da Teologia do Sofrimento.
"Não questiones", "trabalhe e ore", "ore e confie", são alguns desses apelos.
Chico Xavier chegava a dizer para a pessoa olhar a natureza quando estivesse sofrendo o pior dos horrores.
Imagine dizer a alguém preso num campo de concentração nazista para ele olhar para o céu azul tão lindo. Pois é.
A Teologia do Sofrimento é a glamourização da desgraça humana.
E, no "espiritismo", tem o tempero especial: o mito da vida espiritual e da reencarnação, usados como pretexto para permitir que alguém desperdice uma encarnação acumulando desgraças.
Como se fosse maravilhoso jogar fora cerca de 80 anos de vida, ou talvez bem menos, porque na próxima vida "se recomeçará tudo de novo".
Não, não vai.
Existe reencarnação, existe. Mas toda encarnação é única.
Ninguém vai fazer numa encarnação o que deixou de fazer na anterior.
Há muitos anos de distância entre o fim de uma encarnação e a fase adulta da encarnação posterior.
E, diante disso, muitas coisas mudam e as pessoas que reencarnam mudam completamente seus papéis sociais.
Seria portanto um desrespeito defender que se jogue fora uma encarnação porque na próxima "se começará tudo de novo".
A Teologia do Sofrimento desconhece isso, e o "espiritismo", que ignora a individualidade humana (que acha pura frescura), acha que é fácil alguém sofrer demais.
Como diz outro ditado: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".
Mas aguentar a ardência da pimenta no globo ocular é uma questão de fé?
Os pregadores "espíritas" é que nunca sofreram na vida para conhecer as desgraças do outro. Essa é a verdade.
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