(Por Demétrio Correia)
Humberto de Campos NÃO está associado, em nenhum momento, a Francisco Cândido Xavier.
Não adianta insistir.
Comprovadamente, Humberto de Campos nem de longe estabeleceu algum vínculo ou parceria com Chico Xavier.
Declaração de católicos revoltados? De acadêmicos tomados de "paixões obsessivas"?
Não. A constatação é feita sem ódio e com o mais puro espírito de isenção.
Quando dissemos que Humberto de Campos nunca esteve por trás das supostas psicografias que levam seu nome, isso é fruto de paciente análise e avaliação completamente imparcial.
Confrontamos os livros que Humberto de Campos produziu em vida, mesmo os de publicação póstuma, com os da suposta psicografia que levam seu nome.
Lemos os textos das duas bibliografias, com o máximo de atenção, sem o comodismo emocional daqueles que leem só por um ligeiro entretenimento.
Constatamos, mediante análise bastante cautelosa e paciente, que os estilos das duas bibliografias são completamente diferentes.
As "semelhanças" existentes são aquelas semelhanças típicas de pastiches, paródias ou plágios, que não atestam veracidade em si.
Não são as semelhanças que garantem a veracidade, mas a inexistência de alguma diferença que indique contradição ou outro tipo de deslize.
E as diferenças entre a obra de Humberto de Campos e a do suposto espírito são gritantes.
Não há desculpa que possa comprovar que o autor maranhense resolveu escrever num estilo totalmente diferente.
A tese é, logicamente, improcedente.
Avaliações mostram as diferenças graves da obra de Humberto com a do "espírito Humberto".
No primeiro caso, vemos uma narrativa ágil, culta mas bastante acessível, descontraída, como se o autor estivesse conversando com o leitor.
O Humberto de Campos que esteve entre nós era, segundo estudiosos em Literatura Brasileira, um parnasiano quase modernista.
Tinha um texto muito bem escrito, com uma linguagem impecável, com temáticas diversas.
Mesmo quando a religião era abordada, não havia apelos igrejeiros. Como num conto sobre o menino Jesus, em O Monstro e Outros Contos, que mostrava a tristeza de Jesus em ser proibido de brincar com os amigos porque era "menino Deus".
E o "espírito Humberto de Campos"?
Um estilo totalmente diferente. A narrativa era muito pesada, não raro com parágrafos longos demais. Linguagem pretensamente culta, mas rebuscada e prolixa. O texto era deprimente de tão melancólico.
A prosa do "espírito Humberto" lembrava mais a de um pároco de igreja do que a de um membro da Academia Brasileira de Letras. E o texto, embora pretensamente erudito, tinha sérios vícios de linguagem.
O advogado dos herdeiros de Humberto, Milton Barbosa, identificou até cacófatos, como "que cada" ("quicada") e "chama Maria" ("mamária"), que o autor nunca escreveria.
A obra fala por si só.
Quando uma obra, com toda semelhança que possa apresentar, apresenta algum aspecto contraditório, a autoria alegada não pode ser considerada verídica.
A obra do "espírito Humberto de Campos" apresenta muitas contradições e diferenças sérias em relação ao legado do autor maranhense.
Concluímos então que Humberto nem chegou perto de Chico Xavier e não escreveu uma vírgula que se atribui ao nome do autor nem ao paródico pseudônimo Irmão X.
O agravante é que as semelhanças de estilo são poucas, mas muitas são as diferenças que contradizem qualquer hipótese de veracidade.
Não são as "mensagens positivas" que garantem a veracidade de uma obra.
Lembremos sempre do ditado popular: "De boas intenções...".
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