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"Espíritas" se esquecem que são vítimas de "fascinação"


(Por Demétrio Correia)

Os "espíritas" brasileiros possuem uma triste peculiaridade.

São tomados de sentimentos igrejistas, de uma emotividade piegas e de uma concepção igrejeira de moral e caridade, como se a bondade fosse um subproduto da Religião.

Acham natural a catolicização da Doutrina Espírita, mesmo quando se põe em risco a validade lógica dos postulados de Allan Kardec.

A desculpa de que a deturpação do Espiritismo não põe em risco os "ensinamentos cristãos" deixa todos muito tranquilos.

E o "espiritismo" brasileiro publica uma avalanche de contradições que ameaçam o legado kardeciano e as pessoas nem se preocupam.

O endeusamento dos supostos médiuns, que por si mesmos já corrompem e distorcem a atividade mediúnica dos tempos de Kardec, é um sintoma muito grave.

Sabe-se que os médiuns, na época de Kardec, eram pessoas discretas, quase anônimas, existiam em pequena quantidade porque a atividade era muitíssimo específica.

Não se vangloriavam com pretensos messianismos, não bancavam os dublês de intelectuais, não se passavam por ativistas sociais nem ambicionavam ser ídolos religiosos.

Eles apenas recebiam e divulgavam as mensagens dos mortos e voltavam para suas vidas particulares, sem alarde.

No Brasil, porém, o "médium" foi tomado de total "culto à personalidade", algo nunca assumido por causa do verniz de "humildade" associado à atividade.

Não bastasse o caráter duvidoso das mensagens recebidas, que menos dizem das personalidades dos mortos do que da propaganda religiosa, há toda uma mística de adorações e vaidades dos "médiuns".

Uma das mensagens recebidas por um médium a serviço de Kardec foi do espírito Erasto, que havia sido discípulo de Paulo de Tarso, conhecido pelos católicos pela imagem mítica de São Paulo.

Ele havia advertido com detalhes sobre a deturpação da Doutrina Espírita.

O Brasil não lhe deu ouvidos, e hoje vemos "médiuns" transformados em semi-deuses, com legiões de fanáticos e uma blindagem da grande mídia e da Justiça da Terra.

Não há irregularidade de um suposto médium "espírita" que encoraje um juiz a lançar uma investigação severa e uma condenação contra ele.

Uma das poucas vezes que houve isso, envolvendo Francisco Cândido Xavier em 1944, devido ao caso Humberto de Campos, resultou num banho de lágrimas.

Os chorosos seguidores, assustados, em lágrimas copiosas e piegas e em lamentos gaguejantes, pediam "misericórdia" ao "bondoso médium".

Poucos percebem e quase ninguém admite, mas os seguidores de Chico Xavier vivem um tipo já considerado perigoso de obsessão.

A obsessão chamada "fascinação".

Por ironia, logo endeusando um suposto médium que falava em "desobsessão", desde que fosse para os outros, não para si.

A constatação de que a adoração a Chico Xavier, e, por associação, a Divaldo Franco, José Medrado, João de Deus etc, é "fascinação" não é coisa de quem tem raiva do "trabalho do bem".

É só ler os livros de Allan Kardec.

Ele descreve a "fascinação" como um tipo grave, embora não o mais grave, de obsessão.

A "fascinação" tem, pelo menos, gravidade suficiente para se preocupar e ficar alerta.

Ela consiste no deslumbramento e na submissão a um mistificador, embora essa submissão não transformasse as pessoas em escravas do seu ídolo.

Aparentemente, essas pessoas ainda têm plena consciência de seus atos e vontades próprios, mas estabelecem uma adoração cega e exagerada ao ídolo em questão.

Mas o perigo está nessa forma de idolatria, porque ela, no caso de se tornar extrema, se torna "subjugação", da qual falaremos noutra oportunidade.

Acomodados nos vícios do deslumbramento religioso, tomado emprestado do Catolicismo, as pessoas não percebem esse processo obsessivo.

Mesmo as pessoas que questionam a deturpação da Doutrina Espírita pela catolicização, a complacência em relação a Chico Xavier reflete um caso de fascinação obsessiva.

A "bondade" serve de fachada, assim como o discurso enfeitado de palavras bonitas.

A invigilância das pessoas permite a rendição a esse ídolo religioso de trajetória tão confusa e sombria.

E ninguém percebe essa armadilha que é a fascinação obsessiva, uma cicuta (ou "chicuta") de sabor muito doce.

Mas isso não é difícil de entender.

Costuma-se dizer que os devotos de Chico Xavier são tomados de "energias elevadas" e "profundo equilíbrio espiritual".

Todavia, é só contrariá-los em um ponto, o mínimo que for, para essas "energias" e esse "equilíbrio" se revelarem uma grande ilusão.

Tudo se dissolve como pó. Os seguidores de Chico Xavier passam a se espumar de raiva, depois de tanta choradeira.

Reagem com argumentos delirantes de que Chico Xavier está sendo "perseguido", que está havendo "inquisição" (logo os "espíritas", tão medievais), ódio ao "trabalho do bem" etc.

Alguns até se controlam, dizem ao interlocutor que ele "está alterado",  e falam até que ele "está obsediado".

Mas obsediados são os seguidores de Chico Xavier.

Uns já nem se controlam, espumam de raiva e disparam comentários muito agressivos.

Ficam loucos, viram feras, reagem com ódio contra os contestadores de Chico Xavier.

Daí o caráter obsessivo, que se comprova totalmente.

E revela o quanto o "espiritismo" brasileiro é tomado de tão gravíssimos equívocos.

De que adianta dizer que tem "fidelidade absoluta" e "respeito rigoroso" à obra de Kardec se na prática age o contrário?

Daí cair em erros e deslizes que já haviam sido advertidos na obra do Codificador, como a armadilha terrível da "fascinação".

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