(Por Demétrio Correia)
Há, no "espiritismo" brasileiro, a crença de supostas cidades no mundo espiritual, chamadas de "colônias espirituais".
Elas dispõem de estruturas urbanas, embora de maneira mais "idealizada", com prédios mais modernos e estrutura ecológica mais abrangente.
Embora os "espíritas" afirmem que tais cidades existem, essa tese contraria severamente o pensamento de Allan Kardec.
Ele nunca afirmou existência de "colônias espirituais" e dizia não haver sequer uma tese plausível que pudesse supor algum indício das mesmas.
Passou-se o tempo e Kardec continua valendo, pois não há um estudo sequer que pudesse dar algum indício real de "colônia espiritual".
O que se vê no "espiritismo" são ideias especulativas, garantidas pelo prestígio religioso a partir do suposto médium Francisco Cândido Xavier.
Foi Chico Xavier que lançou o livro Nosso Lar, em 1943.
Mas a verdade é que a "cidade" de Nosso Lar, supostamente situada sobre o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, nunca passou de pura ficção.
E, o que é pior, copiada de um livro de um reverendo protestante de dons paranormais, o inglês George Vale Owen.
O reverendo Owen lançou o livro A Vida Além do Véu (The Life Beyond the Veil), em 1913.
Nessa obra - cujo formato em vários volumes lembra Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing - , se fala de uma suposta cidade espiritual no além-túmulo.
O livro foi lançado em 1920 na tradução brasileira da FEB. Carlos Imbassahy, o pai, traduziu o livro, a título de oferecer o debate sobre o mundo espiritual, mesmo quando Kardec rejeita a tese das "colônias espirituais".
O próprio Imbassahy era do grupo "científico", que via dúvidas nessa tese.
Mas aí, três décadas depois, Chico Xavier lança um trabalho parecido, só que num único volume e com alguns arranjos locais.
Há as dicas do presidente da FEB e dublê de empresário do "médium", Antônio Wantuil de Freitas, para a obra se tornar um sucesso.
Há as convicções igrejeiras do próprio Chico Xavier, católicas e não protestantes, como era o caso do reverendo Owen.
E havia sugestões do então menino-prodígio, Waldo Vieira, que iniciava contatos com o ídolo Chico Xavier e era fã de ficção científica, para dar um tom "futurista" à obra.
E há também citações roustanguistas, aproveitadas em várias passagens de Nosso Lar.
Portanto, Nosso Lar não é uma obra da doutrina de Allan Kardec.
Kardec, com sua honestidade intelectual, afirmava que não haviam estudos que sequer supusessem que as "colônias espirituais" pudessem existir.
Ele não fazia a menor ideia de como era o mundo espiritual. Só admitia sua existência, mas afirmava carecer de estudos científicos para definir como esse mundo era.
E até hoje nenhum estudo científico trouxe qualquer suposição de "colônia espiritual" ou coisa parecida.
Mas como Chico Xavier era arrivista e virou ídolo religioso graças às manobras da FEB e, mais recentemente, virado um quase-deus com uma "pequena ajuda" da Rede Globo, tudo isso se deixou passar.
Houve uma "médium" que desenhou até mapas e, caprichando na especulação que mais parece passatempo astrológico, delimitou até as "colônias" que pairariam sobre cada região do Brasil.
É tomar a ficção como algo mais realista que a realidade.
E isso é irresponsável, pouco importando as alegações "fraternais" que aparentemente estão em jogo.
Porque não há bondade que torne a desonestidade intelectual mais honesta.
Desonestidade é desonestidade. E não se ajuda o próximo enganando os outros com ideias fora de coerência.
Nessa obra - cujo formato em vários volumes lembra Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing - , se fala de uma suposta cidade espiritual no além-túmulo.
O livro foi lançado em 1920 na tradução brasileira da FEB. Carlos Imbassahy, o pai, traduziu o livro, a título de oferecer o debate sobre o mundo espiritual, mesmo quando Kardec rejeita a tese das "colônias espirituais".
O próprio Imbassahy era do grupo "científico", que via dúvidas nessa tese.
Mas aí, três décadas depois, Chico Xavier lança um trabalho parecido, só que num único volume e com alguns arranjos locais.
Há as dicas do presidente da FEB e dublê de empresário do "médium", Antônio Wantuil de Freitas, para a obra se tornar um sucesso.
Há as convicções igrejeiras do próprio Chico Xavier, católicas e não protestantes, como era o caso do reverendo Owen.
E havia sugestões do então menino-prodígio, Waldo Vieira, que iniciava contatos com o ídolo Chico Xavier e era fã de ficção científica, para dar um tom "futurista" à obra.
E há também citações roustanguistas, aproveitadas em várias passagens de Nosso Lar.
Portanto, Nosso Lar não é uma obra da doutrina de Allan Kardec.
Kardec, com sua honestidade intelectual, afirmava que não haviam estudos que sequer supusessem que as "colônias espirituais" pudessem existir.
Ele não fazia a menor ideia de como era o mundo espiritual. Só admitia sua existência, mas afirmava carecer de estudos científicos para definir como esse mundo era.
E até hoje nenhum estudo científico trouxe qualquer suposição de "colônia espiritual" ou coisa parecida.
Mas como Chico Xavier era arrivista e virou ídolo religioso graças às manobras da FEB e, mais recentemente, virado um quase-deus com uma "pequena ajuda" da Rede Globo, tudo isso se deixou passar.
Houve uma "médium" que desenhou até mapas e, caprichando na especulação que mais parece passatempo astrológico, delimitou até as "colônias" que pairariam sobre cada região do Brasil.
É tomar a ficção como algo mais realista que a realidade.
E isso é irresponsável, pouco importando as alegações "fraternais" que aparentemente estão em jogo.
Porque não há bondade que torne a desonestidade intelectual mais honesta.
Desonestidade é desonestidade. E não se ajuda o próximo enganando os outros com ideias fora de coerência.
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